O resultado das urnas no primeiro turno na eleição em Fortaleza colocou em saia-justa dois dos principais partidos da Capital: PDT e o União Brasil. Os partidos, que tiveram José Sarto e Capitão Wagner como candidatos, estão vivendo um momento de impasse político, com lideranças divididas e incerteza sobre o futuro.
Até o início das eleições, as duas legendas eram cotadas até para ganhar a Prefeitura, mas tiveram desempenho eleitoral muito abaixo do esperado. Passado o primeiro turno, ambas declararam neutralidade e liberaram os seus filiados. Entretanto, a clara e polêmica divisão de apoios entre André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) forçou lideranças nacionais a se manifestarem em Fortaleza.
PDT: da hegemonia ao racha
O PDT, à frente da prefeitura desde 2013, sofreu um baque com a eliminação de Sarto já no primeiro turno, o que agravou as tensões internas, acentuadas desde o rompimento com o PT em 2022. Agora, sem candidato no segundo turno, o partido se vê dividido: uma ala apoia André Fernandes (PL), da direita bolsonarista, enquanto outra sustenta Evandro Leitão (PT), aliado de Lula.
O racha expõe uma crise mais profunda no PDT, que há tempos vinha unido em torno do projeto do grupo que controla a Prefeitura de Fortaleza. Em meio à migração de pedetistas à campanha de Fernandes, Carlos Lupi, presidente nacional licenciado do partido e ministro da Previdência, declarou apoio a Evandro.
A dispersão atual revela uma crise de identidade, que exigirá um realinhamento para manter sua relevância política no Ceará.
União Brasil: desempenho e crise de Wagner
O União Brasil também vive um momento de tensão. Capitão Wagner, que liderou as pesquisas por parte da campanha, terminou em quarto lugar, resultado que abalou capital político do partido. Internamente, há uma divisão entre o apoio a Fernandes e Leitão, mesmo o partido, no Estado, mantendo uma linha mais à direita.
A derrota levantou dúvidas sobre o futuro da sigla, tendo em vista que, nacionalmente, a legenda apoia o governo Lula. A vinda ao Ceará de Elmar Nascimento, deputado federal pela Bahia e pré-candidato à Presidência da Câmara, trouxe o recado de apoio a Leitão e jogou luz sobre as divergências internas, tendo em vista que Wagner, o presidente estadual, apoia Fernandes.
Pressão das lideranças nacionais
Tanto no PDT quanto no União Brasil, lideranças nacionais têm apoiado Evandro Leitão, sinalizando a aproximação com o governo Lula. Essa interferência demonstra a importância das articulações nacionais para garantir protagonismo nas disputas futuras.
Enquanto o PDT busca sobrevivência política no campo da centro-esquerda, o União Brasil já olha para a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, tentando manter relevância em nível nacional.
Este conteúdo é útil para você?