Falando ontem a esta coluna, o deputado Salmito Filho, futuro secretário da nova Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo do Ceará (o Trabalho, que estava abrigado na sua sigla Sedet, sê-lo-á numa futura secretaria a ser criada proximamente pelo governador Elmano Freitas), disse que, entre suas desafiadoras tarefas, estará a de trabalhar “pela criação de uma classe média rural, a partir de oportunidades produtivas”. Mais detalhes sobre isto só quando ele estiver assenhorado da estrutura da pasta.
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Feliz pelas manifestações de aplauso e apoio que vem recebendo de empresários dos diferentes ramos da economia, o futuro titular da SDE (a nova sigla) – reconhecendo os desafios que terá pela frente, entre os quais o de tornar realidade o projeto do Hub do H2V do Pecém e os empreendimentos de geração de energia eólica “offshore” e “onshore” e solar fotovoltaica – Salmito Filho entende que, para alcançar seus objetivos, terá de associar, de forma inteligente, “as nossas vantagens competitivas locais, ouvindo os segmentos representativos da economia cearense”.
E o primeiro a ser ouvido – provavelmente a audição mais importante nesta fase inicial de sua gestão – será o ex-titular da pasta, engenheiro Maia Júnior, que conhece pessoalmente, e pelo nome, os dirigentes e executivos de cada uma das 24 empresas nacionais e estrangeiras com as quais o Governo do Ceará celebrou Memorandos de Entendimento para a instalação de projetos produção de Hidrogênio Verde no Complexo do Pecém.
Esta coluna pode informar que Maia e Salmito já trocaram mensagens e discretamente, como manda o bom manual da gestão corporativa, marcaram sua primeira reunião presencial.
Será como se Maia Júnior fosse passar para o seu sucessor os códigos secretos ou, numa linguagem de arquibancada, fosse ensinar-lhe o caminho das pedras para alcançar a melhor interlocução com as lideranças do setor produtivo daqui e d’alhures.
Na sua fala à coluna, Salmito Filho adiantou que outra de suas primeiras atenções será a de “trabalhar junto ao Governo Federal pela urgente regulamentação da produção do Hidrogênio Verde, no que o Ceará está pronto para assumir protagonismo no Brasil e no mundo”.
Ele também prometeu que usará o melhor de sua capacidade de trabalho para não só consolidar, mas ampliar e melhorar mais ainda o ambiente de negócios no Ceará, para o que buscará a transversalidade das relações com secretarias afins do governo e com entidades empresariais da indústria, da agropecuária e do comércio.
A Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) é o carro-chefe de toda a gestão pública da economia estadual, mas várias de suas principais atividades dependerão de outras pastas, como, por exemplo, a de Ciência e Tecnologia, para a qual foi nomeada uma cientista respeitada na sua comunidade – a professora doutora Sandra Monteiro.
Salmito está ciente de que só a boa relação – já existente – de sua secretaria com as de Meio Ambiente, Turismo, Cultura e C&T e com a liderança do empresariado, via Fiec, Faec e Fecomércio, e da comunidade acadêmica, via UFC, permitirá avançar sobre o que já foi conquistado até aqui.
De acordo com o futuro secretário da SDE, “a política de desenvolvimento é uma construção participativa, com inteligência de dados, usando ‘data science’, com planejamento, metas, avaliações sistemáticas e com relações colaborativas e Inter Federativas”.
Salmito Filho tem livre trânsito nos corredores das grandes entidades empresariais, é respeitado pelo universo dos empreendedores da área da Ciência e Tecnologia e tem, ainda, excelentes relações com o mundo da política, de onde está chegando do Legislativo para o Executivo.
Por enquanto, ele evita alongar-se sobre o que pretende alcançar como metas de gestão na SDE, preferindo, primeiro, equipar-se de informações que lhe permitam compreender todas as áreas de atuação da pasta, que incluem desde a agropecuária (está vinculada a ela a Secretaria Executiva do Agronegócio, chefiada pelo agrônomo Sílvio Carlos Ribeiro, um doutor em agricultura irrigada e quadro técnico da mais alta qualidade) e toda a indústria, incluindo o Complexo do Pecém e a ZPE-Ceará.
Salmito não disse, mas a impressão que ficou de sua conversa com esta coluna é de que procurará escalar sua equipe usando o critério técnico. Esta providência foi, muito certamente, a causa do êxito da gestão do secretário que sai, Maia Júnior, e ele sai sob o aplauso de torcedores alvinegros e tricolores, ou seja, de aliados e adversários.