Troca de postes da Enel parece tomada de três pinos

A empresa enviou nota a esta coluna, dizendo que haverá a troca, mas só a partir de 2023. E mais: 1) A pecuária do Ceará para os próximos 10 anos; 2) Petrobras vem aí com grande lucro; 3) Coema facilita o crédito rural no Ceará

Legenda: A decisão da Enel de mudar a forma de seus postes está causando polêmica no Ceará
Foto: Divulgação

Esta coluna recebeu, ontem à noite, uma nota da Enel Distribuição Ceará, que, monopolisticamente, distribui energia elétrica em toda a geografia cearense. A carta é vazada nos seguintes termos:

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“Em relação à matéria ‘Enel troca modelo de poste no Ceará’, a distribuidora esclarece que após estudos técnicos e com o intuito de melhorar ainda mais a segurança dos prestadores de serviços, da população e dos seus equipamentos vai realizar uma alteração das especificações técnicas dos postes que utiliza para a distribuição de energia elétrica. 

“Vale ressaltar que a substituição não será imediata, mas progressiva e planejada. 

“A Enel Distribuição Ceará informa ainda que os altos custos citados na matéria não procedem e os contratos antigos com poste duplo T serão cumpridos, sem que haja prejuízo para os fornecedores atuais, pois a previsão é que os novos postes sejam fornecidos a partir de 2023. 
“A companhia esclarece ainda que as regras de compartilhamento de estrutura entre distribuidoras de energia e empresas de telecomunicações estão mantidas, sendo regidas por norma regulatória conjunta Aneel/Anatel.”

Bem, um detalhe, porém, conflita com informação contida na correspondência. Trata-se da carta CE 10677/2021, dirigida pela Enel à Prefeitura de Solonópole, que, no seu primeiro parágrafo, diz o seguinte:

“Vimos por meio desta informar a V. Sa. que por não estar em consonância com as normas técnicas vigentes na Enel Ceará CNC-OMBR-MAT-20-0942-EDBR, versão nº 02 data: 10/09/2021, este projeto encontra-se REPROVADO. Seguem os apontamentos de dissonância a seguir:”

Entre os apontamentos de dissonância, estão estas: 

“De acordo com o item 1 da ET-942 da Enel citada acima, projetos de ligação nova, reforma ou alteração de carga devem se adequar à nova versão. Nova versão entrou em vigor no dia 10/12/2021; 

“Utilizar poste circular de concreto ou fibra de vidro no mínimo 1000/12 para estrutura única com transformador e medição conforme anexo 8 da ET-942 da Enel citada acima. Corrigir no memorial e nas pranchas. Apresentar estruturas de acordo com a norma”.

Está claro que a exigência do uso de “poste circular” está valendo desde 10 de dezembro passado. Qualquer dúvida, recomenda-se uma consulta à Prefeitura de Solonópole, à qual um empreendedor, dono de um loteamento, requereu licença para instalar postes de iluminação em todo o espaço do seu empreendimento.

Ouvida por esta coluna, uma fonte técnica, com estreita ligação com a Enel Ceará, revelou que não há resolução – federal ou estadual – sobre especificações de materiais e equipamentos usados pelas distribuidoras, “pois cada uma tem seus padrões”.
 
A mesma fonte acrescentou: “As resoluções da Aneel exigem confiabilidade e continuidade do serviço. Como alcançar isso é a distribuidora que decide.”

A fonte fez questão de dissipar eventuais dúvidas, ao explicar:

“Poste circular só tem sentido em situações especiais de fim de linha ou curvas acentuadas, em que esforços ocorrem em várias direções. De resto, em linha reta, o poste de Duplo T é excelente.”

Ora, se é assim, torna-se aconselhável e sensato utilizar o poste redondo apenas nos fins de linha e nas curvas acentuadas, o que reduzirá enormemente o custo das empresas fornecedoras desse material à Enel-Ceará e, principalmente, e, também, o dos seus clientes, entre os quais estão agropecuaristas e industriais de diferentes setores, incluindo os da construção civil, para os quais serão repassados esses custos.

Um poste redondo custará para o fabricante e para a clientela da Enel o dobro do que custa um poste do tipo Duplo T, atualmente (e há dezenas de anos) usado no Ceará, é o que informam engenheiros e empresários envolvidos no setor.

Este assunto leva a uma reflexão. Por que, no Brasil, costuma-se colocar um jabuti no alto de uma árvore? Jabuti não sobe em árvore, alguém o põe lá. 

