Léo Suricate: um "sobrevivente" na tribuna da Assembleia

Posse de suplente chama atenção pela quebra de protocolo e revela a distância entre o formalismo parlamentar e a vida real na periferia

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
(Atualizado às 12:24)
Legenda: Jovem de periferia e destaque do humor nas redes: Léo Suricate vai passar quatro meses no exercício do mandato
Foto: Júnior Pio/Alece

A posse do suplente Léo Suricate (Psol) na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (12), escreveu o protocolo e revelou mais que um novo nome no plenário. Vindo da periferia de Fortaleza e do típico humor cearense nas redes sociais, o deputado estreou com um discurso feito de emoção e marcado pela própria trajetória: “Eu sobrevivi, passei dos 29 anos… o Estado não foi feito pra nós”. 

Entre tropeços na leitura do juramento e frases diretas ao público como quando, em dificuldade de ler, soltou “É isso negrada, pelo menos um meme vai ter”, Léo expõe, sem filtros, a distância entre o formalismo do parlamento e a realidade de boa parte da população que ele agora representa.  

Aos 33 anos, o novo deputado simboliza parte de uma mudança de perfil na política cearense e brasileira: jovem, periférico, de linguagem popular e com forte conexão com o mundo digital. 

O episódio ilustra uma mudança no Legislativo estadual, que, aos poucos, passa a refletir mais a diversidade social, racial e cultural do Ceará. Uma presença que, a despeito de qualquer ruído protocolar, traz novas vozes para debates ainda restritos a poucos.