Grendene tem receita de R$ 3,1 bilhões em 2022

O faturamento da empresa, que tem 10 fábricas no Ceará, cresceu 9,6% no ano passado em relação ao ano anterior. O lucro líquido anual alcançou R$ 613 milhões.

Legenda: Complexo industrial da Grendene em Sobral (CE), onde emprega mais de 15 mil pessoas.
Foto: Divulgação

Em 2022, a Grendene – gigante brasileira da indústria de calçados, com 10 fábricas no Ceará, dando emprego a mais de 20 mil pessoas -- registrou receita bruta de R$ 3,1 bilhões, crescimento de 9,6% em comparação a 2021, quando o valor ficou em R$ 2,8 bilhões. 

O lucro líquido foi de R$ 613 milhões, 13,2% maior do que o do mesmo período do ano passado. Já o volume total de pares vendidos foi de 148,2 milhões, um recuo de 3,8%.

Já no quarto trimestre do ano passado, a receita bruta foi de R$ 938 milhões, recuando 0,9% em relação ao mesmo trimestre de 2021. O resultado líquido recorrente foi de R$ 209 milhões, 10,8% menor. 

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Alguns aspectos do cenário macroeconômico ajudam a entender os números abaixo das projeções para o fim do ano passado, como explica Alceu Albuquerque, diretor de Relações com Investidores da empresa. 

“Sofremos impactos de condições adversas, como o aumento da inflação, taxas de juros elevadas, alto nível de desemprego, incertezas político-econômicas, além das temperaturas abaixo da média histórica para o período nas regiões Sul e Sudeste”, afirma o executivo.

Para superar o ambiente desafiador, a Grendene desenvolveu ações para incentivar o sell in e o sell out dos produtos no mercado interno, responsável por cerca de 75% do faturamento da companhia. 

Como resultado, a receita bruta no mercado interno foi de R$ 710 milhões, crescimento de 2,5% em relação ao quarto trimestre de 2021. Já o volume de pares vendidos, entre outubro e dezembro, foi de 34,2 milhões, queda de 13% em relação ao mesmo período de 2021.

Analisando o desempenho por segmento, as linhas femininas foram os destaques do trimestre, com crescimento de 50,2% e 20,3% da receita bruta e do volume de pares vendidos, respectivamente, na comparação com os mesmos três meses do ano passado. 

O resultado foi impulsionado pela marca Zaxy, por conta de seus produtos com tecnologia de EVA, e da linha infantil/baby da marca.

No mercado internacional, as condições foram próximas das encontradas no Brasil. Os países da América Latina, principal destino das exportações da Grendene, foram impactados pelas incertezas globais, pressão no câmbio, juros elevados e inflação alta, levando à inibição do consumo. Outras regiões do mundo também sofreram com a escalada da inflação, ainda em consequência da pandemia de Covid-19 e da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Com esse contexto, a receita bruta das exportações foi de R$ 228 milhões no trimestre, 10,3% menor do que no mesmo período de 2021. O volume de pares embarcados foi de 9,4 milhões, uma retração de 20,9%.

O EBIT (earnings before interests and taxes – lucro operacional antes dos efeitos financeiros) recorrente alcançou R$ 132,1 milhões no último trimestre de 2022, queda de 25% em comparação a igual período do ano anterior. 

A margem EBIT recorrente recuou para 17,3% (-5,0%, resultado da pressão da mão de obra sobre o Custo por Produto Vendido (CPV), dos investimentos em publicidade e propaganda, da aceleração das lojas on-line e de investimentos estratégicos em tecnologia e inovação.

O resultado financeiro alcançou R$ 56,9 milhões no quarto trimestre, um avanço de 3,8% frente aos mesmos meses de 2021. No acumulado do ano foi de R$ 336,2 milhões, alta de 111,2% versus 2021. Já o resultado líquido recorrente no período caiu 10,8%, totalizando R$ 209 milhões em comparação aos R$ 234,2 milhões dos três últimos meses de 2021.

Apesar dos desafios enfrentados em 2022, Albuquerque se mostra otimista para 2023. 

“Inúmeras iniciativas em curso mostram-se promissoras para agregar receita, volume e margens para a companhia. A estruturação da Grendene Global Brands, por exemplo, traz a possibilidade de atuarmos no mercado externo de forma mais direta, fortalecendo nossas marcas e construindo canais de distribuição”, diz ele. 

“Também projetamos o crescimento das vendas dos e-commerce de nossas marcas. O canal hoje representa cerca de 2,5% das nossas vendas no mercado interno, mas tem potencial para superar 10% do volume no médio prazo. A recente internalização da operação da Melissa deve trazer ganhos, possibilitando maior controle das atividades e proximidade com o franqueado e com o consumidor final”, finalizou Alceu Albuquerque.