Mudança na Lei da ZPE será boa para o Ceará, diz secretário

Maia Júnior anuncia que uma empresa paulista, interessada em comprar a Troller, quer produzir grafeno no Pecém. O grafeno, oriundo da Grafita, encontrado no chão de Aracoiaba e do Baixo Jaguaribe, reduzirá o peso das pás eólicas

Está para ser votada na Câmara dos Deputados a Medida Provisória 1033, que muda radicalmente a legislação das Zonas de Processamento para Exportação (ZPE), permitindo que as empresas nelas instaladas vendam para o mercado interno brasileiro 100% de sua produção e possibilitando, ainda, que dentro delas também operem companhias da área de serviço.

“Será muito bom, por exemplo, para as empresas de engenharia e de consultoria, que ficarão muito próximas de potenciais clientes”, como admitiu à coluna o engenheiro Maia Júnior, secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet), estado que abriga a única ZPE em funcionamento no País.

De acordo com o secretário Maia Júnior, a nova legislação das ZPEs, se realmente for aprovada, será mais um ingrediente para tonificar o processo de modernização da estrutura estatal cearense, cujo governo investe em novas áreas da indústria e do agronegócio.

Um exemplo dessas novidades será o Centro de Cultura Protegida, um polo de pesquisa biotecnológica que o governo do Ceará implantará no Cariri, na mesma área onde funcionou a falida e desativada usina de açúcar de Barbalha. 

Esse centro – que terá foco no pequeno e no grande produtor – será orientado por especialistas da Universidade de Wageningen, na Holanda, com a qual a Sedet já celebrou um contrato de consultoria. 

Os holandeses são os donos da melhor tecnologia mundial da cultura agrícola sob estufas, por meio da qual os países que já a desenvolvem produzem mais, usando menos água e menos área, ou seja, multiplicando a produtividade.

“Daremos um salto de qualidade com o Centro de Cultura Protegido”, diz o secretário Maia Júnior, na opinião de quem as empresas cearenses da agropecuária devem investir mais em pesquisa de solo para otimizar seus atuais polos de produção que se localizam no Cariri, na Chapada do Apodi e na Serra da Ibiapaba.

Esses investimentos já vêm sendo feito por empresas cearenses que cultivam trigo e algodão na Chapada do Apodi, no Leste do Estado, e soja, milho e também trigo na Ibiapaba, no Noroeste.

Maia Júnior vê largas perspectivas para a fruticultura e a caprinocultura cearenses, mas vê com muito entusiasmo e otimismo o setor do turismo, “que tem capacidade de se erguer muito rapidamente.

Outro setor de futuro cada vez mais promissor, citado por Maia Júnior, é o das energias renováveis, no qual têm crescido os investimentos privados, que serão ainda mais robustos com a implantação das usinas eólicas “offshore” (dentro do mar) já programadas para o litoral do Pecém e de Camocim.

O titular da Sedet revela que executivos de um grupo industrial paulista, interessado em comprar a fábrica da Troller, que a Ford decidiu manter em operação até dezembro deste ano em Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza, já se reuniram com a direção da CIPP S/A, negociando a possibilidade de instalar-se na ZPE do Pecém, onde produziria, além de novos modelos do Troller, também carros elétricos e, ainda, o grafeno, um mineral extraído da grafita, que existe no solo de Aracoiaba e municípios do Baixo Jaguaribe.

O grafeno poderá ser usado na fabricação de pás eólicas, cujo peso seria substancialmente reduzido, e, também, de membranas utilizadas no processo de dessalinização da água do mar. 

“O Ceará pode estar encontrando agora as bases de sua nova economia”, comenta, entusiasmado, o secretário Maia Júnior.



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