A Gol lançou na segunda-feira (18) mais uma pintura especial em aeronave: o modelo #MeuVooCompensa. É a partir de então, na minha opinião, a aeronave mais bonita da companhia e pudemos cobrir com exclusividade para o Ceará no seu complexo Gol Aerotech no aeroporto de Confins (Internacional de Belo Horizonte).
De um lado, a estampa de #MeuVooCompensa em branco. Na outra face, contornos de árvores que remetem à preservação da natureza.
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Para muito além da beleza do tema, a aeronave de tons verdes passa uma inequívoca ideia de ambição inadiável por sustentabilidade. Na ocasião, as expressões mais proferidas pelo Time da Gol eram: compensação de emissões, sustentabilidade, pegada de carbono, crédito de carbono, SAF (combustível sustentável de aviação), reciclagem, dentre outras, tudo feito num clima de leveza e bom humor.
A companhia aérea afirma estar comprometida com o compromisso de zerar as emissões até 2050 e garante que tem buscado compensar a pegada de carbono de seus voos. A descarbonização é tema prioritário.
A companhia espera reduzir suas emissões através de alguns vetores bastante alinhados com a estratégia da IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos):
• Renovação da frota: 737-max 8 emite 15% menos gases que a geração anterior 737-800 NG, já são 39 modelos, 30% da frota disponível.
• 3% de redução de emissões através de otimização de rotas junto às autoridades de controle de tráfego aéreo.
• Medidas baseadas no mercado, como a compensação voluntária de carbono pelos clientes: 18%.
• Utilização de SAF para compensar até 64% de emissões.
Quanto ao quesito de SAF, a Gol está atenta ao projeto de lei (PL) Combustível do FuturO, enviado ao Congresso, que prevê, a partir de 2027, cotas crescentes do uso do combustível sustentável misturado ao querosene convencional de aviação.
A ideia é fazer algo semelhante aos Estados Unidos. A partir de 2024, será obrigatório no país ter 2% de SAF na composição. O volume será aumentado continuamente até compensar totalmente as emissões em 2050, segundo a IATA.
Os 737-max da Boeing “já são totalmente adaptados a operar com o blend” (mistura), conceito de Drop-in, algo como “só adicionar” e voar: o max é uma espécie de carro flex que consegue operar com misturas de gasolina ou álcool, querosene e/ou querosene/SAF.
O SAF hoje custa ainda três vezes mais caro que o combustível convencional, mas terá no ganho de escala, certamente, uma estratégia de redução de custos.
A campanha #MeuVooCompensa da Gol existe desde 2021, parceria entre a GOL e a climatech Moss, disponibilizando de forma pioneira na América Latina, aos Clientes, a possibilidade de eles compensarem voluntariamente a sua pegada de carbono individual deixada por cada viagens.
Os valores de compensação dependem da duração do voo e têm valores iniciais a partir de R$ 7,00, o que representa um valor totalmente acessível ao passageiro já conscientizado com a descarbonização.
Em agosto último, a GOL anunciou para este mês de setembro o início das operações piloto de compensação de combustível sustentável de aviação (SAF) por meio do sistema Book & Claim.
O tema é recente na indústria da aviação e em outros segmentos da economia e se vale no fato de que, como o Brasil ainda não produz o SAF em escala, a Gol paga para que outras companhias voem com o combustível sustentável.
Assim, o modelo Book & Claim permite que uma empresa se aproprie dos créditos de carbono gerados por outra organização que já utiliza a energia renovável. “Como nós não temos o SAF no Brasil e, trazê-lo até aqui, geraria emissão de carbono, nós pagamos pelo SAF para que seja utilizado em companhias americanas, por exemplo. Assim, nos apropriamos dos créditos de carbono e abatemos das nossas emissões”, disse Andrea Piagentini, gerente de marketing do Grupo GOL Smiles.
Questionada sobre as compensações gerarem mais custos à Gol, uma colaboradora da aérea disse que, "com a estratégia, a Gol ajuda todo o ecossistema de SAF a se desenvolver, no mundo inteiro, estimula que mais atores produzam SAF, garantindo demanda".
A empatia com o planeta é de fato louvável e pode rentabilizar a companhia em atrair comercialmente os clientes mais comprometidos com a causa.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
O colunista viajou a convite da Gol.