Participação cearense dentro do esperado, mas é preciso massificar

Confira a coluna desta sexta-feira (16)

Legenda: Vittoria Lopes, atleta cearense
Foto: Gaspar Nóbrega/COB

Terminados os Jogos Olímpicos de Paris 2024, a participação do quinteto cearense no evento pode ser considerada dentro do esperado: destaque para o 8º lugar de Vittória Lopes e Manoel Messias como integrantes da equipe mista do triatlo, melhor resultado brasileiro na modalidade desde que ela passou a fazer parte do programa olímpico há 24 anos (também participaram o paulista Miguel Hidalgo e a catarinense Djenyfer Arnold).

Manoel Messias no ciclismo
Legenda: O cearense Manoel Messias participou do triatlo misto do Brasil
Foto: Luiza Moraes / COB

Outro destaque foi Matheus Lima nos 400 metros com barreiras, chegando à semifinal da prova. O resultado ficou dentro do esperado para o cearense de apenas 21 anos, mas vale ressaltar que, se ele tivesse se aproximado da melhor marca dele na carreira, teria ido à final (o segundo classificado da bateria dele passou com 48s34, mas o brasileiro tem 48s31 como melhor marca pessoal). Participando do revezamento 4x400m, ele não passou das eliminatórias, resultado normal.

Matheus Lima
Legenda: Atleta cearense, Matheus Lima tem apenas 21 anos
Foto: Wander Roberto/COB

Também estiveram dentro do esperado Thiago Monteiro cair na 1ª rodada de simples e na 2ª rodada de duplas, encarando cabeças-de-chave em ambas; bem como a seleção brasileira de handebol – de Adriana Doce - parar nas quartas diante da tetracampeã mundial Noruega, que chegaria ao tri olímpico em Paris.

Adriana Doce no jogo Brasil x Espanha
Legenda: Adriana Doce em jogo pelas Olimpíadas de Paris
Foto: Aris MESSINIS / AFP

De se lamentar apenas a infelicidade de Vittória Lopes na prova individual triatlo, que sofreu uma queda no início do ciclismo, quando estava entre as líderes da prova – acabou em 25ª. E a colocação de Manoel Messias, que terminou em 45ª.

Se a fotografia do desempenho cearense ficou, em geral, dentro do esperado, o filme das participações olímpicas do Estado, em comparação com nossos vizinhos nordestinos, é ruim. O ge.globo publicou um ranking de medalhas olímpicas por estado em todos os tempos, e o Ceará aparece como o último do Nordeste, com apenas as três pratas do vôlei de praia (Shelda em Sydney 2000 e Atenas 2004, e Márcio em Pequim 2008).

Formar atletas de alto rendimento não é uma ciência exata, tampouco fazer com que eles cheguem a uma Olimpíada e em condições de disputar medalhas. Contudo, a receita adotada por países de ponta no quadro de medalhas olímpico passa por forte investimento na massificação do esporte, proporcionando lazer e inclusão social às crianças e adolescentes por meio da prática esportiva nas escolas.

A massificação do acesso às várias modalidades, aliada a manutenção de equipamentos esportivo multiuso – não apenas campos de futebol – e ao fornecimento de condições para que os professores de educação física possam detectar talentos e incentivá-los a seguir carreira no esporte ajudariam o Ceará a formar futuros campeões e, fundamentalmente, cidadãos melhores.

RÁPIDAS

Brasil aquém do esperado

A meta do Brasil em Paris 2024 era ganhar mais do que as 21 medalhas de Tóquio 2020. Assim, é inegável que os 20 pódios de Paris provam que o desempenho do País ficou abaixo do esperado. Esportes como vela e natação passaram em branco, o boxe ganhou menos medalhas do que se esperava, e alguns esportes que nunca subiram ao pódio e nos quais havia boas expectativas, como tênis de mesa, tiro com arco, ginástica rítmica e canoagem slalom, seguiram zerados.

Número de ouros também abaixo

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) não costuma expor metas de medalhas de ouro, mas não dá para negar que o número de apenas três títulos ganhos em Paris frustrou um pouco. O País passou longe de repetir o recorde de sete ouros da Rio 2016 e de Tóquio, e não alcançou nem mesmo as cinco medalhas douradas de Atenas 2004. 

Vem aí a Paralimpíada!

Paris 2024 ainda não acabou. A partir do dia 28, começam os Jogos Paralímpicos, com o Brasil como uma das potências mundiais. Na próxima semana, nossa coluna será dedicada ao evento, que terá quatro cearenses: três atletas (Edênia Garcia, na natação; Maciel Santos, na bocha; e Eugênio Franco, no tiro com arco); e um atleta-guia (Henrique Barreto, no atletismo).

O ciclo de LA já começou

A preparação dos nossos atletas para a Olimpíada de Los Angeles 2028 já começou. Nesta sexta, 16, tem Luisa Stefani nas quartas de duplas do WTA 1000 de Cincinatti de tênis; a partir de segunda, 19, o basquete feminino brasileiro disputa o Pré-Mundial em Ruanda; na terça, 20, a WSL retorna com a etapa de Fiji e os medalhistas olímpicos Gabriel Medina, Tati Weston-Webb e Ítalo Ferreira; e na quarta, 21, começa o Elite 16 d e Hamburgo de Vôlei de Praia, com a cearense Rebecca em quadra. O Bolha Olímpica publicou o calendário esportivo até o fim do ano.