O bom e o sofrível na infraestrutura de logística no Ceará

No setor portuário e aeroportuário, o estado vai bem, mas no transporte ferroviário, incluindo o metroviário, há muito a fazer

Legenda: O Porto do Pecém (foto), que terá nova expansão, é um ponto de referência da infraestrutura logística do Ceará
Foto: Carlos Marlon

Ainda é precária a logística de transporte no Ceará, mas ela mantém o viés de alta, boa parte por causa dos investimentos públicos – casos do Porto do Pecém, que ganhará nova ampliação a partir do próximo ano; do Aeroporto Pinto Martins, que hoje tem padrão internacional graças à sua oportuna privatização; da duplicação dos acessos rodoviários a Fortaleza; e pela participação crescente das empresas privadas que garantem o ascendente movimento de navios, aviões e caminhões nos terminais portuários e aeroportuários e nas grandes rodovias do estado. 

A construção da Ferrovia Transnordestina – obra em execução pela cearense Marquise Infraestrutura – fechará, dentro de três anos, esse ciclo lento, mas importante, do desenvolvimento econômico do Ceará.

Comecemos pelo Porto do Pecém, por onde sai, em placas, o aço fabricado pela usina siderúrgica da ArcelorMittal no município de São Gonçalo do Amarante e por onde entram as brilhantes bobinas de aço plano, de ato valor agregado, fabricado na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos e importado pelo grupo Aço Cearense, pilotado pelo empresário Vilmar Ferreira, que o distribui no Brasil todo.

O Porto do Pecém teve sua construção iniciada em 1996, sendo inaugurado em 2002. Quando começou a operar, existia apenas uma ponte de acesso ao porto offshore (dentro do mar), dois píeres – um para a movimentação de graneis sólidos, principalmente carvão mineral, outro para a descarga do petróleo que seria transformado em combustíveis por uma refinaria que a Petrobras construiria (e tudo não passou de uma infeliz conversa fiada, de um blefe para melhor resumir a história) – e ainda um muito pequeno Terminal de Múltiplo Uso (TMUT) para a movimentação de contêineres, além de uma área retro portuária, onde a carga geral seria, como é hoje, bem guardada e disposta para a inspeção dos fiscais aduaneiros e sanitários e dos agentes da Polícia Federal. 

Hoje, o Porto do Pecém tem duas pontes de acesso, cada uma com dois quilômetros de extensão, e um TMUT que, com guindastes do tipo MHC, dispõe de seis berços de atracação, nos quais são movimentados contêineres e carga geral.  No píer número 1, Pecém movimenta graneis sólidos, incluindo carvão mineral e muito minério de ferro para a siderúrgica da ArcelorMittal, como informa o economista Hugo Figueiredo, presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém. 

Neste ano, o Porto do Pecém deverá alcançar o recorde de movimentação de carga: 18,3 milhões de toneladas, superior aos 17 milhões de toneladas do ano passado de2023. No Pecém operam alguns pesos pesados como a Maersk, Hambug Sud, Aliança, Aço Cearense, Ferronorte e MSC.

Por sua vez, o Aeroporto Internacional de Fortaleza, administrado pela alemã Fraport, que tem a gestão de vários aeroportos no mundo, incluindo o de Frankfurt, sofre por causa da péssima malha aérea doméstica, que, segundo Igor Pires, colunista deste Diário do Nordeste especializado em assuntos de transporte aéreo, piorou nos últimos meses, mas beneficia-se da malha internacional. Em julho passado, o Fortaleza Airport superou os aeroportos de Salvador e Recife na movimentação de passageiros de voos do e para o estrangeiro.

Essa movimentação foi a seguinte no mês passado, período de alta estação: 38.886 passageiros embarcaram e desembarcaram no aeroporto de Fortaleza, 36.736 no de Salvador e 33.015 no de Recife. Operam voos internacionais regulares em Fortaleza a TAP, a Air France, a KLM, a Latam e a Gol.

Mas há problemas no transporte rodoviário. O IV Anel Viário de Fortaleza, que há quase uma geração se mantém em obras de duplicação, é um dos gargalos da logística no Ceará. O governo do estado, com dinheiro do governo federal, promete conclui-lo até meados do próximo ano. A conferir. A duplicação da BR-116 de Pacajus até Boqueirão do Cesário está incluída no PAC, mas isto não garante que a obra será implantada. 

No transporte metroviário há problemas. A Linha Leste do Metro de Fortaleza (Metrofor) arrasta-se há 10 anos e a perspectiva é de que mais outros 10 sejam necessários para a conclusão dessa obra, cuja primeira fase tem 7,3 quilômetros de extensão, dos quais apenas 1,3 estão com túneis perfurados.

A Expolog 2024 – feira de logística que anualmente se realiza no Centro de Eventos do Ceará – talvez desvende boas notícias para a infraestrutura do Ceará. A Expolog acontecerá em novembro.