Lentidão federal ameaça planos de Elmano para a duplicação de estradas no Ceará

Historicamente, o Estado do Ceará sofre com obras bilionárias e intermináveis sob responsabilidade do governo federal

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Legenda: Duplicação da BR-222 está em andamento desde 2019, em uma lentidão inexplicável
Foto: Divulgação

O governador Elmano de Freitas planeja transformar a infraestrutura do Ceará com a duplicação de trechos das BRs 222, 116 e 020, além do avanço na Ferrovia Transnordestina. A ambição é fortalecer as conexões logísticas e atrair investimentos para o estado, mas a execução desse plano esbarra em um desafio crônico: a lentidão e a ineficiência que marcam as obras públicas federais. Sem uma articulação firme, o governador corre o risco de ver seus projetos ficarem no papel. 

O caso da BR-222 exemplifica bem o problema. Iniciada há mais de quatro anos, a duplicação de um pequeno trecho até o Pecém avança lentamente, prejudicada por falta de recursos e entraves licitatórios, ao longo da gestão de três presidentes diferentes, se levarmos em conta o projeto.  

Apesar dos R$ 264 milhões recém-destinados pela bancada cearense para o novo trecho, o ritmo da obra ainda não reflete a urgência dessa infraestrutura para o estado. O mesmo ocorre com a Ferrovia Transnordestina, que se arrasta há quase duas décadas sem previsão concreta de conclusão. O novo prazo dado foi até 2027. 

Embora o governo estadual tenha prometido contrapartidas financeiras, a solução depende de uma articulação eficaz com o governo federal. Órgãos como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) precisam acelerar a execução dos projetos, mas até mesmo obras prioritárias, como o trecho da BR-116 entre Pacajus e Boqueirão do Cesário, segue em fase inicial aguardando assinatura de ordem de serviço. 

Lentidão histórica 

A dependência do Ceará em relação à eficiência federal é evidente e histórica. Os atrasos das obras refletem uma visão centralizadora que prioriza estados com maior influência política no Congresso, deixando regiões como o Nordeste à margem de investimentos estratégicos. Essa postura resulta em um ciclo de paralisações e prazos intermináveis, prejudicando o desenvolvimento estadual. 

Para cumprir suas metas, Elmano terá que ser mais incisivo. Além de destinar recursos estaduais, precisará pressionar o governo federal de forma estratégica e constante, mobilizando a bancada cearense para destravar obras vitais. Sem esse esforço, a lentidão burocrática continuará comprometendo os projetos e as expectativas da população. 

O cenário exige mais do que discursos. O Ceará não pode mais tolerar atrasos que comprometem seu crescimento econômico e social. Cabe ao governador adotar uma postura combativa, cobrando resultados e denunciando a ineficiência federal, se necessário. Apenas assim poderá transformar planos ambiciosos em um legado concreto para o estado.