O candidato do União Brasil ao governo do Estado, Capitão Wagner, tem respondido com naturalidade às constantes perguntas sobre o apoio do presidente Jair Bolsonaro à sua candidatura e, evidentemente, sobre a reciprocidade. Há naturalidade no discurso de Wagner, mas há também desconforto.
Neste início de campanha, há mais interrogações do que respostas sobre isso e os questionamentos vão continuar.
As respostas do candidato às indagações sempre deixam claro que na coligação há outros candidatos a presidente. Entretanto, nenhum dos outros postulantes tem a simbologia de um presidente da República.
É evidente que a relação entre os dois estará presente na campanha. Até porque o PL, de Bolsonaro, tem a vice na chapa de Wagner.
Recentemente, em entrevista a este colunista, Raimundo Gomes de Matos, que integra a chapa do candidato do União Brasil, disse estar tentando trazer a primeira-dama da República, Michele Bolsonaro, para fazer campanha no Ceará. Diante das recentes colocações de Wagner, entretanto, é preciso indagar se o candidato quer mesmo proximidade com a família presidencial.
Na primeira semana de campanha, Capitão Wagner já teve de enfrentar situações de embates em relação ao assunto. A mais eloquente partiu do deputado estadual André Fernandes, um dos apoiadores mais próximos de Bolsonaro no Ceará.
Ele fez críticas ao candidato do União Brasil por ter elogiado o ex-presidente Lula e colocou em dúvida o apoio de Wagner a Bolsonaro. Além disso, há, nos bastidores, um desconforto de outros bolsonaristas com a situação.
Quando Wagner diz que quer tratar, na campanha, de assuntos do interesse da população cearense, tais como Educação, Saúde e Segurança, tem razão. Em parte.
A campanha eleitoral é o momento de o eleitor saber também quais as posições dos candidatos sobre a conjuntura local e nacional. Sobre os apoiamentos e as parcerias que ele pretende formar para governar um estado com quase 9 milhões de habitantes.
Ao responder desta maneira, o parlamentar parece querer se esquivar de uma posição que está nítida na própria chapa que lidera. O PL, de Bolsonaro, repito, tem a vaga de vice. Por isso, os questionamentos sobre o presidente irão se repetir.
Há questões bem práticas: na última visita de Bolsonaro ao Ceará, o presidente fez a mais eloquente sinalização de apoio ao candidato do União Brasil: "Se Brasil tem problema, chama o capitão; se Ceará tem problema, chama o capitão". Esta citação, porém, não foi reproduzida nem nas redes sociais de Capitão Wagner.
O candidato ao governo faz questão de destacar que é aliado de Bolsonaro, mas que não irá assumir a posição de apoio mais forte que os bolsonaristas querem. Essa posição dúbia valerá a ele ainda muitas perguntas sobre o tema. Até que fique mais clara a sua posição.