Governismo e oposição começam a mover as peças para o jogo de 2022

O sistema eleitoral brasileiro, que obriga o eleitor a ir às urnas a cada dois anos, enseja uma lógica política própria, em que as disputas estão inteiramente entrelaçadas. Um pleito abre os horizontes do próximo. E 2020, um ano atípico, abriu os caminhos para a empreitada emblemática de 2022, na qual estarão em disputa os principais cargos da hierarquia política nacional. No Ceará, feito o rescaldo de tudo o que foi o pleito de novembro, com suas perdas e ganhos, as atenções estão voltadas para daqui a dois anos, e todos os passos dados pelos agentes políticos agora miram o futuro eleitoral não tão distante.

O grupo governista local vive situação peculiar para o próximo pleito, motivo de reflexões. Primeiro, é bom que se diga: segue hegemônico com folga. Os principais partidos do arco de aliança do governador Camilo Santana (PT) passam de 170 prefeitos eleitos de um total de 184. Mas, paradoxalmente, começam aí os desafios de 2022.

A base aliada é composta por um núcleo volumoso mais ligado a Camilo, Cid e Ciro Gomes (PDT), considerado mais "fiel", por assim dizer. E também por grupos menores que estão sob comando de líderes aliados, mas que exigem atenção na articulação.

Na compreensão de membros qualificados da própria base, o momento político exige compreensão do cenário e cuidado em cada peça movida no xadrez. A dificuldade é contemplar na medida certa.

Neste cenário, dois grupos chamam atenção: o liderado pelo ex-vice-governador Domingos Filho, cujo partido, o PSD, elegeu 27 prefeitos e outra boa quantidade de vices. E aquele que está sob o comando de Acilon Gonçalves, do PL, prefeito de Eusébio, com 13 gestores municipais eleitos. Estes detém influência de, pelo menos, 40 prefeituras, algumas de peso, como Eusébio, Aquiraz, Itaitinga, Tauá, Iguatu e Jaguaribe.

Oposição

Trata-se de dois personagens aliados do comando do grupo governista, mas que mantêm na liderança um pragmatismo que inspira cuidados para que se mantenha o grupo intacto. A avaliação é de que a oposição, que saiu forte das urnas em 2020, com municípios como Caucaia, Maracanaú e Juazeiro do Norte, pode ganhar corpo caso consiga reunir mais apoios.

Capitão Wagner (Pros) e Eduardo Girão (Podemos) são dois líderes que saem com potencial político considerável para o confronto de 2022.

Nomes governistas

O governismo, entretanto, tem uma série de cartas na manga que podem puxar no momento do ataque. As urnas impuseram um nome muito evidente em 2020: o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT). Eleito e reeleito, conseguiu fazer o sucessor e conclui uma gestão com legado que pode lhe servir mais adiante.

Roberto, nos bastidores, é nome forte para a sucessão de Camilo, talvez o mais robusto para o momento, mesmo que desconverse ao falar do assunto no momento.

E o governador?

Camilo Santana, pelo menos com o observado até agora, faz uma gestão que tem boa avaliação popular, tendo sido decisivo em algumas campanhas de 2020, como em Fortaleza. Camilo está construindo uma sucessão tranquila. Emplacou nome na presidência da Assembleia - Evandro Leitão (PDT) é próximo dele - outro na vice-presidência, Fernando Santana (PT), que dispensa comentários.

A sucessão da Assembleia, aliás, envolve uma série de movimentos governistas que têm um pé neste ano e outro daqui a dois anos. Há, entretanto, outros contextos que podem ser lançados. A conferir.



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