A prefeitura de Fortaleza teve, nos seis primeiros meses deste ano, uma frustração de receitas no valor de R$ 100 milhões. Na linguagem da gestão pública, o termo significa algo que estava previsto de ser arrecadado, mas não entrou efetivamente nos cofres.
O montante significativo foi revelado pelo prefeito José Sarto (PDT) em sua participação no Seminário de Gestores Públicos - Prefeitos Ceará 2021, promoção do Diário do Nordeste.
A queda tem gerado desconforto na gestão municipal, conforme demonstrado pelo prefeito ao abordar o assunto na presença de outros prefeitos cearenses.
Neste momento, há um crescimento do gasto público, principalmente, na segunda onda da pandemia da Covid-19. A crise exigiu esforço alto do município até pela própria natureza da necessidade de assistência hospitalar com pacientes internados por mais dias.
Queda de repasses
Some-se a esta realidade, a queda abrupta de repasses do Governo Federal para a Saúde, segundo as palavras do gestor municipal.
A título de comparação, Sarto citou o que foi enviado no ano passado pela União para o combate à pandemia, um valor aproximado de R$ 470 milhões.
R$ 10 milhões
Foi o valor enviado pelo Governo Federal a Fortaleza neste ano, menos de 5% do total, do ano passado após seis meses.
Uma exigência maior aos cofres municipais e um impacto nas demais áreas da gestão pública.
Sarto tem reiterado que recebeu a Prefeitura do antecessor e seu aliado, Roberto Cláudio (PDT) com as contas em dia, entretanto, a frustração de receita, a queda nos repasses federais e novas necessidades como a campanha de vacinação da população criaram um cenário a exigir uma perícia fiscal maior ao Município.
Acomodação de aliados
Eleito em uma coligação com 10 partidos, não tardou para os pedidos de aliados baterem à porta. As demandas são principalmente de vereadores, que dão ampla maioria ao Executivo na Câmara Municipal.
O apoio garantiu, por exemplo, a aprovação da reforma da Previdência municipal.
Em reunião recente com a base aliada, o prefeito pediu paciência em relação ao atendimento das demandas, tendo como justificativa, justamente, a frustração de receitas e os altos custos com a Saúde Pública para o momento de pandemia.