Agressões a Marina Silva envergonham o Senado e revelam desarticulação do governo Lula
Senadores armaram uma emboscada política a uma ministra de Estado, e a base do governo fraquejou

A sessão desta terça-feira (27), na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, escancarou duas realidades políticas constrangedoras: de um lado, o desrespeito institucional e pessoal a uma ministra de Estado, Marina Silva; de outro, a total desarticulação política do governo Lula no Congresso Nacional.
O triste roteiro foi marcado por agressões verbais, ataques pessoais e uma tentativa deliberada de desmoralizar uma das figuras públicas mais respeitadas do país e no exterior. Marina enfrentou a agressividade misógina praticamente sozinha. E isso não é apenas lamentável, mas também revelador.
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Emboscada política no lugar do debate democrático
A ministra do Meio Ambiente foi interrompida, hostilizada e atacada com insinuações que ultrapassam qualquer limite aceitável em um espaço democrático.
A cena mais lembrava uma emboscada política do que um debate institucional. E é preciso dar nome aos bois: Marcos Rogério (PL-RO), Plínio Valério (PSDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM) foram os agressores da ministra.
O Senado e o festival de machismo institucional
O Senado, autoproclamado como “Câmara Alta” da República, agiu de forma rasteira. Fez um convite a um membro do Poder Executivo para armar um ambiente que lembrava um tribunal inquisitório, onde não se buscava esclarecimentos, mas humilhação.
Em vez de ponderação e compromisso com o interesse público, vimos gritos, provocações e um festival de machismo institucional, um retrato preocupante da decadência política que contamina o Legislativo brasileiro.
O silêncio da base e o abandono de Marina Silva
Não tão grave, mas sintomática foi a conivência passiva da base governista, que se calou diante da violência simbólica promovida por senadores que exploraram a fragilidade do governo no Parlamento.
Quem salvou Marina do abandono político foi a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O governo federal, no entanto, não mobilizou sua base, não blindou sua ministra e tampouco reagiu à altura dos ataques.
Em um momento em que o Brasil deveria exercer liderança ambiental diante da crise climática no País e no mundo, Marina foi deixada à própria sorte. Isso vai além da falta de articulação: é um sinal de desmoralização.
Não é sobre Marina. É sobre o projeto de governo
Não se trata de proteger uma pessoa, mas de defender um projeto, uma agenda que o próprio governo anuncia como prioritária, mas que a prática mostra o contrário. Quando se permite o desrespeito à titular da pasta ambiental, o que se comunica é que o discurso ambientalista é apenas retórico.
A ausência de reação compromete a credibilidade do governo, tanto internamente quanto no cenário internacional, onde Marina tem autoridade que poucos no país carregam.