Empresariado entra na eleição com ardor e paixão

Divididos entre as várias candidaturas, empresários cearenses trocam mensagens, vídeos e informações, tudo na velocidade do raio. Bem diferente das eleições dos anos 50 do século passado.

Legenda: A eleição deste ano é a eleição que mais mobiliza o empresariado cearense
Foto: Diário do Nordeste

Com 63 anos de batente, já tendo sido testemunha de dezenas de eleições, este colunista pode afirmar que a do próximo domingo, 2 de outubro – quando serão escolhidos deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores e o presidente da República – é a que está a mobilizar, de maneira ardorosa e apaixonada, o empresariado doo Ceará. 

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Acontece aqui o mesmo que se registra nos demais estados brasileiros: os que produzem na indústria, na agropecuária, na área do serviço, na cultura, na educação, na ciência e na tecnologia estão também divididos em torno das várias candidaturas, e isto é próprio da democracia, regime político que periodicamente se renova pelo processo eleitoral, o qual, por sua vez, se fortalece por meio dos partidos que abrigam os diferentes grupos ideológicos.

“É uma grande festa para a qual somos convidados, e mais uma vez estaremos presentes com o nosso voto”, dizem, felizes, os irmãos Francisco e Pedro da Silva Rocha, sócios da F. Rocha Pescados e Mariscos, donos de duas grandes lojas que vendem de tudo o que o mar produz.

Eles não dão pistas de sua preferência, revelando apenas que, junto a outros documentos guardados em um armário, “encontramos e separamos nossos títulos de eleitor”. 

Nos seus dois estabelecimentos, “o que mais se ouve nesta semana são as conversas sobre a eleição para governador e presidente”, revelam os irmãos Rocha.

Pelas redes sociais, o empresariado troca mensagens, repassa vídeos, transmite informações sobre pesquisas e posta fotos de eventos populares ligados ao pleito de domingo, usando para isso o telefone celular, algo inimaginável em 1954, quando Paulo Sarasate, da União democrática Nacional, a UDN, se elegeu governador do Ceará, derrotando seu adversário do Partido Social Democrático, o PSD, Armando Falcão.
 
Naquele tempo, sem televisão e sem telefone móvel, a UDN e o PSD polarizavam as atenções do eleitorado.

Nos comícios, cujos discursos eram transmitidos por vários alto-falantes, chamados popularmente de irradiadoras, os candidatos – em sua maioria, bons oradores – apresentavam suas ideias e seus planos de governo, ouvidos com atenção pela plateia. 

Essa polarização, porém, muitas vezes, provocava conflitos, alguns bélicos, e a crônica registra tragédias durante e após esses comícios. Este colunista testemunhou em Maranguape, em 1952, um tiroteio entre partidários da UDN e do PSD, de que resultou um morto. 

Hoje, com a modernidade da comunicação, tudo acontece e é registrado em tempo real. Na velocidade do raio, faz-se e propaga-se vídeo de tudo – da carreata à motociata, da reunião mais íntima ao discurso mais exasperado.  

Este período eleitoral que estamos a viver hoje, cuja propaganda gratuita foi encerrada ontem, preocupa pelo acirramento dos ânimos, mas isto também é parte da democrática mobilização popular, própria do esforço pela conquista de eleitores.
 
Um industrial da construção civil, que pediu anonimato, analisa o cenário eleitoral da seguinte maneira: 

“O brasileiro, o cearense no meio, já está ciente de que seu voto é a arma de que dispõe para cassar, livre e democraticamente, quem não cumpriu o que prometeu, quem praticou malfeitos, quem frustrou sua esperança”.

Outro empresário, um dos líderes do comércio varejista local, confessa-se entusiasmado com a eleição de domingo, pois “está acontecendo o que eu sempre imaginei, ou seja, a mobilização da população, que passou a dar valor ao seu voto”. 

Ele está certo de que o pleito de domingo se dará sob clima de tranquilidade, apesar da excitação dos candidatos e dos eleitores, ampliado pela cobertura da imprensa.
 
Observadores estrangeiros estão no Brasil há 48 horas para acompanhar a eleição geral, cujo resultado será conhecido poucas horas depois de encerrada a votação. 
  
VINHO EM LATA EM FORTALEZA

Já chegou aos bons restaurantes e bares de Fortaleza o vinho em lata – tinto e branco – produzido pela cearense Jaqueline Barsi, ex-Ambev, que decidiu, há mais de um ano, empreender na área em parceria com uma vinicultura gaúcha. 
Seu produto, com a marca Artse, segue uma novidade lançada com sucesso nos Estados Unidos. 
Entre os que dispõem em seu cardápio do vinho em lata de Jaqueline Barsi estão o Beach Park e os restaurantes do Hotel Gran Marquise. 

FAEC CRIA PROGRAMA BOM GESTOR DE ÁGUAS

Em parceria com a Secretaria Executiva do AgrOnegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (Sedet), a Federação da AgricUltura do Estado do Ceará (Faec) está criando o Programa Bom Gestor de Águas. 
O presidente da Faec, Amílcar Silveira, disse à coluna que se trata de uma iniciativa que oferecerá aos produtores rurais cearenses qualificação técnica em eficiência hídrica e no uso de água de forma sustentável. 

Detalhes do programa serão divulgados nos próximos pelo secretário Executivo Sílvio Carlos Ribeiro. Seus participantes receberão certificado e a placa de Bom Gestor de Água para que seja afixada em cada propriedade rural.