Terminados os Jogos Olímpicos de Paris 2024, a participação do quinteto cearense no evento pode ser considerada dentro do esperado: destaque para o 8º lugar de Vittória Lopes e Manoel Messias como integrantes da equipe mista do triatlo, melhor resultado brasileiro na modalidade desde que ela passou a fazer parte do programa olímpico há 24 anos (também participaram o paulista Miguel Hidalgo e a catarinense Djenyfer Arnold).
Outro destaque foi Matheus Lima nos 400 metros com barreiras, chegando à semifinal da prova. O resultado ficou dentro do esperado para o cearense de apenas 21 anos, mas vale ressaltar que, se ele tivesse se aproximado da melhor marca dele na carreira, teria ido à final (o segundo classificado da bateria dele passou com 48s34, mas o brasileiro tem 48s31 como melhor marca pessoal). Participando do revezamento 4x400m, ele não passou das eliminatórias, resultado normal.
Também estiveram dentro do esperado Thiago Monteiro cair na 1ª rodada de simples e na 2ª rodada de duplas, encarando cabeças-de-chave em ambas; bem como a seleção brasileira de handebol – de Adriana Doce - parar nas quartas diante da tetracampeã mundial Noruega, que chegaria ao tri olímpico em Paris.
De se lamentar apenas a infelicidade de Vittória Lopes na prova individual triatlo, que sofreu uma queda no início do ciclismo, quando estava entre as líderes da prova – acabou em 25ª. E a colocação de Manoel Messias, que terminou em 45ª.
Se a fotografia do desempenho cearense ficou, em geral, dentro do esperado, o filme das participações olímpicas do Estado, em comparação com nossos vizinhos nordestinos, é ruim. O ge.globo publicou um ranking de medalhas olímpicas por estado em todos os tempos, e o Ceará aparece como o último do Nordeste, com apenas as três pratas do vôlei de praia (Shelda em Sydney 2000 e Atenas 2004, e Márcio em Pequim 2008).
Formar atletas de alto rendimento não é uma ciência exata, tampouco fazer com que eles cheguem a uma Olimpíada e em condições de disputar medalhas. Contudo, a receita adotada por países de ponta no quadro de medalhas olímpico passa por forte investimento na massificação do esporte, proporcionando lazer e inclusão social às crianças e adolescentes por meio da prática esportiva nas escolas.
A massificação do acesso às várias modalidades, aliada a manutenção de equipamentos esportivo multiuso – não apenas campos de futebol – e ao fornecimento de condições para que os professores de educação física possam detectar talentos e incentivá-los a seguir carreira no esporte ajudariam o Ceará a formar futuros campeões e, fundamentalmente, cidadãos melhores.
A meta do Brasil em Paris 2024 era ganhar mais do que as 21 medalhas de Tóquio 2020. Assim, é inegável que os 20 pódios de Paris provam que o desempenho do País ficou abaixo do esperado. Esportes como vela e natação passaram em branco, o boxe ganhou menos medalhas do que se esperava, e alguns esportes que nunca subiram ao pódio e nos quais havia boas expectativas, como tênis de mesa, tiro com arco, ginástica rítmica e canoagem slalom, seguiram zerados.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) não costuma expor metas de medalhas de ouro, mas não dá para negar que o número de apenas três títulos ganhos em Paris frustrou um pouco. O País passou longe de repetir o recorde de sete ouros da Rio 2016 e de Tóquio, e não alcançou nem mesmo as cinco medalhas douradas de Atenas 2004.
Paris 2024 ainda não acabou. A partir do dia 28, começam os Jogos Paralímpicos, com o Brasil como uma das potências mundiais. Na próxima semana, nossa coluna será dedicada ao evento, que terá quatro cearenses: três atletas (Edênia Garcia, na natação; Maciel Santos, na bocha; e Eugênio Franco, no tiro com arco); e um atleta-guia (Henrique Barreto, no atletismo).
A preparação dos nossos atletas para a Olimpíada de Los Angeles 2028 já começou. Nesta sexta, 16, tem Luisa Stefani nas quartas de duplas do WTA 1000 de Cincinatti de tênis; a partir de segunda, 19, o basquete feminino brasileiro disputa o Pré-Mundial em Ruanda; na terça, 20, a WSL retorna com a etapa de Fiji e os medalhistas olímpicos Gabriel Medina, Tati Weston-Webb e Ítalo Ferreira; e na quarta, 21, começa o Elite 16 d e Hamburgo de Vôlei de Praia, com a cearense Rebecca em quadra. O Bolha Olímpica publicou o calendário esportivo até o fim do ano.