Ontem, foi uma segunda morna no mercado financeiro. A Bolsa de Valores B3 teve uma queda de 0,43%, perdendo os 104 mil pontos e fechando aos 103.946 pontos. O dólar, por seu turno, fechou o dia cotado a R$ 5,04, com queda de 0,35%. O pregão da bolsa movimentou menos de R$ 20 bilhões, bem abaixo da média diária, que gira em torno dos R$ 30 bilhões.
Mas a semana deverá esquentar a partir desta terça-feira, quando começará a temporada de divulgação dos balanços dos grandes bancos e das grandes empresas relativos ao primeiro trimestre deste ano.
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Hoje, logo cedo da manhã, antes da abertura do mercado, o balanço do Banco Santander será divulgado, e a expectativa do mercado é de que ele virá com resultados menores. A causa são as medidas de cautela adotadas na concessão do crédito, tendo em vista os juros altos vigentes.
Deve ser levado em conta, também, o caso da Americanas, cujo calote de mais de R$ 40 bilhões levou os bancos a medidas de provisionamento para encarar o prejuízo.
Amanhã, será a vez do balanço da Vale, uma das empresas de maior peso no Índice Ibovespa, cujas ações caíram no pregão de ontem por causa da queda do preço internacional do minério de ferro, que desceu aos níveis mais baixos neste ano tendo em vista que a China reduziu sua demanda.
Há muita expectativa no mercado sobre o cenário político, que promete muita emoção com a tramitação da proposta da nova matriz fiscal na Câmara dos Deputados e no Senado Federal e com a próxima instalação da CPMI – Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que apurará o que aconteceu de verdade no dia 8 de janeiro deste ano, quando centenas de manifestantes invadiram e vandalizaram as sedes dos podes Executivo (o Palácio do Planalto) do Legislativo (a Câmara e o Senado) e do Judiciário (a sede do STF).
Também há expectativa em torno da divulgação, amanhã, da prévia do IPCA, que é o índice oficial da inflação brasileira. Esse dado influenciará na decisão que nos próximos dias 2 e 3, terça e quarta feiras da próxima semana, tomará o Comitê de Política Monetária do Banco Central a respeito da taxa básica de juros Selic.
Pelos sinais até agora emitidos pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e pelo que se lê nos relatórios que os economistas dos grandes bancos elaboram diariamente e os enviam aos seus clientes, a impressão que se colhe é de que a Selic será mantida nos atuais 13,7% ao ano.
Se isto acontecer, e tudo indica que acontecerá, as relações do governo com a autoridade monetária, que já são muito ruins, serão deterioradas de vez. Então, esperemos pelo que decidirá o Copom na próxima semana.
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a dizer que abrirá o que chamou de “caixa preta” das isenções e incentivos fiscais, e adiantou que espera tirar dela os R$ 150 bilhões de que necessitará para que se cumpram as metas do novo arcabouço fiscal, a principal das quais será a produção de um superávit primário de 0,5% do PIB em 2025 e de 1% em 2026.
Esta coluna volta a repetir: Haddad mexerá em um vespeiro, se, por exemplo, tocar nos incentivos fiscais concedidos à Zona Franca de Manaus, à Sudam da Amazônia, à Sudene do Nordeste e à Sudeco do Centro-Oeste.
Uma notícia surpreendeu ontem o mercado financeiro no dia de ontem. Divulgada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, a informação revelou que os planos de saúde, em todo o país, registraram, no quarto trimestre do ano passado, os piores resultados desde 2001, quando se iniciou a série histórica do setor, o que repercutiu diretamente no resultado total do exercício de 2022.
Segundo o relatório da agência, o lucro líquido das empresas de planos de saúde, no ano de 2022, caiu de R$ 3,8 bilhões para apenas R$ 2,5 milhões, Vale repetir: de R$ 3,8 bilhões para somente R$ 2,5 milhões.
É um lucro ridículo, se for levada em conta a receita dos planos de saúde, que alcançaram, no ano passado, a montanha de R$ 237,6 bilhões.
O site InfoMoney, especializado em economia, fez os cálculos e concluiu que, para cada R$ 1 mil de receita, os planos de saúde tiveram apenas R$ 0,01 de lucro.
Essa má performance das empresas de planos de saúde é o resultado pós pandemia. Em 2020, o lucro dessas empresas foi recorde, alcançando R$ 18,7 bilhões; em 2021, esse lucro caiu para R$ 3,8 bilhões; e no ano passado desabou para R$ 2,5 milhões.
A propósito: no próximo mês de maio, o valor da mensalidade cobrada pelos planos de saúde aumentará. Aliás, alguns desses planos já subiram neste corrente mês de abril.