Reino Unido abrirá neste mês seu mercado ao camarão brasileiro

Cearense Cristiano Maia, maior carcinicultor do país, recebeu esta informação do Ministério da Agricultura, que trata do tema com o governo britânico

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 03:53)
Legenda: Cristiano Maia disse na Pecnordeste que é preciso aumentar consumo do camarão no Brasil, que é hoje muito baixo
Foto: Egídio Serpa

Falando ontem para cerca de 300 grandes, médios e pequenos carcinicultores do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, o cearense Cristiano Maia, maior produtor de camarão do país, revelou que, ao longo deste mês de junho, o governo do Reino Unido emitirá a autorização para a importação de camarão produzido no Brasil. Ele disse que esta informação lhe foi transmitida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que, com o ministério das Relações Exteriores, mantém, desde o ano passado, tratativas com as autoridades britânicas.

Cristiano Maia pronunciou a primeira palestra da programação técnica da carcinicultura da Pecnordeste – maior feira indoor (em ambiente fechado) da agropecuária brasileira, durante a qual inundou o auditório com uma torrente de informações acerca da carcinicultura no Brasil e no mundo.

Presidente da Camarão BR, entidade que congrega os 16 maiores carcinicultores do país, os quais respondem por mais de 60% da produção nacional, Cristiano Maia – no seu característico e espontâneo jeito de expor suas opiniões – começou dizendo que “é preciso que se promova uma campanha pelo aumento do consumo de camarão, que hoje, no Brasil, é quase insignificante, pois não passa de 1 quilo por ano, enquanto nos EUA, na Europa e na Ásia é de 12 quilos/ano”.

Cristiano Maia informou que a Camarão BR está elaborando uma campanha para incentivar o consumo do camarão, “e temos que agir logo, pois, por incrível que possa parecer, em algumas cidades brasileiras, inclusive as do Sudeste, o cardápio dos restaurantes não tem prato de camarão”. Ele contou que, muito recentemente, visitou, com sua esposa Luzia, a cidade de Campos do Jordão, em São Paulo, e tomou um susto:

“Fomos a um restaurante de alto padrão e pedimos camarão, mas o garçom logo nos disse que essa maravilhosa iguaria não constava do menu do estabelecimento. Algo inacreditável e lamentável. Vamos investir numa campanha pelo incremento do consumo do camarão em todo o país”, disse ele.

Ele informou que a produção brasileira de camarão gira hoje em torno de 200 mil toneladas/ano, bem menos do que a produção da China, que é de 1,2 milhões de toneladas/ano, “totalmente consumida pelos próprios chineses, que, para atender à demanda interna, importam de outros países produtores, como o Equador e a Índia”.

Cristiano Maia declarou-se otimista com a próxima abertura do mercado do Reino Unido para o camarão brasileiro, cuja produção será naturalmente incrementada, pois os britânicos são grandes consumidores. Ele advertiu que, imediatamente após a emissão da autorização do governo britânico, “teremos de fazer um esforço para localizar os compradores do Reino Unido e convencê-los a importar o camarão brasileiro”.

Ele também informou que a produção da carcinicultura brasileira “é crescente, assim como é crescente no mundo todo”. No Brasil, essa produção “seguirá crescendo à medida em que as grandes redes de restaurantes do país foram incluindo nos seus cardápios pratos de camarão”.

Maia revelou que o mercado do Canadá e dos Estados Unidos está aberto para o camarão produzido no Brasil. E disse que o governo canadense enviou uma missão ao Brasil, que aprovou todos os processos de criação, beneficiamento e armazenamento do camarão brasileiro, mas, “por enquanto, não dá para exportar para lá por um motivo simples: o preço do camarão no mercado norte-americano e canadense é menor do que o preço do mercado brasileiro”.

Na sua opinião, o Rio de Janeiro “é o melhor e maior mercado para o camarão produzido no Nordeste, maior mesmo do que o de São Paulo”. E explicou que o camarão nordestino domina 99% do mercado brasileiro “porque aqui a temperatura da água é quente, e é de água quente que o camarão gosta, e é por esta razão mesmo que somos, os nordestinos, os maiores produtores do país”.

Na Pecnordeste, a carcinicultura ocupa um espaço gigantesco e é nele que se realiza a Exposição Nacional do Camarão (Expocamarão), reunindo as grandes empresas da carcinicultura do Ceará e do Nordeste.