Enel Ceará: novo presidente trabalha para superar problemas

José Nunes quer construir um novo tempo na relação de sua empresa com clientes, governo e mídia. Solução para questões antigas com empresas do agro já está encaminhada

Legenda: José Nunes (foto), novo presidente da Enel Ceará Distribuição
Foto: Fernanda Siebra / SVM

Quando o propósito é do bem, o universo conspira a favor. É nesta viga filosófica que o novo presidente da Enel Distribuição Ceará, José Nunes de Almeida Neto, pretende sustentar seus esforços no sentido de construir um novo e bom tempo na relação de sua empresa com seus milhões de clientes consumidores, com o governo do estado e com os meios de comunicação cearenses. 

Remando nessa direção, Nunes tem permitido que sua agenda diária de compromissos se estenda para além do expediente normal. Na segunda-feira, 15, ele passou toda a hora do almoço reunido com 22 empresários da agropecuária, dos quais ouviu de tudo e aos quais confessou: “Os senhores têm razão. Vamos trabalhar para superar, no menor prazo possível, esses problemas.” Foi aplaudido.
 
Ontem, durante um par de horas, no mesmo horário, mas em endereço diferente, José Nunes conversou com esta coluna. E disse que, juntamente com sua equipe, quer superar, no curto prazo, os problemas que ainda dificultam a boa relação da Enel com a sua clientela. E revelou que as questões levantadas na véspera pelo empresariado do agro já estão encaminhadas, sendo que algumas já estão perto da solução.

Sobre o reajuste para baixo da tarifa de energia elétrica no Ceará, determinado ontem pela Aneel, Nunes esclareceu que a decisão tem dois aspectos que precisam de ser observados. O primeiro, “o gerenciável pela distribuidora, refere-se aos custos de operação, que têm a ver com a gestão”; o segundo, não gerenciável, “envolve a compra de energia mais barata, incluindo um mix de fontes renováveis (hidráulica, solar e eólica) do qual faz parte uma parcela de energia térmica”.

Para a redução da tarifa, a Aneel levou em conta o IGPM anual medido de março de 2023 a março deste 2024, que não passou de 4,63%. Foi esse baixo IGPM o principal argumento técnico da Aneel para determinar a redução tarifária no estado do Ceará.

Nunes revelou que a composição tarifária da Enel Ceará Distribuição é a seguinte: 30% referem-se à geração (compra da energia); 34% são relativos aos encargos e tributos (PIS, Cofins, ICMS); 29% dizem respeito ao consumo (a cada R$ 100 que o consumidor paga, em média, apenas R$ 29,30 destinam-se à cobrança dos custos de distribuição); e 6% são gastos com a transmissão. 

Com a receita oriunda do consumo, a Enel faz a manutenção da rede, conecta novos clientes, realiza o atendimento ao público em suas lojas, combate o furto de energia e desenvolve novos produtos.

José Nunes referiu-se ao caso acontecido no Beach Park, onde há uma semana houve um apagão que obrigou aquele parque aquático a suspender suas atividades. Ele disse que houve um defeito interno no Beach Park que, identificado, foi logo superado. 

Ele assegura que a Enel Ceará Distribuição tem um dos melhores quadros técnicos do país, e é com a qualidade desses profissionais que ele pretende alcançar a agilidade no atendimento das demandas da clientela da empresa.

Lembrou que, no ano passado de 2023, a Enel Ceará investiu R$ 1,3 bilhão para melhorar os seus serviços e equipamentos. Informou que sua empresa tem no Ceará 163 mil quilômetros de rede de distribuição, 27 subestações, 4,4 milhões de unidade consumidoras, 1,4 milhão de consumidores de baixa renda, com tarifa diferenciada, e 188 lojas de atendimento.

Nunes é um engenheiro com uma grande bagagem na área da distribuição da energia elétrica no Ceará. Ele integrou os quadros técnicos da antiga Coelce, de cuja privatização nasceu a Enel Ceará Distribuição. É um gestor muito respeitado por sua experiência, por sua austeridade. No almoço com os empresários do agro, ele ouviu elogios à sua capacidade de enfrentar e superar problemas. 

Transmitiram-lhe palavras de estímulos, entre outros, os agropecuaristas Luís Girão (Fazenda Flor da Serra), Cristiano Maia (Samaria Rações e Samaria Camarões), Jorge Parente (Alvoar Lácteos), Tom Prado (Iraueira Agropecuária), Rita Granjeiro (Fazenda Granjeiro), Gentil Linhares (Bomar) e Marden Vasconcelos (Tijuca Alimentos).
 
Luís Roberto Barcelos (Agrícola Famosa) foi sincero e direto na sua fala, ao dizer que a performance da Enel no Ceará e em São Paulo coloca em risco a filosofia da privatização. Ele explicou que, ao privatizar o serviço de distribuição de energia elétrica nesses dois estados, o governo pretendeu melhorar a qualidade do serviço, e não é o que se vê aqui. 

Barcelos frisou, porém, que José Nunes é a última esperança para que a situação atual da Enel seja mudada no curto prazo. Para isto, José Nunes terá de contar com o apoio dos seus hierarcas da Itália, onde está a cúpula dirigente do Grupo Enel que controla a empresa cearense.

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