Durante todo o dia de ontem, quarta-feira, 3, os 25 integrantes da Missão da Faec (Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará) que visita os grandes projetos de irrigação da Califórnia conheceram as novas tecnologias de controle da água que estão sendo usadas pelas fazendas agrícolas norte-americanas.
Uma dessas fazendas, a do agricultor Ronnie Leimbruger, em Holtville, no sul californiano, deixou impressionados os cearenses: ela produz alfafa para os rebanhos bovinos e capim bermuda para os rebanhos equinos, utilizando a irrigação por gotejamento subterrâneo. É algo realmente impressionante: Leimbruger produz mais capim usando menos água, que é liberada por sensores, que, por sua vez, atendem aos impulsos da raiz da planta.
Para o cultivo da alfafa, a fazenda de Ronnie Leimbruger utiliza, também, a tecnologia do aspersor de movimento linear, já usado no Ceará na Fazenda Flor da Serra, do agropecuarista Luís Girão, na Chapada do Apodi.
“Todos aprendemos muito durante as visitas de ontem”, contou à coluna o secretário Executivo da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Sílvio Carlos Ribeiro, que é doutor em agronomia. Ele disse que, neste momento, Leimbruger “está testando sete tipos de irrigação para as suas diferentes culturas”, o que revela a importância da tecnologia e da inovação no desenvolvimento da economia agrícola dos Estados Unidos, principalmente na Califórnia, estado beneficiado pela transposição das águas do rio Colorado.
O esforço de Ronnier Leimbruger é totalmente apoiado pela Universidade da Califórnia, cujos pesquisadores – como acontece nas demais universidades norte-americanas e, igualmente, nas da Europa – trabalham com o objetivo de ajudar as empresas privadas a produzirem mais e melhor, com custos menores e resultados maiores.
“Esta é a essência da interação da academia dos países desenvolvidos com a iniciativa privada, um modelo que deveria ser copiado no Brasil”, comentou o presidente da Faec, Amílcar Silveira, que lidera a missão.
Sílvio Carlos Ribeiro disse que o governo dos EUA tem hoje recursos específicos para bancar projetos que melhorem a eficiência do uso da água.
“São US$ 40 bilhões destinados a essa finalidade, e há vários projetos em desenvolvimento, e um deles é o da fazenda de Ronnie Leimbruger. O governo financia 50% do projeto, cabendo ao empresário bancar a metade restante. Mas o projeto tem, obrigatoriamente, de ser voltado para a inovação tecnológica que permita otimizar o uso da água, ou seja, o objetivo é sempre produzir mais com menos água”, explicou Sílvio Carlos Ribeiro.
No caso da fazenda de Leimbruger, a inovação está sendo feita em novos tipos de irrigação e, também, na automação das comportas que liberam água dos canais que transportam água para a irrigação da fazenda.
Ontem, à tarde, a missão da Faec visitou a fazenda Fondomonte, pertencente a uma empresa da Arábia Saudita, que, entre outras coisas, produz leite bovino. Na Califórnia, os sauditas produzem alfafa, cuja produção é totalmente exportada para o seu país para garantir a boa alimentação dos seus rebanhos. Na gigantesca área irrigada da Fondomonte, as comportas dos canais de irrigação são todas automatizadas.
“Tivemos mais um dia de proveitoso aprendizado. Tomamos conhecimento das novidades tecnológicas relativas ao melhor e mais eficiente uso da água. Nosso local de trabalho é o semiárido do Ceará, onde a água deve ser cuidada e usada como um bem do mais alto valor. Nossos agrônomos que estão aqui nesta viagem transmitirão os novos conhecimentos aos nossos demais agrônomos e técnicos agrícolas, que os retransmitirão aos produtores rurais do Ceará”, disse o superintendente do capítulo cearense do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-CE), Sérgio Oliveira.