Ivens Dias Branco Júnior, sócio e CEO da cearense M. Dias Branco, líder do mercado nacional de massas e biscoitos, desenvolveu o que esta coluna vai chamar de 5S (cinco esses) que devem servir de GPS para quem comanda, como ele, um conjunto de fábricas modernas e um exército de 17 mil colaboradores espalhado por vários estados do país.
Por sua vez, praticamente na mesma linha, o empresário Jorge Parente, sócio e membro do Conselho de Administração da Alvoar (antiga Betânia Lácteos), trocou a consoante de Ivens Júnior pelo Q, ao qual acrescentou as cinco vogais para sustentar a tese de que o homem não tem apenas o Quociente de Inteligência – o QI – mas outros quatro.
Ivens Júnior refletiu sobre o seu 5S com os integrantes da Associação dos Jovens Empresários de Fortaleza (AJE), com os quais se reuniu na quarta-feira, ao lado de Tasso Jereissati.
Na véspera, ele e Jorge Parente encontraram-se e, sob o testemunho desta coluna, refletiram sobre vogais e consoantes, inserindo-as no ambiente corporativo. Comecemos por estas:
O primeiro S para o qual o bom empresário deve atentar – e respeitar – é o da Sucessão. Na opinião de Ivens Júnior, este é um processo que deverá ter início quando o dono da empresa descobrir a vocação e o talento dos filhos, identificando a característica de cada um, para em seguida ungir o melhor.
O segundo S é o da Sonegação. Para Ivens Júnior, esta opção jamais deve constar dos objetivos da empresa. Ele entende que a única e correta alternativa para o contribuinte é cumprir o que diz legislação, recorrendo, quando for o caso, ao Judiciário para defender os interesses da corporação.
O terceiro S é do Sentimentalismo. Trata-se de uma virtude humana que, no dia a dia da empresa, deve ser evitado. Há ocasiões em que, para o bem da companhia e do conjunto de seus colaboradores, uma decisão incentivada pelo terceiro S pode ser prejudicial. Assim, o bom senso sugere que, na tomada de decisão, o sentimentalismo seja olvidado.
O quarto S é o do Sexo. O empresário e seus executivos não podem, sob nenhum argumento, relacionar-se de maneira íntima com seus colegas de trabalho. A literatura corporativa é rica em casos de sexo de patrões e empregados, e isto é meio caminho andado para a falência da empresa, adverte Ivens Júnior.
O quinto e último S é o da Soberba. Mirando-se no pai, o grande e inesquecível Ivens Dias Branco, ele aconselha: mantenha a simplicidade nos gestos, na atitude, na relação com as pessoas, principalmente no contato diário com os colaboradores. Quanto mais fácil e respeitosa for essa relação, maior será a chance de êxito do seu empreendimento.
Tratemos, agora, das vogais. Jorge Parente explicou o que elas significam quando acrescentadas ao Q de Quociente. Vamos por partes:
O primeiro é o QA – Quociente de Articulação. Segundo Jorge Parente, o empresário deve ser hoje, obrigatoriamente, uma pessoa bem articulada não só com os que comandam o Poder Político, mas também com seus clientes, fornecedores e colaboradores.
O segundo é o QE – Quociente Emocional. É impensável, no atual e rapidíssimo mundo digital em que vivemos, um empresário de “pavio curto”. Na opinião de Jorge Parente, dominar a emoção é virtude imprescindível de quem lidera. Assim, agirá sensatamente quem, controlando seus nervos, decidir no pleno e tranquilo exercício de sua inteligência.
O terceiro é o QI – o Quociente de Inteligência sobre o qual há dezenas de publicações e teses acadêmicas de doutorado.
O quarto é o QO – o Quociente de Organização, que na empresa também significa gestão. De acordo com Jorge Parente – um devorador de livros sobre empresas e empresários – sem organização não prosperará nem a empresa nem o empresário. Ele explica que, por organização, entenda-se tudo, até a elaboração da agenda. Um cliente, por menor que ele seja, descobrirá, no primeiro olhar, no primeiro contato, se o empresário e sua empresa são organizados. A mesma percepção terá o fornecedor. E mais ainda o concorrente.
O quinto é o QU – o Quociente Universal. Jorge Parente dá muita importância ao QU, pois ele exige do empresário – qualquer que seja o seu ramo de atividade econômica, qualquer que seja o seu porte – conhecimento do mundo e de sua nova geopolítica. E mais: falar inglês é – sê-lo-á amanhã, também – obrigatório, lembra ele, acrescentando que nada se faz nestes tempos sem o uso desse idioma universal, que está presente em todos os contratos.