Além das guerras em Israel, na Ucrânia, na Síria e em países da África, o mundo enfrenta, também, os efeitos de um fenômeno da natureza – o El Niño – que vem causando ao planeta danos semelhantes ao dos eventos bélicos.
Como olhos e ouvidos estão todos voltados para as tragédias na Faixa de Gaza e no território ucraniano, a mídia brasileira está deixando em segundo plano o drama natural que se registra na Amazônia, onde os rios – por causa da severa seca na região – estão a secar.
Os grandes navios que iam e vinham de Manaus carregando mercadorias e pessoas deixaram de fazê-lo porque o calado do rio Amazonas é, hoje, insuficiente para a sua navegação.
Para nós, cearenses, este é só um lado do problema, que se agravará se o El Niño perdurar pelo primeiro trimestre de 2024, atingindo diretamente o Ceará.
É de janeiro a março que, tradicionalmente, começam a cair as primeiras chuvas no Ceará. Neste 2023, registrou-se, até abril, muito boa pluviometria na semiárida geografia cearense.
Mas o volume dessas chuvas foi insuficiente para a recarga de suas grandes barragens, como o Castanhão (6,5 bilhões de m³), Orós (2,1 bilhões de m³) e Banabuiú (1,5 bilhão de m³).
Estamos a atravessar a fase mais aguda da perda de água pela evaporação – o El Niño desviou para o Sul e Sudeste as nuvens de chuva do Norte e do Nordeste. Em condições normais, a natureza já deveria estar fazendo chover, neste mês de outubro, na Amazônia.
Empresários cearenses que precisam da água para produzir alimentos na agricultura e na pecuária preocupam-se com o rápido passar do tempo e com a falta de informações sobre o que as autoridades estaduais responsáveis pelos recursos hídricos estão a adotar para o enfrentamento de uma possível estiagem em 2024.
Há uma boa notícia, transmitida pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional: está em plena operação o bombeamento de água do rio São Francisco para o Ceará, mais precisamente para o Castanhão.
Essa providência deve ser mantida, apesar das perdas causadas pela evaporação e pela infiltração ao longo do caminho (os técnicos entendem que esse bombeamento só deve acontecer durante o período de chuvas, quando o leito dos rios serve de transporte mais rápido da água).
UMA SUGESTÃO AO GOVERNO
Em mensagem a esta coluna, o economista Marcos Holanda, ex-presidente do Banco do Nordeste (BNB) e criador do Instituto de Planejamento e Estratégia do Ceará (Ipece), sugere que o governo cearense deveria criar a Secretaria de Inovação, que substituiria a Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Holanda diz que o papel dessa nova secretaria seria “transformar C&T em nota fiscal”.
Ele conclui, afirmando:
“Os cearenses precisamos de novos negócios, novos empregos e novos salários. Lembro que inovação se faz com escala, dinheiro e gente.”