No Brasil, o Governo é um obstáculo ao empreendedor
Sucesso da cearense Brisanet, que hoje estreia na Bolsa de Valores, é prova de ousadia, coragem e persistência. E mais: 1) Ônibus elétrico no Pecém: marketing e paradoxo; 2) Morte de Mário Lima Júnior é grande perda; 3) Coca-cola: cearense Solar funde-se com Grupo Simões, do Centro Oeste.
No mesmo dia, hoje, em que mais uma empresa cearense – a Brisanet, do setor de tecnologia – abre seu capital e passa a ter suas ações negociadas na Bolsa de Valores, ferramenta do livre mercado por meio da qual as companhias também se capitalizam, vale refletir sobre os desafios de empreender em um país como o Brasil, cujo governo – na Monarquia e na República — tem sido mais obstáculo do que canal de parceria.
Por meio de uma rede social, o empresário autodidata José Roberto Nogueira, fundador e sócio majoritário da Brisanet, manifestou seu sentimento e sua emoção diante do histórico evento desta quinta-feira. Ele escreveu:
“No Brasil todos os empreendedores sofrem com inúmeras barreiras que poderiam ser amenizadas, e assim acelerar o desenvolvimento e nos tornarmos bem mais competitivos aqui e lá fora. Dedico este momento a todos os lutadores deste grupo (a Brisanet) que tem trabalhado arduamente por um Brasil melhor”.
José Roberto Nogueira disse, na sua mensagem, que dedicou décadas de luta para construir sua empresa, a mesma luta que têm de enfrentar, diariamente, empresários de outros setores da economia, dos quais dependem milhares de pessoas, os seus colaboradores, e suas famílias. É muita responsabilidade.
O que mais intriga e revolta é a insensibilidade da maioria dos políticos brasileiros, os responsáveis por muitas leis que, em vez de ordenar a atividade econômica, a tornam quase inviável, pois embutem artigos, parágrafos e incisos a favor de grupos de interesse localizados e organizados e contra o interesse da coletividade.
O Brasil, um país rico em tudo, não estaria na situação de crise em que se encontra há muito tempo, se fosse outra a elite política responsável por seu poder Legislativo, pois é nele que reside a fonte de todos os erros e, também, para fazer justiça, acertos.
O Legislativo brasileiro, assim como o Executivo e o Judiciário, sucumbiu sob o peso e a ação das corporações que dominam toda a estrutura da administração pública.
Esse serviço público abocanha – a expressão é esta mesma – 75% do Orçamento Geral da União com seus privilégios, direitos e absurdos adquiridos.
Quando uma empresa, como a Brisanet, nascida num endereço sem número da zona rural de um sertanejo município cearense, consegue ultrapassar as barreiras criadas por leis que dificultam a atividade econômica, é sinal de que, no Brasil, empreender é um desafio para poucos, os resilientes, os ousados, os corajosos, como José Roberto Nogueira.
A Brisanet é uma empresa de telecomunicação nascida no coração do semiárido, onde cresceu, prosperou e é hoje a maior do Nordeste em sua área de atuação, com valor de mercado de R$ 6,2 bilhões.
Tudo isso foi possível, apesar de todas as barreiras que as leis brasileiras impõem a quem decide investir no trabalho, na inovação, na criatividade.
MAIA JÚNIOR ELOGIA QUEM BUSCA DINHEIRO NO MERCADO
Secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo do Ceará, o engenheiro Maia Júnior declara-se “muito feliz” com a abertura do capital da Brisanet, que a partir desta quinta-feira, 29, tem suas ações negociadas na Bolsa de Valores B3.
Na sua opinião, a Brisanet, agora com forte injeção financeira que receberá hoje por meio do seu IPO (lançamento inicial de ações na Bolsa), dará “um impulso tremendo” ao Hub de telecom do Ceará, que já conta com um Cinturão Digital, que enlaça toda a geografia cearense.
“É mais uma grande empresa do Ceará que investe e se desenvolve com capital próprio e de terceiros, buscando dinheiro no mercado e não garimpando incentivos fiscais. O Ceará precisa de mais empresas e empresários assim”, diz Maia Júnior, citando Brisanet, Arco, Hapvida, M. Dias Branco e Pague Menos, que abriram seu capital nos últimos anos.
“Torço para que mais empresas cearenses tomem o mesmo caminho, abrindo seu capital à participação de terceiros via Bolsa de Valores”, acrescenta ele, que está, neste momento, dedicado às tratativas com a portuguesa EDP, que já tem investimentos no Ceará, e a espanhola Eneva, que se mostram interessadas em investir na implantação de projetos de Hidrogênio Verde no Ceará.
MORTE DE MÁRIO LIMA JÚNIOR É GRANDE PERDA
Surpreendeu o meio empresarial a notícia do falecimento do engenheiro mecânico Mário Lima Júnior, que até janeiro deste ano presidiu a Zona de Processamento para Exportação do Ceará (ZPE), afastando-se do cargo para tratar de sua saúde.