Muito recentemente, o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) impôs ao contribuinte a obrigatoriedade de conduzir, em seu automóvel, um ridículo kit de primeiros socorros, com esparadrapo, mertiolate e gase.

Muita gente ganhou dinheiro com essa novidade, logo abolida por decisão de alguém ajuizado.

Posteriormente, o Inmetro tentou mudar todos os taxímetros e tacógrafos instalados nos milhões de caminhões e carros de passeio em circulação no país. Um absurdo que foi logo ceifado pela raiz. 

Posteriormente, o Inmetro aprovou a ideia de alguém sabido (não confundir com sábio) e criou a tomada de três pinos, que levou à indústria nacional a produzi-la em larga escala. Essa tomada, que só existe no Brasil, fez a alegria de muita gente. 

Agora, vem a Enel-Ceará com a ideia de substituir os postes de Duplo T, considerados eficientes, por um novo, redondo, o que exigirá investimentos dos 12 fabricantes cearenses desse material. Esse custo, claro, será repassado para o consumidor da energia distribuída pela Enel, que somos todos nós. 
 
Trocar o poste de Duplo T por um redondo, cujo uso é recomendado apenas para fins de linha e em curvas acentuadas, é uma infeliz ideia. 

COEMA FACILITA O CRÉDITO RURAL 

Reunido ontem, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema) aprovou por 21 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções, resolução permitindo que as instituições finaneirs ficam autorizadas a realizar contratações de operações de crédito rural e demais operações de crédito com a apresentação do requerimento e do comprovante de abertura do processo de solicitação, junto à Semace, de Licenciamento Ambiental.

A decisão facilitará a aprovação dos pedidos de crédito, que estavam condicionados à apresentação de vários docmentos, inclusive o do próprio licenciamento.

Foi uma vitória da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), que há algum tempo lutava com esse objetivo. 

O Coema levou em conta o alto volume de recursos financeiros represados, aguardando a emissão de licença ambiental para a concessão do crédito e, também, o fato de que financiamentos rurais têm positivo efeito social por serem geradores de emprego e renda no campo.

A PECUÁRIA CEARENSE PARA OS PRÓXIMOS 10 ANOS

Hoje, das 8 às 11 horas, a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) promove o “Encontro de Líderes e Especialistas em Pecuária Leiteira”.

O evento é um debate sobre o desenvolvimento da cadeia produtiva do leite no Ceará. E terá a presença de especialistas de renome nacional e de líderes cearenses do setor da pecuária leiteira. 

O presidente da Faec, Amílcar Silveira, abrirá o Encontro, fazendo um pronunciamento sobre a situação da pecuária leiteira do Ceará.

Em seguida, o doutor Paulo do Carmo Martins, pesquisador em Economia da Embrapa Gado de Leite, pronunciará palestra subordinada ao tema “Pensando a Pecuária para os próximos 10 anos”. 

O evento contará ainda com a participação do secretário Executivo do Agronegócio da Sedet, Silvio Carlos Ribeiro, e do ex-secretário de Agricultura Irrigada, Carlos Matos, coordenador da equipe técnica que elabora o Plano Estratégica da Agropecuária do Ceará para o período 2022-2032.

MARQUISE NA FOTO DO PECÉM

Ontem, na inauguração da segunda expansão do Porto do Pecém, evento que teve a presença do governador Camilo Santana e dos ex-governadores Tasso Jereissati, Ciro Gomes e Cid Gomes, um detalhe chamou atenção.

Ao final da cerimônia, o governador Camilo Santana chamou o engenheiro e empresário José Carlos Pontes, sócio e presidente financeiro do Grupo Marquise, para compor uma foto no leito da segunda ponte que liga o continente ao porto, que foi construído dentro do mar.

Foi a Construtora Marquise, com sua parceira Ivai Engenharia, que construiu a ponte de 2 quilômetros de extensão. 
 
PETROBRAS VEM AÍ COM GRANDE LUCRO

Uma análise encaminhada pelo Banco Credit Suisse aos seus clientes revela que o balanço da Petrobras relativo ao exercício de 2021 deverá trazer um lucro gigantesco, antes do Ebtida, ou seja, antes do pagamento de juros, impostos, depreciações e amortizações, de US$ 12,5 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 65,22 bilhões. 

De acordo com o Crdit Suisse, a Petrobras distribuirá, em dividendos, para os seus acionistas, uma montanha de dinheiro entre US$ 1,5 bilhão e US$ 5 bilhões.