Narrativa pelo impeachment

Faltava um ingrediente para levar às ruas o discurso pelo impeachment do presidente Bolsonaro. Não falta mais: a gasolina da pesquisa do Datafolha, indicando que 40% dos brasileiros reprovam o seu governo e 31% o aprovam, foi despejada no fogo da crise pandêmica, que gerou a crise na economia, que, pelo isolamento social, produziu a falência de milhares de empresas e o fim de milhões de empregos, levando o governo a emitir R$ 800 bilhões para socorrer estados e municípios e garantir, com o Auxílio Emergencial, renda mínima a mais de 30 milhões de pessoas, no que foram gastos cerca de R$ 250 bilhões de abril a dezembro do ano passado.

Resultado dessas providências: um rombo espetacular no Orçamento Geral da União.

Resumo: não há mais dinheiro para repetir, em 2021, a exagerada magnanimidade fiscal de 2020. A não ser que o Congresso Nacional aprove, já, as reformas administrativa e tributária necessárias à reposição da normalidade das contas públicas. Contudo, os sinais emitidos hoje pela Câmara e pelo Senado nada têm a ver com reformas, mas com a eleição, daqui a exatos sete dias, dos seus próximos presidentes.

A estratégia pelo impeachment de Bolsonaro mobiliza - da mesma maneira como aconteceu em 1992 - a mídia e a oposição. Naquela época, foi a denúncia de corrupção no governo Fernando Collor de Melo que levou multidões vestidas de preto a pedir o impedimento do chefe da Nação.

Hoje, não há denúncia de corrupção no governo, mas há uma montanha de acusações. Oposição e mídia, bem orquestradas, acusam Jair Bolsonaro de causar, pela incúria, a morte de quase 220 mil pessoas vítimas da pandemia, chamada pelo presidente, em março do ano passado, de "uma gripezinha"; de tentar desmoralizar os cientistas e as farmacêuticas que criaram, desenvolveram e agora distribuem as vacinas contra a Covid-19, inclusive as que são aplicadas hoje nos brasileiros; de, desprezando as orientações da ciência, propagar as virtudes e o uso de medicamentos sem comprovada eficácia contra a doença (há controvérsias); de, também pela incúria, permitir queimadas na Amazônia e no Pantanal; de assumir posições homofóbicas; de tentar armar a população; de retirar o Brasil do Acordo de Paris; de praticar uma política externa que tirou o protagonismo brasileiro nos fóruns comerciais, científicos e culturais; de promover, pelas redes sociais, a divulgação de "fake news" etc. Mas denúncia de corrupção não há, pelo menos até agora.

Para que seja aprovado um pedido de impeachment do presidente da República, são necessários 342 votos a favor na Câmara dos Deputados. A oposição não tem esses votos, neste momento. Por esta razão, o ainda presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não acatou nenhuma das propostas de impedimento do presidente. Se houvesse maioria, ele já teria aberto o processo.

M. Dias Branco

Na sexta-feira, 22, o Conselho de Administração da cearense M. Dias Branco aprovou a terceira emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em duas séries, para colocação privada, no valor de até R$ 960 milhões.

Não há dúvida de que elas serão adquiridas rapidamente.

As debêntures da primeira série vencerão em março de 2028; as da segunda série, em março de 2031.

Energia

Do empresário Fernando Cirino, ex-presidente da Fiec, hoje dedicado a investimentos na área da geração de energias renováveis, principalmente eólica e solar, antecipando o futuro:

"Dentro de cinco anos, ou menos, essas energias garantirão 100% do abastecimento do Nordeste"..

Os especialistas em energia concordam com Cirino, e fazem uma aposta: tudo isso se dará em três anos.

Fernando Cirino tem feito parcerias com investidores nacionais e estrangeiros, que, usando suas terras, instalam nelas parques eólicos e solares.

Toyota

Pelo telefone, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo do Ceará, engenheiro Maia Júnior, transmite à coluna esta informação: foram retomadas as suas conversas com executivos da multinacional japonesa Toyota.

Tudo gira em torno da possibilidade de a Toyota instalar um Centro de Distribuição de seus produtos - veículos e peças, principalmente - na área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Uma cláusula de confidencialidade impede Maia de dar mais detalhes.

Chuva

Estamos chegando ao fim deste mês de janeiro, e até agora está sendo cumprido o prognóstico da Funceme de que há 50% de chance de a estação chuvosa deste 2021 ser abaixo da média histórica, o que deixa o setor da agropecuária de cabelos em pé. Para piorar o quadro, as águas do Projeto S. Francisco não chegarão ao açude Castanhão neste primeiro semestre, só no segundo.

Anel viário

Pouca gente soube, mas foi aberto ao tráfego na semana passada mais um trecho do IV Anel Viário de Fortaleza, que está hoje praticamente duplicado e com suas pistas pavimentadas em concreto, ou seja, com durabilidade garantida por pelo menos 25 anos. É uma rodovia construída pelo Governo do Estado com dinheiro federal. Ela tem vários viadutos com suas alças de acesso.