Hoje, sexta-feira, haverá em São Paulo o que podemos chamar de operação socorro para salvar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, segundo as especulações da política, estaria passando por um processo de fritura cujo objetivo é tirá-lo do governo.
Interessados na substituição de Haddad estariam os ministros com gabinete no Palácio do Planalto e o comando do PT, cuja presidente é Gleisi Hoffmann, que querem aumentar os já elevados gastos do governo, enquanto o ministro da Fazenda trabalha no sentido contrário, ou seja, na tarefa de zerar o déficit das contas públicas.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos, a Febraban, Isaac Sidney, acompanhado de diretores da entidade de representantes de instituições financeiras reunir-se-ão hoje na capital paulista com Fernando Haddad, a quem deverão declarar apoio à sua gestão no ministério da Fazenda.
Na opinião dos operadores do mercado financeiro, o ministro Haddad é o único no governo comprometido com a austeridade fiscal, apesar de ter tomado algumas medidas equivocadas, a última das quais se tornou realidade com a Medida Provisória que reduzia os créditos do PIS/Pasep e Cofins. Tão equivocada que foi devolvida pelo presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, que a mandou de volta ao Executivo.
Ontem, os ministros da Fazenda e do Planejamento, Simone Tebet, deram entrevista coletiva à imprensa com o claro objetivo de acalmar o mercado, que anda nervoso. A tentativa deu certo em parte, porque a Bolsa de Valores fechou em queda branda, de 0,31%, aos 119.567 pontos, mas o dólar desceu de R$ 5,41, cotação da quarta-feira, para R$ 5,36, cotação de ontem.
Fernando Haddad disse que as equipes técnicas dos ministérios da Fazenda e do Planejamento estão trabalhando no sentido de rever as despesas do governo e acenou para o Orçamento Geral da União de 2025, que, segundo ele, deverá alcançar o equilíbrio das contas.
Por sua vez, a ministra Simone Tebet reforçou as palavras do seu colega da Fazenda, dizendo que até o fim do próximo mês de julho o orçamento estará estruturalmente montado para ser enviado em agosto ao Congresso Nacional.
A queda do dólar, ontem, teve também a contribuição do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Ele disse que a recente explosão do dólar é transitória, momentânea, porque o país tem bases sólidas e compromisso fiscal. Bases sólidas o país tem, mas compromisso com a austeridade fiscal o governo não mostrou ainda, porque seus gastos só aumentam.
Resumindo: o Palácio do Planalto não pode prosperar com a ideia de substituir Fernando Haddad no ministério da Fazenda. É ele que tem o apoio e a credibilidade do mercado, que o vê como a única pessoa na equipe ministerial do presidente Lula com o firme compromisso de buscar o equilíbrio das contas públicas, isto é, de zerar o déficit orçamentário, que é deficitário desde 2014.
Insistir na fritura do ministro da Fazenda será um tiro de canhão no próprio pé do governo, que continua com popularidade baixa e com alta desconfiança do mercado.