Após eleição polarizada, Evandro faz acenos para ampliar apoios no início do governo
Prefeito discursou falando em "união" e "portas abertas" e formou um governo com indicações de vários segmentos
Empossado prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT) inicia sua gestão ciente da necessidade de ampliar as costuras políticas. Sua eleição foi apertada, decidida por pouco mais de 10 mil votos contra André Fernandes (PL), o que reforça a divisão expressiva entre os eleitores. Desde que foi eleito, Leitão tem feito gestos para agregar apoios e desarmar tensões.
No discurso de posse, o novo prefeito enfatizou compromissos com uma cidade “mais igualitária e menos desigual” e prometeu uma gestão de “portas abertas, independente das ideologias”. Não foi só retórica: Leitão já deu mostras de que está disposto a ampliar os apoios. A convocação de vereadores que não integraram sua chapa, como Márcio Martins (União), para o secretariado, e a inclusão de nomes indicados pelo PDT – partido do ex-prefeito José Sarto –, são movimentos nesse sentido.
O gesto de diversificar a composição do governo demonstra não apenas pragmatismo político, mas também a tentativa de evitar embates desnecessários, especialmente com a Câmara Municipal, onde a fragmentação ideológica é notória. A fala de Leitão sobre o diálogo com o Legislativo é outra sinalização de que pretende fazer algo diferente do antecessor, alvo de críticas frequentes dos parlamentares.
A pequena diferença de votos no segundo turno deixou evidente que Fortaleza está dividida. Leitão, ao falar em “união”, tenta superar resistências de grupos que não o apoiaram. Será um desafio equilibrar pragmatismo político com a capacidade de entregar resultados que convençam os eleitores – e esse é o ponto principal.
A estratégia de Evandro Leitão tem sentido, mas o teste está apenas começando. A complexidade típica de metrópoles como Fortaleza, que irá se apresentar ao longo da gestão, mostrará na prática a capacidade do novo gestor.