Um grupo de 20 executivos cearenses reuniu-se ontem à noite para ouvir os empresários Igor Queiroz Barroso, presidente do Conselho de Administração do Grupo Edson Queiroz (GEQ), e Patriciana Queirós Rodrigues, presidente do Conselho de Administração do Grupo Pague Menos, que contaram, resumidamente, a sua história empresarial. O depoimento dos dois chegou a emocionar o seleto e silencioso auditório.
O encontro intimista, que se realizou em um restaurante da Avenida Senador Virgílio Távora, foi promovido pela Consulting House, empresa sediada em São Paulo e especializada em eventos corporativos, cujo chairman Fernando Nogueira disse, na sua curta fala de abertura, que o grupo ali reunido estava “com os ouvidos atentos para aprender” com a experiência dos dois empresários.
Patriciana Rodrigues foi a primeira a falar, e começou elogiando o pai e fundador da Pague Menos, Deusmar Queirós, presente à reunião, que, na juventude dos seus 77 anos, resolveu, de modo precoce, a sucessão na empresa, que hoje tem 1.650 lojas em mais de 400 capitais e cidades dos 27 estados e Distrito Federal.
“Temos loja em Manacapuru, na Amazônia, e também em algumas cidades nas quais a Pague Menos é a única referência de saúde para a população local. Mas em boa parte de nossas unidades, dispomos da tecnologia da telemedicina, que é o futuro que chegou!”.
Ela lembrou que, quando a Pague Menos nasceu em 1981, “eu tinha apenas cinco anos de idade, mas aos oito já brincava de trabalhar na empresa, pois foi assim que eu e meus três irmãos fomos ensinados: a estudar e a trabalhar”.
Cada um percorreu os diferentes setores da empresa. “Eu, por exemplo, comecei no Departamento de Novos Negócios e digo que foi lá que aprendi a construir caminhos para novas oportunidades de negócios”.
Patriciana recordou que, nos idos de 1993, quando nem se falava no empoderamento das mulheres, o Grupo Pague Menos já concedia às mulheres o destaque que hoje elas merecem.
“Criamos o Encontro de Mulheres Pague Menos, cujo último evento reuniu 20 mil mulheres”, contou ela.
Igor Queiroz Barroso, pondo-se de pé como fizera Patriciana, dispensou o microfone e contou sua história, iniciando-a pela declaração de que sempre foi irrequieto, dispondo-se a enfrentar e vencer todos os desafios. Na juventude, aprovado no vestibular da Universidade Federal do Ceará (UFC), deparou-se logo com a questão ideológica, o que o levou a transferir-se para a Unifor, onde se graduou em Administração de Empresas e em Ciências Contábeis.
Posteriormente, fez um MBA internacional por meio do qual observou as nuances do capitalismo nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.
Aos 26 anos, recebeu da avó, Dona Yolanda Queiroz, o convite para ingressar no GEQ. Com todas as letras, Igor disse que, na corporação fundada pelo avô, “eu me realizaria em qualquer lugar que fosse”, o que realmente aconteceu.
Ele narrou suas experiências nas diferentes áreas de atuação do GEQ, incluindo o comando da Esmaltec – uma das maiores fábricas de produtos da linha branca do país – cujas contas deficitárias ele transformou em superavitárias em dois anos.
Presidente do Conselho de Administração do GEQ, Igor Queiroz mandou uma mensagem a quem sonha tornar-se conselheiro de empresas: “O Conselho não é lugar para quem quer só passar o tempo”. (Antes, Patriciana Rodrigues havia dito: “Quem está querendo aposentar-se não deve ser conselheiro.”)
Depois da fala de ambos, houve uma sessão de perguntas. Uma delas, dirigida a Patriciana, foi sobre a presença de Deusmar Queirós no dia a dia da empresa. Ela respondeu assim: “O Duesmar nos engravida com suas boas e oportunas observações, que são sempre ensinamentos”.
Igor Queiroz foi perguntado sobre como ele vê o Brasil e seus desafios nos próximos cinco anos. Resposta: “O Brasil é desafiador. Concordo com quem disse que o Brasil não é para amadores, pois aqui até o passado muda.”
E encerrou, lembrando que quando o GEQ fechou uma de suas aquisições, os juros eram de 3% ao ano. “Quando o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou o negócio, os juros estavam a 9% ano”.