Tasso para presidente cresce no PSDB e assusta Dória

Jereissati é uma referência não apenas no ninho dos tucanos, mas também no mercado financeiro, no empresariado industrial e na mídia, onde é respeitado e muito ouvido.

João Dória, governador de São Paulo, imaginou que seria o único candidato do PSDB à presidência da República, na eleição do próximo ano. Enganou-se.

Do Rio Grande do Sul, emergiu o nome do seu governador, o jovem Eduardo Leite, que, segundo as pesquisas, faz uma gestão eficiente que lhe confere alta popularidade.

Dória preocupa-se com o gaúcho, mas entende que tem cacife para livrar-se dele em prévias internas que ele mesmo está a sugerir.

Agora, porém, surgiu o nome do senador Tasso Jereissati, uma referência não apenas no ninho dos tucanos, mas também no mercado financeiro, no empresariado industrial e na mídia, onde é respeitado e muito ouvido.

Jereissati, que foi três vezes governador do Ceará e cumpre agora seu segundo mandato de senador, é um nome que pode atrair todas as forças do centro do espectro político e ideológico brasileiro ainda dispersas.

A ideia de Tasso presidente nasceu da cabeça do presidente nacional do PSDB, deputado Bruno Araújo, de Pernambuco, que a lançou publicamente sem sequer consultar o interessado, de quem veio uma advertência: não participará de prévias.

Todas as posições que ocupou na vida privada ou pública lhe chegaram pela via do consenso. Foi assim no Centro Industrial do Ceará (CIC), que se tornou, nos anos 70 e 80, e sob sua liderança, o mais importante fórum de debates político, econômico e social do Nordeste, recebendo cobertura da imprensa do eixo Rio-São Paulo.
 
Foi assim, também, quando, em março de 1986, recebeu o convite do então governador Gonzaga Mota para ser o candidato do MDB contra o dos coronéis, Adauto Bezerra – uma aventura que se desenhou na primeira pesquisa do Ibope, quando ele apareceu com apenas 4% das intenções de votos contra 46% do adversário (Tasso ganhou a eleição com uma diferença de 600 mil votos).

João Dória tem ciência do prestígio que Jereissati desfruta hoje no mundo político, empresarial e midiático, razão por que terá de dobrar o seu tempo de trabalho, de articulação interna, de combate à pandemia da Covid-19 e de entendimento com seus próprios correligionários do PSDB para obstar o crescimento do nome de Tasso Jereissati.
 
Uma pesquisado Data Poder, feita de 12 a 14 deste mês e publicada pelo site Poder 360, revela que, se a eleição presidencial fosse hoje, 87% do eleitorado brasileiro prefeririam “outras opções”, incluindo anular o voto ou votar em branco.
 
Há, pois, no meio da politização esquerda x direita – leia-se Bolsonaro x Lula – um vazio a ser ocupado, e buscando essa ocupação estão Dória, Ciro Gomes, Sérgio Moro, Henrique Mandetta e Luciano Huck, cada qual a seu modo.

O modo Jereissati de construção política prima pela discrição. É por isto, muito provavelmente, que Mandetta, Huck e Ciro Gomes já admitem um entendimento em favor do senador cearense, o que deixa João Dória mais nervoso do que já é – o discurso para esse ainda incerto entendimento é a necessidade de as forças de centro terem um só candidato para dar ao eleitor a opção de uma terceira via nas urnas de 2022.

A mídia, que fez de Bolsonaro o seu inimigo público número um, não parece, por vários motivos, desejar Lula como candidato a presidente, e por isto aguarda o ungido do centro para focar nele todas os seus holofotes. 

Esse ungido poderá ser Tasso Jereissati.



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