Mário Lima Júnior, casado com a alemã Elfriede Reinhilde Lima, foi um homem público correto, dedicando às suas tarefas o melhor do seu talento.
O estágio atual do desenvolvimento econômico do Ceará deve muito a ele.
Sob seu comando, a ZPE do Ceará, primeira a instalar-se e, também, única em operação no Brasil, consolidou-se como área destinada ao abrigo de indústrias destinadas à exportação (um novo marco regulatório mudou a legislação, que permite agora às empresas de ZPE comercializarem até 100% do que produzem no mercado interno nacional).
Esta coluna manteve estreita ligação com Mário Lima Júnior, que foi uma de suas melhores fontes de informação.
À sua família, os sentimentos de pesar da coluna e do seu editor.
ÔNIBUS ELÉTRICO FORTALEZA-PECÉM: O PARADOXO
Fruto de um projeto da área de Pesquisa & Desenvolvimento da EDP, dona da Usina Termelétrica Pecém, o primeiro ônibus brasileiro movido totalmente a energia solar completou os primeiros 30 mil km rodados neste mês de julho.
Desde novembro de 2020, ele faz, diariamente, o trajeto de 140 km entre Fortaleza e Pecém, transportando funcionários da usina.
Nesse período, o veículo evitou a emissão de 40 toneladas de CO2 para a atmosfera e a queima de 9 mil litros de óleo diesel.
É uma boa notícia, uma elogiável ação de marketing, mas é, ao mesmo tempo, um paradoxo.
A EDP produz energia em sua Usina Termelétrica (UTE) do Pecém usando carvão mineral, um combustível altamente poluente, emissor de gases de efeito estufa.
Resumindo: seria necessária uma gigantesca frota de ônibus elétricos para minimizar os prejuízos que a usina da EDP causa ao meio ambiente ao produzir energia com carvão mineral.
UMA FUSÃO NO MERCADO DA COCA-COLA
Estão a juntar-se numa só empresa a cearense Solar, maior fabricante e distribuidora da Coca-Cola nas regiões Norte e Nordeste, e o Grupo Simões, sua similar na região Centro Oeste.
A Solar, que tem o Grupo Jereissati Ceará como sócio majoritário, e o Grupo Simões – de acordo com a agência Reuters – passarão a dominar cerca de 70% do mercado nacional da Coca-Cola, e terão receita líquida estimada em R$ 6,5 bilhões.
VEÍCULOS DE TURISMO: ARCE CRIA PLATAFORMA
Turistas que utilizam transporte de fretamento no Ceará têm, agora, uma importante ferramenta de segurança.
Trata-se da nova versão do Sistema Integrado de Transportes (SIT), disponibilizada pela Agência Reguladora do Estado do Ceará (Arce).
A plataforma permite que o interessado consulte a situação de regularidade, ou não, de ônibus e vans que operam no segmento.
De acordo com o presidente da Arce, Hélio Winston Leitão, a iniciativa surge para reafirmar o compromisso da agência com os cidadãos, garantindo que se contratem empresas legalizadas que oferecem viagens com menos riscos e mais tranquilidade.
A consulta pode ser feita a partir dos seguintes dados: placa do veículo; CNPJ da transportadora; razão social; e nome fantasia. Para ter acesso à referida ferramenta, os usuários podem buscar no site da Arce: www.arce.ce.gov.br, clicando em "serviços", no menu principal.
CAIXA APLICA R$ 65 BI NA CASA PRÓPRIA
Líder nacional do crédito imobiliário, a Caixa Econômica Federal apresentou um resultado histórico de contratações no primeiro semestre deste 2021.
Foram R$ 65,4 bilhões contratados no período, um crescimento maior que 36% na comparação com o mesmo período do ano passado de 2020.
A carteira de crédito habitacional da Caixa alcançou o volume de R$ 528,9 bilhões, incremento de 9,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
O recente mês de junho foi o de maior contratação do crédito imobiliário da história da Caixa, sendo registrados R$ 13,1 bilhões em contratações.
As contratações com recursos da poupança (SBPE) somaram R$ 7,8 bilhões no período, crescimento de 67,4% em comparação ao registrado em junho de 2020 e de 500,2% com relação a junho de 2018.
No primeiro semestre de 2021, foram contratados com recursos da poupança R$ 37,4 bilhões, crescimento de 103,4% na comparação com o mesmo período de 2020. Já com relação ao ano de 2018, o crescimento foi de 719,6% no período.
A Caixa Econômica segue sendo o maior financiador da casa própria no país, com 67,7% de participação no mercado, com estoque de 5,76 milhões de contratos, crescimento de 5,5% em relação ao primeiro semestre de 2020.
O banco mantém ritmo forte na contratação de novos empreendimentos, tendo gerado mais de 465 mil empregos diretos e indiretos somente no primeiro semestre/21.
Foram 153,7 mil novas unidades habitacionais contratadas, distribuídas em 1.207 empreendimentos, um crescimento de 36,2% levando em consideração o número de unidades contratadas no primeiro semestre do ano passado.