STJ nega habeas corpus a vereador ligado a 'Bebeto do Choró' investigado por esquema criminoso

Francisco Geovane é acusado de integrar organização que lavava dinheiro com apoio político e empresarial no interior do Ceará

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
(Atualizado às 10:02)
Legenda: Mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos pela Polícia Federal em Fortaleza
Foto: Divulgação/ PF

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do vereador de Canindé, Francisco Geovane Gonçalves, investigado por envolvimento no esquema criminoso liderado pelo empresário Maurício Gomes Coelho (“MK”), apontado como “laranja” do ex-prefeito cassado de Choró, Carlos Alberto Queiroz, o “Bebeto do Choró”, foragido desde 2024. A decisão mantém o afastamento do parlamentar por 180 dias, determinado pela Justiça Estadual.

Na decisão, a ministra Maria Marluce Caldas entendeu que há fortes indícios de uso do cargo público para favorecer práticas ilícitas, incluindo lavagem de dinheiro e ocultação de valores desviados por meio de empresas de fachada ligadas ao grupo de “MK”. O vereador teria movimentado mais de R$ 1,4 milhão com a empresa MK Serviços em Construção e Transporte Escolar Ltda., suspeita de funcionar como canal de repasses ilegais e contratos fraudulentos com prefeituras.

 

Segundo as investigações do Ministério Público do Ceará (MPCE), o vereador compõe o núcleo político da organização criminosa, que também envolve o chefe da facção Guardiões do Estado (GDE) na região, Francisco Flávio Silva Ferreira, o “Bozinho”, e outros 15 denunciados. A quadrilha é acusada de atuar em quatro frentes: execução de crimes violentos, lavagem de dinheiro, manipulação de licitações e ocultação de patrimônio por meio de “laranjas”.

Movimentações milionárias

O grupo teria movimentado milhões de reais entre 2021 e 2024, com contratos públicos simulados em municípios do interior cearense. As investigações apontam ainda que o vereador Geovane teria nomeado familiares de “MK” como assessores, reforçando o vínculo político e financeiro com o grupo.

A ministra do STJ manteve o afastamento ao considerar que o retorno do parlamentar ao cargo representaria risco de interferência na coleta de provas e na continuidade das investigações. A decisão ainda determina que o Ministério Público Federal seja ouvido sobre o mérito do habeas corpus.

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