Em entrevista a uma rádio de São Paulo na noite desta quarta-feira (15), o ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou da explosão de gastos com o pagamento de precatórios prevista para 2022. E complementou: vai beneficiar estados governados pela oposição, entre eles o Ceará que tem, segundo o ministro, R$ 4 bilhões a receber.
Os outros dois estados apontados pelo ministro são Bahia (R$ 10 bilhões) e Pernambuco (R$ 2 bilhões). A elevação dos precatórios ocorre por conta de ações judiciais que se arrastam desde 2002.
A bronca do ministro é que após passarem os governos Lula, Dilma e Temer, o pagamento cai no colo do governo Bolsonaro em um ano eleitoral.
O ministro chegou a levantar uma hipótese de uma possível "politização da Justiça". "Evidente que não vou achar. Não posso acreditar nisso, mas eu tenho que pedir ajuda ao Supremo", disse.
Para o ministro, estas contas são de outros governos. Os altos custos inviabilizam o novo Bolsa Família, que o governo Bolsonaro quer chamar de Auxílio Brasil.
Dívidas da União
É importande destacar que as dívidas da União com precatórios não são de governos A ou B. São do ente nacional e, mais cedo ou mais tarde, têm que ser pagas.
Após uma longa batalha judicial, entes públicos e privados têm o direito de receber.
A segunda questão é que em uma jogada política, o ministro tentou levar ao Congresso a proposta de reajuste do Auxílio Brasil, que tem um visível apelo eleitoral para 2022, atrelada a uma PEC muito criticada pelo mercado que propõe rolar os precatórios.
Com extrema dificuldade de articulação com Congresso Nacional e STF, o governo Bolsonaro sofre não apenas nesta matéria.
E, por fim, o ministro - e o governo - pode até ter outros motivos para reclamar de uma possível "politização judicial". Entretanto, neste caso, não há razão, tendo em vista que a maioria dos governadores brasileiros são oposição a Bolsonaro.
Talvez, o problema mesmo é a politização de tudo neste governo.