Thiago Façanha, da Mulato, reflete como a criatividade humana é o motor para bons resultados
Publicitário com 20 anos de trajetória no mercado, o profissional destaca como a união entre o uso eficiente de dados e experiência desenvolve campanhas mais eficientes
"Do mesmo jeito que a gente tem que ser estratégico, temos que ser criativos”. É com esse raciocínio que Thiago Façanha, fundador da Mulato Comunicação e publicitário com 20 anos de experiência, guia suas decisões, tanto para o mercado local quanto para cases nacionais.
Thiago Façanha é o segundo entrevistado da série ‘Conversas com o Mercado’, focada em diálogos com gestores de comunicação e marketing do Ceará.
Com as duas décadas acumuladas no mercado, Thiago viu a chegada de tendências, alterações no uso de métricas de acompanhamento de resultados, expansão do uso de dados e outras tantas mudanças no marketing.
“O desafio foi aumentando, porque o mercado é muito dinâmico. Vai aumentando a quantidade de possibilidades, de alternativas, de meios, de veículos, e isso (ocorre) naturalmente, porque o consumidor foi mudando.”
Na avaliação de Thiago, o uso de dados por parte das agências no desenvolvimento das campanhas já passou do estágio de ser um diferencial, se tornando uma obrigação para quem deseja oferecer uma comunicação assertiva para os clientes.
Ele cita como exemplo o uso de ferramentas que permitem o acompanhamento completo das campanhas dos clientes nas diferentes plataformas de mídia, como também dos concorrentes das marcas, como forma de repassar aos clientes as estratégias que o restante do mercado está utilizando.
“A gente tem uma visão mais estratégica, de data driven, então o cliente fica feliz porque consegue ter o trabalho dele melhor mensurado, e, por consequência, de ver um respeito com a verba dele, porque sabe que não está sendo negociado de qualquer maneira. Ele está negociando em cima do resultado real que temos. Não está comprando e decidindo no ‘achismo’, por preferência ou por amizade.”
Tendências
Com o grande volume de dados disponíveis para análise atualmente, Thiago defende que a experiência dos profissionais do mercado também é fundamental para garantir um desenvolvimento eficiente de campanhas para os clientes.
“Você pode ter os dados. Por exemplo: qual o produto gira mais? Qual a jornada do cliente de uma loja? A câmera monitora isso, ok, mas o comportamento é justamente no feeling. Muita decisão também tem que ser baseada nisso.”
Sobre o uso de Inteligência Artificial (IA) nas agências, ele reflete que as ferramentas são úteis como suporte no dia a dia, mas que de forma alguma substituem a base de conhecimento humana e as atividades desempenhadas por um profissional real.
No caso da produção de um vídeo feito inteiramente por IA, o publicitário comenta que há uma percepção do público de que é algo fácil de ser produzido, mas que pode acabar sendo mais caro e trabalhoso do que um material real, devido às alterações e detalhes errados que a tecnologia pode acabar gerando.
“Ela (IA) funciona como um assistente, uma mão amiga, mas precisa trabalhar junto com o cérebro, ele como a base.”
Foco no regional
Uma das principais ações da Mulato neste ano foi a aquisição da conta da Zenir, que voltou para o Ceará com o objetivo de tornar a comunicação mais próxima do público consumidor da marca. À frente dessa negociação, Thiago explica que “ninguém vai falar melhor o sotaque cearense do que o próprio mercado do Ceará”.
O gestor conta que um processo de concorrência foi elaborado pela varejista e a Mulato acabou vencedora. A partir disso, foi montado um time dedicado na agência para o atendimento da Zenir.
Outro exemplo semelhante foi com a Minalba, do Grupo Edson Queiroz, que também estava com uma agência do Sudeste há alguns anos e acabou retornando para o Ceará. Esse movimento, conta Thiago, é um dos seus objetivos, de demonstrar que os profissionais locais não estão atrás dos de outras regiões do país.
“Nossos profissionais são mega talentosos, tanto que a gente exporta profissional, seja para o Sudeste ou até para fora do país. O cearense é muito criativo.”