Pecnordeste: o marco da nova e moderna economia do Ceará

A m,aior feira indoor do agro brasileiro ganhou dimensão nacional e, hoje, bate recordes de expositores -- 1.104 -- e de público -- são esperadas 60 mil pessoas. O governador Elmano de Freitas abrirá o evento

Legenda: Foto da abertura da Pecnordeste do ano passado, presidida pelo governador Elmano de Freitas, que abrirá, também, a deste ano
Foto: Egídio Serpa

Chegou o dia! De hoje, quinta-feira, 6, às 8 horas, até sábado, 8, às 18 horas, a atenção de quem produz e trabalha no Ceará estará voltada para a 27ª Pecnordeste, maior feira indoor (em recinto fechado) do agro brasileiro.  Há três anos, a Pecnordeste reuniu não mais do que 5 mil pessoas que visitaram os seus pouco mais de 40 estandes, a maioria dos quais de empresas cearenses. 

Neste ano, essa feira – que expõe em produtos e serviços a força social, econômica e política da agropecuária nordestina, a do Ceará destacadamente – tem 1.104 estandes de empresas nacionais e estrangeiras e espera receber, ao longo dos seus três de duração, um público estimado em 60 mil pessoas. 

Estacionarão no pátio do Centro de Eventos do Ceará – onde a feira será realizada – 150 ônibus com delegações procedentes de dezenas de municípios cearenses.

Como esta transformação aconteceu em tão pouco tempo – dois anos e meio? A resposta está na decisão dos produtores rurais do Ceará, que, por meio de uma eleição direta realizada em novembro de 2021, substituíram sua liderança sindical. 

O quixadaense Amílcar Silveira, criador de caprinos e ovinos, elegeu-se presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) com o voto da maioria dos delegados dos sindicatos rurais do estado. Em janeiro de 2022, ele tomou posse. 

Hoje, os que não o apoiaram estão na linha de frente de um projeto, liderado por Silveira, que fez da Faec – antes uma entidade anêmica e inerte – um organismo sindical com a mesma força e prestígio da Federação das Indústrias (Fiec), cujo presidente, Ricardo Cavalcante, é um entusiasta da transformação por que passou a a entidade da agropecuária.

O discurso de mudança e a promessa de que o produtor rural seria o patrão das lideranças do agro cearense, vistos como uma atitude eleitoreira, foram imediatamente implementados. Houve, primeiro, uma limpeza interna: foram dispensados os que nada tinham a ver com o agro e, ato contínuo, substituídos os delegados que, nos conselhos de organismos públicos e privados, se comportavam à margem dos novos objetivos da Faec. 

Em menos de seis meses, foi concluído o processo de renovação da entidade, cujo comando passou a dialogar direta e pessoalmente com as autoridades do governo estadual, assumindo firmes e fortes posições em relação à defesa dos interesses dos agricultores e pecuaristas.

Em maio de 2023, um ano e quatro meses depois de haver assumido a presidência da Faec, Amílcar Silveira promoveu o I Encontro dos Produtores Rurais do Ceará, reunindo os da região do Sertão Central do estado. O presidente da Fiec compareceu. 

Em agosto, foi realizado o segundo na cidade de Morada Nova, que juntou mais de 2 mil produtores rurais da região do Jaguaribe, e de novo esteve presente o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante. 

Em novembro, em Tauá, com a presença do ministro da Agricultura, foi realizado o III Encontro, que reuniu produtores rurais da região dos Inhamuns. Os três eventos tiveram a participação efetiva do presidente e diretores da Fiec.

Amílcar Silveira e sua diretoria, apoiados pelos sindicatos rurais e pelos pequenos, médios e grandes empresários do setor, decidiram, com o apoio do Sebrae-CE e do capítulo cearense do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-CE), fortalecer a Pecnordeste. Em 2022, a feira já teve o dobro dos estandes do evento de 2021. Em 2023, o número de expositores dobrou e chegou a 450. Neste 2024, porém, esse número foi além do esperado, pois multiplicado por três, para o que contribuíram a força política da liderança da Faec, a excelente repercussão da feira do ano passado, a profissionalização do evento e a credibilidade dos seus promotores. 

Mas há um ingrediente político que entra na receita do bolo da Pecnordeste: a boa relação da Faec com o Governo do Estado. O governador Elmano de Freitas já se reuniu duas vezes, em almoço, com os principais empresários do agro e, pessoalmente, compareceu à abertura da Pecnordeste do ano passado, quando pronunciou um longo discurso durante o qual fez promessas, algumas já cumpridas, outras à espera da melhor oportunidade. 

O diálogo de Amílcar Silveira com o governador Elmano de Freitas tem fluído com uma naturalidade que chega a surpreender, tendo em vista as suas distintas posições ideológicas. Os dois lados têm ciência de que, em regime democrático, é a política que conduz, ou deixa de conduzir, os arranjos institucionais. 

Elmano de Freitas e Amílcar Silveira devem observar a grandiosidade da Pecnordeste deste ano para concluir que esse evento é um marco da moderna economia agrícola do Ceará. 

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