Troca de Acilon por Carmelo Neto deixará PL do Ceará à imagem e semelhança de Jair Bolsonaro
Ala ideológica, que chegou ao partido em 2021, desbanca o pragmatismo do prefeito do Eusébio e fica com controle do partido
Ainda nesta quarta-feira (22), o presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, deve anunciar o novo presidente da legenda no Estado. O líder do partido em âmbito estadual será Carmelo Neto, enquanto o André Fernandes seguirá a frente da sigla em Fortaleza.
O anúncio oficial vai pôr fim a uma rotina de distanciamento, desavenças e especulações sobre os bastidores do PL no Ceará. O clima azedo começou quando, após a filiação do ex-presidente Jair Bolsonaro à legenda, em novembro 2021, o grupo de parlamentares ligados a ele se filiou ao partido e começou a ter de se relacionar com o então presidente Acilon Gonçalves.
O prefeito do Eusébio liderava um grupo pouco – ou nada - ideológico na legenda. Até então, o partido era considerado do centrão, dando sustentação aos governos petistas no Ceará e apoiando a eleição de José Sarto (PDT) em 2020.
A ala bolsonarista fazia, até ontem, inúmeras críticas e reclamações sobre a condução do partido no Estado, que agora passa a ser totalmente dominado pelos líderes ligados a Bolsonaro no Ceará.
O ponto alto dos desentendimentos foi a cassação da chapa de deputados estaduais do partido eleita no ano passado. Os aliados do ex-presidente jogam no colo de Acilon Gonçalves a responsabilidade pelas falhas que deram margem para os processos na Justiça Eleitoral.
Acilon vai deixar a legenda com seu grupo político. Enquanto isso, Valdemar Costa Neto costura um acordo para que André Fernandes seja o candidato a prefeito de Fortaleza pelo partido, enquanto Carmelo Neto será o presidente estadual.
O PL, é bom lembrar, detém a maior fatia do chamado fundão eleitoral que dará capilaridade para que o partido possa crescer em âmbito municipal. Entretanto, internamente, a maior parte das lideranças do partido no Interior são ligadas a Acilon e ao deputado federal Júnior Mano, outro que é visto sem entusiasmo pelos correligionários bolsonaristas.
Será um desafio para André e Carmelo a montagem do partido e das alianças de maneira robusta para o embate eleitoral do próximo ano.