Projeto São Francisco: engenheiro aponta problemas no Ceará

Segundo José Carlos Braga, há falhas nas estações de bombeamento do Canal Norte em Salgueiro (PE). E leia mais: Funceme tem razão: as chuvas deste ano estão abaixo da média histórica.

Entranhado nas dificuldades que compõem hoje o desafio de operar e manter o Projeto S. Francisco de Integração de Bacias, o engenheiro José Carlos Braga, que já ocupou cargo de direção na Secretaria Nacional de Recursos Hídricos do antigo e extinto Ministério da Integração Nacional, hoje do Desenvolvimento Regional (MDR), pede espaço para transmitir uma informação nos seguintes termos:

“O fluxo das águas que estão, nestes últimos dias, recarregando o açude Castanhão é fruto da dadivosa pluviometria que se registra na região do Cariri”, no Sul do Estado, onde se localizam as nascentes dos riachos que enchem o rio Salgado, cujas águas alcançam o Jaguaribe que adiante é barrado pelo maior açude do Ceará. 

É pouco? Tem mais. Braga revela algo surpreendente:

“Há graves problemas à montante, nas estações de bombeamento anteriores ao reservatório do Jati, os quais, se acontecerem em época de estiagem, comprometerão toda a sinergia hídrica a que o empreendimento se propõe.” 

De acordo com ele, “faz-se necessário um ‘pente fino’ em toda a extensão dos Canais Norte e Leste e nos equipamentos (estações elevatórias e motobombas), e o custo disso chega a R$ 1,5 bilhão, dinheiro que o poder público não tem".
 
(À montante da barragem de Jati está a terceira e última Estação de Bombeamento do Canal Norte, que, localizada em Salgueiro (PE), opera com apenas uma das três bombas projetadas, sem registrar qualquer problema conhecido, jogando para o Ceará um volume de 10 metros cúbicos de água por segundo.)
 
Braga diz que se trata de “uma tragédia anunciada”, acrescentando que “o governo federal, por meio do MDR, insiste em não querer resolver definitivamente o problema, unicamente por questões abjetas, eleitoreiras e ignóbeis”.
 
Desenvolvedor do Projeto Mandacaru, que avoca para a iniciativa privada, exclusivamente, os serviços de O&M (Operação e Manutenção) do Projeto S. Francisco – já apresentado ao vice-presidente Hamilton Mourão e ao MDR –, José Carlos Braga entende como “cosmético” o anunciado acordo celebrado, recentemente, pelo MDR com os governos do CE, RN, PB e PE em torno dos custos de funcionamento do empreendimento.

O engenheiro afirma que o acordo é “sem consistência, fantasmagórico, ilusório, e todos os agentes públicos que o firmaram sabem muito bem disso”, e repete que, sem a iniciativa privada, o Projeto São Francisco virará “mais um elefante branco”.

Para que não haja dúvida sobre o que pensa e diz a respeito do tema, José Carlos Braga escreve:

“A solução definitiva, e já bastante conhecida, é um PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse, instrumento que permite à iniciativa privada a elaboração de estudos técnicos e de viabilidade econômica para os projetos de PPP (Parceria Público Privada) para a O&M da Transposição, com a participação da iniciativa privada, por meio de certame aberto e transparente à sociedade, com lastro nas energias verdes (renováveis)."
 
E conclui:

“Essa solução vem sendo jogada para baixo do tapete ano após ano, enquanto os desastres vão se repetindo até o colapso total do sistema, de consequências imprevisíveis.”

CHUVAS

Confirma-se o que em 20 de janeiro previu o presidente da Funceme, engenheiro Eduardo Sávio Martins: neste ano, a temporada de chuvas está mesmo abaixo da média histórica.
 
Exemplo: em Russas, chove anualmente, em média, o equivalente a 745,7 milímetros ao ano. Até ontem, havia chovido lá só 172,4 mm - ou seja, menos 76,9%.
 
Em S. João do Jaguaribe, há um déficit pluvial de 82,5 milímetros; em Tabuleiro do Norte, o déficit é de 83,1%.

CRESCENDO

Provedora e integradora de serviços de TI da Oi para o mercado corporativo, a Oi Soluções registrou crescimento de 161% na receita de serviços de segurança cibernética no Ceará entre 2019 e 2020. 

Esse incremento ultrapassou a média nacional de crescimento, que foi próxima dos 60%.

Esses porcentuais refletem o investimento feito para combater o aumento expressivo de ataques virtuais, que cresceram por causa da aceleração digital impulsionada pela pandemia. 

EMBRAER

Informa a Embraer: no quarto trimestre do ano passado (outubro, novembro e dezembro), a empresa entregou 28 aeronaves comerciais e 43 executivas (23 jatos leves e 20 grandes).

No ano todo de 2020, foram 44 aeronaves comerciais e 86 executivas (56 jatos leves e 30 grandes). 

Sua carteira de pedidos firmes alcançou US$ 14,4 bilhões.

A Receita líquida bateu em R$ 9,8 milhões no quarto trimestre e em R$ 19.641,8 milhões ao longo do ano de 2020, representando crescimento de 14% em relação ao quarto trimestre de 2019, uma queda de 10% -- culpa da pandemia.

ESTICANDO A CORDA

Quem acompanha, com interesse analítico, a torrente de notícias – quase 100% das quais provocadoras de depressão, medo e angústia – está a preocupar-se com o que, na linguagem popular, se chama de “esticar a corda”.

Para isso contribuem a pandemia e seu obituário, o isolamento social que impede o funcionamento normal das atividades econômica, as divergências políticas e a lenta vacinação, que poderá ser acelerada nos próximos dias se chegarem as milhões de doses de imunizantes compradas pelo governo federal e pelos governos estaduais.  

Pelo que se vê, lê e ouve, parece existir a intenção de provocar um clima de ruptura institucional entre os poderes da República. 

Pelos diferentes meios de comunicação, incluindo as mídias digitais, há recados com o explícito desejo de provocar a reação de um grupo contra outro. No que isso vai dar, não é difícil prever.

A quem isso interessa está bem claro: aos extremistas dos dois polos ideológicos em que se dividiu o país.

Há o espectro político de centro (não confundir com o Centrão) que ainda não entrou em cena ou por falta de lideranças ou porque ainda não chegou o momento. 

Esta é mais uma semana que promete novas e fortes emoções.

FRETE CARO

Para transportar da China para o Brasil um contêiner de 20 pés, as empresas mundiais de navegação estão cobrando US$ 9 mil. 

Cinco vezes mais do que cobravam há um ano, antes que a Covid-19 se transformasse na pandemia que castiga hoje a população do planeta.

ENERGIA SOLAR

Dona de uma usina termelétrica a carvão no Complexo do Pecém, a portuguesa EDP anunciou nesta segunda-feira que celebrou acordo com a Northern Indiana Public Service Company, do Estado de Indiana, nos EUA.

O parque solar a ser construído terá potência instalada de 200 MW e estará pronto e entrará em operação no próximo ano de 2022.

MERCADO

Estão em queda os preços internacionais do petróleo, nesta segunda-feira.

O do tipo Brent, negociado em Londres, desce, nesta manhã, para US$ 63,81 por barril; o norte-americano West Texas Intermediate cai para US$ 60,39.

Os juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos caem para 1,67% ao ano. O dólar sobe em relação ao ouro. As bolsas asiáticas fecharam entre leves quedas e leves altas. As da Europa abriram assim, também.



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