Em setembro, Fortaleza será a capital brasileira do algodão

O 14º Congresso Brasileiro do Algodão será realizado no momento em que o Brasil assume protagonismo mundial na produção e na exportação do produto. O Ceará trabalha para retomar sua cotonicultura com tecnologia e mecanização

Legenda: No Ceará, a produção de algodão usa tecnologia da Embrapa e sua colheita é mecanizada (foto)
Foto: SD/ Divulgação

Nos dias 3, 4 e 5 de setembro deste ano, o Centro de Eventos do Ceará receberá o 14º Congresso Brasileiro do Algodão, chamado, oficialmente, de 14º CBA. 

Ele acontecerá no exato momento em que a cotonicultura do Brasil assume protagonismo mundial na produção e na exportação desse produto que ganhou a denominação de “ouro branco”. E, também, no instante em que o estado o Ceará, que já foi o líder nacional da produção de algodão – nos anos 50 e 60 do Século XX – avança na direção da retomada dessa atividade, que hoje, ao contrário daqueles idos, é sustentada pela alta tecnologia da Embrapa, razão pela qual seu cultivo, sua colheita e seu enfardamento se fazem aqui de maneira mecanizada. 

No site que divulga o 14ª CBA, está escrito o seguinte: “Você não pode perder o maior evento de networking, pesquisa e tecnologia da cadeia produtiva do algodão brasileiro.”. 

Há, hoje, e com razão, uma euforia entre os produtores e exportadores brasileiros de algodão. A produção cresce, a produtividade é a maior do mundo e as vendas para o exterior disparam. Mas o consumo interno tem caído por causa da situação de crise grave por que passa a indústria têxtil e de confecções nacional.

De acordo com o USDA (que é, digamos assim, o ministério da Agricultura dos Estados Unidos), em sua última publicação do dia 12 de dezembro passado, o Brasil é hoje o terceiro maior produtor de algodão do mundo, ficando atrás da China, que também é o maior consumidor, e da Índia, que é o segundo.  

Consumindo 2,1 milhões de toneladas a mais do que produz, a China é o maior importador mundial de algodão. Durante quatro décadas, os Estados Unidos lideraram com folga a exportação do produto para a China, até que o Brasil, que vinha praticamente empatado com os norte-americanos, assumiu a liderança – segundo o USDA – tornando-se o primeiro do mundo na exportação de algodão. 

Esse cenário poderia estar bem melhor. Hoje, a indústria têxtil e de confecções brasileira, que já consumiu mais de 1 milhão de toneladas de algodão no começo nos anos 2000, hoje luta bravamente para manter o consumo próximo das 700 mil toneladas/ano. 

Como o Brasil vem produzindo, nas últimas safras, 3,17 milhões de toneladas/ano e como o consumo interno está reduzido, as exportações brasileiras de algodão deverão manter as 2,4 milhões de toneladas por safra. 

Resumindo: 77,9% do que o Brasil produz em algodão seguirão sendo exportados. E quem o importa, pela ordem, são a China, Vietnã, Bangladesh, Turquia Pakistão e Indonésia.

Esta coluna ouviu o engenheiro cearense Sérgio Armando Benevides, coordenador do Comitê de Algodão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT) e, também, gerente de Compras de Algodão da Têxtil União e da Companhia Valença, ambas do grupo Casa dos Ventos, do empresário Mário Araripe. 

Ele informou que a área plantada de algodão no Brasil registrou, na safra passada, recorde de produtividade da história devido ao perfeito regime de chuvas – “nem mais, nem menos”, como ele disse.

Benevides informou que a área cultivada do Brasil na safra do ano passado foi de 1,673 milhão de hectares de algodão. A colheita alcançou 3,170 milhões de toneladas. 

A Safra de 2024, que está sendo plantada, será a maior em área cultivada. No entanto, ele antecipa que, por causa do fenômeno El Niño, ela será menor do que a estimada.

Ainda de acordo com as informações de Sérgio Armando Benevides, o estado de Mato Grosso seguirá liderando a produção algodoeira brasileira, com 1.364 hectares de área cultivada, correspondentse a 75% da área plantada de algodão no Brasil.

Conclusão: o Congresso Brasileiro do Algodão – que em sua 13ª versão, no ano passado, reuniu 3.500 participantes de 29 países e de 23 estados brasileiros, além de 51 patrocinadores, 115 palestrantes e 176 trabalhos científicos apresentados – terá esses números bem ampliados na edição deste ano em Fortaleza.

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