Em discurso no fim da manhã desta sexta-feira (13), em evento no Cariri, o presidente Jair Bolsonaro ao fazer a saudação ao deputado federal Capitão Wagner (Pros) declarou, mesmo que indiretamente, um apoio a uma possível candidatura de Wagner ao governo do Estado na eleição do ano que vem.
“O Brasil já tem um capitão. Eu acho... Eu acho, não! Eu tenho certeza que o Ceará também terá um capitão no ano que vem”, disse o presidente, ao chamar o parlamentar de “velho companheiro”.
A relação de apoiamento dos dois vive em uma corda bamba. Em 2018, Wagner apoiou a candidatura de Bolsonaro. No ano passado, Bolsonaro retribuiu o apoio na postulação de Wagner a prefeito de Fortaleza. Ao longo da campanha, entretanto, o parlamentar resolveu adotar uma postura mais cautelosa em relação ao apoio do presidente.
Capitão Wagner já anunciou a pré-candidatura ao Governo do Estado no ano que vem.
Bolsonaro também fez comentários sobre outros cearenses que estavam presentes e até sobre outros que não estavam, como o governador Camilo Santana, adversário político do presidente.
Segundo Bolsonaro, o comandante da Força Nacional de Segurança, que é cearense, é “um cabra da peste”. Segundo o Bolsonaro, o militar, que esteve fardado no evento, “está sempre pronto, a qualquer hora, a cumprir as mais difíceis missões para os brasileiros”. “É o velho Aginaldo”, brincou o presidente.
O coronel, bom lembrar, é esposo da deputada federal Carla Zambelli (PSL/SP) uma das maiores apoiadoras do presidente Bolsonaro no Congresso Nacional. Os dois, inclusive, vêm com certa frequência ao Ceará.
O presidente se referiu ao deputado cearense como um “irmão em cristo”. Um grande amigo. “Sempre um bom companheiro nas horas de aflição. Obrigado por existir, Jaziel”.
O parlamentar é evangélico e um dos cearenses mais próximos do Palácio do Planalto. No início do mandato, Jaziel dividia apoio entre o governo Camilo e o de Bolsonaro, porém, se afastou dos aliados estaduais no ano passado.
Jaziel é esposo da deputada estadual Dra. Silvana, outra apoiadora de Bolsonaro na Assembleia Legislativa. Para Bolsonaro, uma “aliada de primeira hora”.
“Dificilmente, vamos ter um político que não passou por situações antagônicas. Raramente, vamos encontrar um político que não tenha sido aplaudido ou vaiado. Isso faz parte”. A fala do presidente foi após anunciar o nome do parlamentar e ouvir vaias.
Pedro Bezerra é deputado federal da região e filho do ex-prefeito Arnon Bezerra, derrotado por Glêdson Bezerra na eleição do ano passado.
Antes de citar o nome do parlamentar, Bolsonaro fez um riso irônico, mas em sequência tentou alivar para o parlamentar.
“Um velho amigo”, declarou Bolsonaro. Na Assembleia Legislativa do Ceará, Cavalcante tem sido um dos maiores defensores de Bolsonaro e do governo federal.
Tem ido com frequência a Brasília e tem pautado o mandato, principalmente, em defender o presidente.
“Mais novo, mas também muito atuante”, diz o presidente sobre o parlamentar mais jovem da Assembleia Legislativa.
Fernandes é próximo de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, e tem demonstrado ter livre acesso ao Palácio do Planalto. Ele acompanhou a comitiva presidencial desde Brasília.
“Eu comecei minha carreira política como vereador no meu estado, o Rio de Janeiro. Na sua Capital. Olha a importância de um vereador. O vereador pode ser o início de uma grande carreira política. E está aqui conosco o jovem vereador Carmelo Neto”.
Carmelo foi eleito, aos 18 anos, pelo Republicanos para o primeiro mandato como vereador da Capital. Ele foi outro que acompanhou desde Brasília a comitiva presidencial. Carmelo iniciou militância antes dos 15 anos.
“Deixei por último por ser o mais importante. Glêdson Bezerra”, disse Bolsonaro ao pronunciar errado o nome do prefeito. A citação gerou aplausos da plateia, evidentemente, formada por apoiadores do gestor, o que explica em parte as vaias a Pedro Bezerra.
“Sabemos dos seus princípios. Já foi policial militar e civil também. Ele sabe muito bem o que é estar do lado certo. E agora como prefeito, ele falou uma coisa. Eu sempre ouvi os candidatos dizerem que iriam combater a corrupção, mas poucos seguem com esse propósito depois das eleições. A forma que o povo lhe trata, mostra que a cidade está em boas mãos”, complementou.
“Atendemos no ano passado, 68 milhões de pessoas com o auxílio emergencial. Isso equivale a 13 anos de Bolsa Família. Por que fizemos isso? Porque governadores como este daqui, mandou fechar o comércio. Decretou lockdown, confinamento e toque de recolher. Os mais humildes foram a quase miséria. E essas medidas, além de impensadas, foram mal recebidas pela população. Isso é mais do que maldade, é um ato criminoso”.
As críticas tinham ocorrido na última vinda de Bolsonaro ao Ceará em fevereiro deste ano. Mais uma vez, no Cariri, houve descumprimento as regras do decreto estadual em vigor no Ceará.