Hoje, a super 4ª feira, Brasil e EUA decidem sobre os juros

Aqui, o Copom deverá manter a Selic em 13,75%; nos EUA, a aposta é de que os juros aumentarão 0,25%. Ontem, a Bolsa caiu, o dólar subiu e o presidente da Argentina voltou sem dinheiro

Legenda: A Bolsa de Valores brasileira B3 caiu forte ontem, terça-feira, dia do primeiro pregão do mês de maio
Foto: AFP

Ontem, a Bolsa de Valores B3 realizou seu primeiro pregão deste mês de maio. E foi mais um dia ruim: a Bolsa teve queda forte, de 2,40%, encerrando as operações aos 101.926 pontos. O dólar, por sua vez, subiu e retornou ao patamar acima dos R$ 5, fechando cotado a R$ 505, com alta de 1,19%.

Uma das causas da má performance da B3 no dia de ontem foi a forte queda do preço internacional do petróleo do tipo Brent, negociado na Bolsa de Londres e importado pela Petrobras. Foi uma queda de 5,16%, o que fez desabar o preço do barril para US$ 75,22. 

Resultado: as ações da Petrobrás, que são uma das blue chips da Bolsa brasileira, caíram mais de 4% no dia de ontem. Blues chips são as ações mais negociadas e por isto mesmo mais valorizadas da Bolsa. Outra blue chip – a Vale – também sofreu desvalorização ontem, porque os preços do minério de ferro na China caíram. A Vale é a maior exportadora de minério para o mercado chinês.

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A economia chinesa começa a reagir depois do longo período de pandemia que enfrentou, mas seu crescimento se dá de modo lento, e isto tem influído no comportamento dos mercados, assim como os juros nos Estados Unidos e na Europa. As bolsas norte-americanos fecharam em queda ontem, revelando a cautela dos investidores quanto ao que decidir hoje o Federal Reserve, o Banco Central de lá.

Esta, aliás, é a chamada super quarta-feira nos Estados Unidos e aqui no Brasil. Lá, o FED, que está reunido desde ontem, deverá aumentar hoje em 0,25% a taxa de juros de sua economia, pelo menos este é o consenso do mercado.

Aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que está desde ontem reunido, anunciará, logo após as 17 horas, quando se encerrará o pregão da Bolsa B3, o que decidiram seus novo integrantes. Cem por cento do mercado apostam que o Copom manterá a taxa de juros Selic no patamar em que se mantém desde agosto do ano passado, ou seja, 13,75% ao ano.

Trata-se de uma decisão aguardada pelo governo, cujo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aguarda com ansiedade o que dirá o comunicado que o Copom emitirá após a reunião. 

Será uma boa notícia para o governo se o comunicado trouxer a indicação de que, em sua próxima reunião, daqui a 45 dias, os juros poderão começar a cair. Se esta indicação não vier, como esta coluna já o disse aqui, as relações do governo do presidente Lula com a atual diretoria do Banco Central irão para o espaço.

O Banco Central é a autoridade monetária, o organismo que estabelece a política de juros, para o que leva em conta a inflação e, principalmente, a política fiscal do governo. O presidente do Banco Central, economista Roberto Campos Neto, tem dito e repetido que as políticas monetária e fiscal devem caminhar de modo convergente. Ele elogiou a iniciativa do governo de apresentar uma nova matriz fiscal, que está agora tramitando no Congresso Nacional.

Apesar dos elogios à iniciativa do governo, o presidente e os demais diretores do Banco Central aguardam a discussão e a aprovação do novo arcabouço fiscal pelo Parlamento. A dúvida que paira sobre a proposta, tanto no Banco Central quanto no mercado, é em relação à capacidade do governo de garantir as receitas tributárias necessárias ao cumprimento das metas da nova matriz fiscal.

Como aqui tem sido dito, o arcabouço fiscal – que substituirá o teto de gastos – está alicerçado no aumento da arrecadação, que terá de gerar neste ano uma montanha de dinheiro do tamanho de R$ 150 bilhões. Para isso, o governo terá de cortar isenções e incentivos fiscais, e isto criará, como está criando, problemas no Senado Federal e na Câmara dos Deputados.

E ontem o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto seu colega argentino Alberto Fernandez, que viajou de Buenos Aires a Brasília para pedir ajuda financeira ao governo brasileiro. 

Ao final do encontro, o presidente Fernandez retornou ao seu país levando na bagagem apenas a promessa de Lula, segundo a qual o governo brasileiro se empenhará junto ao FMI e também junto à China e ao banco dos BRICs no sentido de obter a ajuda de que precisa a Argentina para sair da grave crise econômica e financeira em que se encontra. 

Falando aos jornalistas, Lula disse, textualmente: “Fernandez chegou apreensivo, mas vai voltar mais tranquilo. Sem dinheiro, mas com muita disposição política”.