Engenheiro agrônomo e economista aposentado do BNB/Etene, José Maria Marques de Carvalho intromete-se, com sua larga experiência na agricultura, no debate aberto sobre o uso do cajueiro anão como uma alternativa de combate ao processo de desertificação do bioma caatinga no Ceará.
Esse debate começou nesta coluna com a informação, transmitida pelo economista Célio Fernando, secretário Executivo da Casa Civil do Governo do Estado, segundo quem a desertificação na Caatinga cearense tem sido reduzida pelas ações da Secretaria do Meio Ambiente, algo que os empresários da agropecuária desconhecem, e com a sugestão do empresário Antônio Lúcio Carneiro, que propôs o plantio intensivo do cajueiro anão como forma de conter o fenômeno.
José Maria Marques Carvalho transmitiu para esta coluna os seguintes comentários:
“A respeito da notícia veiculada nessa prestigiada coluna no Diário do Nordeste, sobre a utilização da cultura do cajueiro como forma de combater a desertificação no semiárido nordestino, tenho algumas considerações a fazer.
“O plantio do cajueiro, seja ele gigante ou anão precoce, requer solos apropriados para o seu desenvolvimento tendo em vista que essa planta tem um sistema radicular pivotante e profundo, devendo ser profundos e bem drenados os solos escolhidos.
“Grande parte dos solos do Nordeste Semiárido são rasos e com o cristalino próximo da superfície (solos litólicos), inapropriados à cultura do cajueiro.
“Mas, além do solo, deve ser observado o clima apropriado. E, quanto a este, apresenta o Nordeste Semiárido uma precipitação pluvial de até 800 milímetros anuais, com má distribuição temporal e espacial.
“A Embrapa Agroindústria Tropical, com sede em Fortaleza, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Nordeste (Fundeci), do BNB-Etene, elaborou um estudo de pesquisa, denominado Zoneamento Pedoclimático da Cultura do Cajueiro ( Anacardium occidentale L.) para o Nordeste e o Norte de Minas Gerais, no qual são reveladas as áreas mais apropriadas ao desenvolvimento da cultura do cajueiro nas duas regiões quanto ao solo e ao clima.
“Entendo, portanto, que uma nova programação para a retomada do desenvolvimento da cajucultura nos estados do Nordeste e no Norte de Munas Gerais deveria levar em consideração as áreas apropriadas reveladas nesse estudo.”