Governo mobiliza sua base e o mercado reage. Mateus lucra R$ 240 mi

Palácio do Planalto decide liberar emendas parlamentares para garantir votos na Câmara dos Deputados. Haddad é melhor avaliado pelo mercado. Grupo Mateus abre mais duas lojas na RMF.

Legenda: Sediado em São Luís do Maranhão, o Grupo Mateus amplia sua presença no Ceará
Foto: Divulgação

Mais um dia de ganhos na Bolsa de Valores brasileira, a B3, que fechou o seu pregão de ontem, quarta-feira, com alta de 0,31%, aos 107.448 pontos. O dólar encerrou as operações sendo negociado a R$ 4,95, com uma queda de 0,76%.

Colaborou para mais uma boa performance da Bolsa a reunião que, em nome do governo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior, Geraldo Alckmin, fez ontem no Palácio do Planalto com o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, e líderes de partidos que compõem a base governista naquela casa legislativo.

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A reunião, da qual participou também a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffman, serviu para pressionar os líderes dos partidos da base aliada no sentido de que garantam os votos necessários à aprovação das propostas do governo, principalmente a que cria o novo arcabouço fiscal.

Para isso, o governo assegurou que liberará as emendas parlamentares para os deputados que integram o chamado Blocão, um ajuntamento que reúne o União Brasil, o PP, o PDT, o Solidariedade, o Patriota e a Federação PSDB-Cidadania.

Por enquanto, esse blocão não tem garantido vitória do governo na Câmara dos Deputados.

Depois da reunião de ontem, que teve também a presença do ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha, espera-se que hoje o cenário na Câmara seja desanuviado, o que quer dizer o seguinte: com a liberação das emendas parlamentares, algo no valor de R$ 9 bilhões, cresceu muito a possibilidade de aprovação dos projetos de interesse do governo.

Na semana passada, a Câmara impôs uma derrota ao Palácio do Planalto, ao rejeitar mudanças que o governo fez na lei do chamado Marco do Saneamento. Houve 295 votos contra e somente 136 votos a favor, o que revelou a insatisfação dos deputados do Blocão com a maneira como o Planalto está conduzindo a articulação política com o Parlamento.

Espera o mercado financeiro que a reunião de ontem – a que esteve presente o líder do governo, deputado cearense José Guimarães – distensione as relações do Executivo com o Legislativo, o que só se provará quando acontecer a primeira votação de interesse do governo, e a proposta da matriz fizscal é a principal delas.

Todavia, uma pesquisa do Instituto Genial/Ques junto aos operadores do mercado financeiro, divulgada ontem, revelou que, em dois meses, caíram de 33% para apenas 10% as condições de o governo do presidente Lula garantir uma maioria no Congresso capaz de aprovar suas propostas.

A pesquisa indicou, porém, que 51% dos entrevistados consideraram regular a chance de o governo conquistar a maioria no Parlamento.

A reunião de ontem no Palácio do Planalto, certamente, contribuirá para que essa maioria seja conquistada a partir de agora.

A mesma pesquisa Genial/Quest apurou junto aos operadores que 86% deles consideram negativa sua percepção quanto ao desempenho do governo Lula.

Mas esse percentual caiu desde o último levantamento, realizado há dois meses, quando bateu em 90%. Há dois meses, a percepção positiva era de zero por cento, saltando agora para 2%. 

Outra boa informação que veio dessa pesquisa indica que o mercado financeiro melhorou sua avaliação em relação à atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em março, essa avaliação positiva era de 10%; agora, é de 26%.

A pesquisa ouviu 93 operadores do mercado financeiro.

Tem contribuído para essa melhora o desempenho pessoal do ministro Haddad, que trabalha no sentido de alcançar o equilíbrio das contas públicas. Foi ele quem comandou a equipe que elaborou e apresentou ao Congresso Nacional a proposta do novo arcabouço fiscal, que irá, nos próximos 15 dias, à votação na Câmara dos Deputados.

E o Grupo Guararapes, dona da rede de lojas Riachuelo, que recentemente fechou sua fábrica de confecções em Fortaleza, demitindo duas mil pessoas, publicou ontem seu balanço financeiro relativo ao primeiro trimestre deste ano.

A empresa amargou um prejuízo de R$ 175,7 milhões. Esse prejuízo cresceu 119,2% em comparação com o prejuízo do mesmo primeiro trimestre do ano passado.

De acordo com o relatório encaminhado pela Guararapes à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esse prejuízo foi causado pelo aumento das despesas financeiras, com o imposto de renda e com a contribuição social.

E o Grupo Mateus, que tem sede em São Luís do Maranhão e que hoje inaugura mais duas lojas na Grande Fortaleza, publicou seu balanço do primeiro trimestre de 2023. O lucro da empresa maranhense, que já é a terceira maior do setor supermercadista do Brasil -- superando o Pão de Açúcar -- foi de R$ 240 milhões, ou seja, 20,3% a mais do que o obtido no mesmo trimestre do ano passado.

As receitas do Grupo Mateus alcançaram, de janeiro a março deste ano, a cifra de R$ 5,8 bilhões, um crescimento de 28,2% em comparação com o primeiro trimestre de 2022.