Tiros de Moro atingem o Palácio do Planalto

Um presidente da República que tenta intervir politicamente na Polícia Federal, pede para ter acesso a relatórios de investigação, quer saber sobre inquéritos que tramitam no STF contra pessoas ligadas a ele e que forjou uma demissão "a pedido".

Em resumo, continham essas explosivas mensagens/denúncias as balas disparadas, ao vivo, em rede nacional, pelo agora ex-ministro Sérgio Moro, contra o presidente Jair Bolsonaro.

Independente da versão do presidente Bolsonaro, os tiros atingem o peito do governo e produzem, sem dúvida, a maior crise política que Bolsonaro enfrenta desde que assumiu o governo em janeiro do ano passado.

As acusações são gravíssimas. É difícil lembrar de um episódio em que um auxiliar, investido do cargo, tenha submetido a autoridade máxima do País a uma situação tão comprometedora.

A artilharia põe em xeque a credibilidade do presidente, mas atinge em cheio a narrativa que parecia blindada de uma ala de apoiadores de Bolsonaro que tinha foco no combate à corrupção como mantra e a autonomia dos ministros.

Na verdade, o discurso que elevou o capitão à patente de presidente tinha três pilares: "antissistema", "combate implacável aos corruptos" e "liberal na economia". As três premissas, que nunca acompanharam Bolsonaro em sua trajetória política antes de chegar ao planalto, viraram uma grande interrogação.

Moro, por sua vez, não tinha opção após o episódio em que o presidente exonerou Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal sem nem mesmo comunicá-lo. Que Moro iria sair, estava claro. Mas que sairia atirando, pegou o núcleo do governo de surpresa.



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