Mais do que uma grande reunião de dois mil produtores rurais do Sertão Central, o evento promovido sábado, 6, em Quixeramobim pela Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) teve alta relevância para além das fronteiras do sindicalismo patronal.
Primeiro, porque a ele compareceram destacadas lideranças da política cearense, a começar pelo senador Cid Gomes, que é agricultor.
Segundo, porque a multidão presente pode testemunhar um fato muito mais importante e sem precedente: o casamento da indústria com o agro.
Terceiro, porque o próprio presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, acompanhado do ex-presidente da entidade, Fernando Cirino, fez questão de comparecer à gigantesca reunião dos produtores rurais, sinalizando a perfeita unidade existente, agora, entre industriais e agropecuaristas na busca das melhores soluções para os problemas da economia estadual.
São novos tempos que hoje vivem no Ceará os que trabalham e produzem na economia primária – que, como o nome sugere, gera as matérias primas – e a secundária, que as transforma em produtos acabados. Isto é bom, também, para o governo do estado, que passa a manter interlocução com lideranças fortes e reconhecidas do empresariado.
O presidente da Faec, Amílcar Silveira, e seu colega da Fiec, Ricardo Cavalcante, abraçaram-se diante do grande auditório.
Nesse plenário, um ginásio coberto, encontravam-se alguns ícones da indústria e do agronegócio do Ceará, entre os quais Cristiano Maia, maior produtor de camarão do país e maior fabricante de ração animal do Nordeste; Edson Brok, maior exportador de banana do Ceará para a Europa; Tom Prado, sócio e CEO da Itaueira Agropecuária, grande produtora cearense de melão, melancia, pimentão colorido, mel de abelha, suco de fruta e uva com a marca Rei; Gilson Gondim, produtor e exportador de flores e plantas ornamentais; Raimundo Delfino, industrial têxtil e hoje, com Airton Carneiro, o grande responsável pela retomada da cotonicultura no Ceará – ele cultiva algodão em 2.500 hectares na Chapada do Apodi; João Teixeira, bananicultor; e Cláudio Rocha, agropecuarista, dono de um dos mais conhecidos Haras do país.
Também estiveram presentes o secretário do Desenvolvimento Econômico do governo do estado, Salmito Filho, e seu secretário Executivo do Agronegócio, Sílvio Carlos Ribeiro, além do desembargador do Trabalho, Franzé Gomes.
O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, dirigindo-se ao seu colega da Faec, Amílcar Silveira, declarou-se impressionado com a grandiosidade do evento e assegurou que a Federação das Indústrias está pronta para ser parceira da Faec sempre que isto for necessário.
“Temos de caminhar juntos, porque a agropecuária produz e a indústria transforma”, disse Cavalcante sob aplausos.
Por sua vez, o senador Cid Gomes, também incentivado pela maciça presença dos produtores rurais, anunciou que apresentará emenda parlamentar ao OGU de 2024 no valor de R$ 10 milhões para a fundação de uma Cooperativa de Crédito e Produção da Agropecuária do Ceará.
Um detalhe chamou a atenção de quem presenciou o evento de Quixeramobim: a absoluta ausência de qualquer crítica aos governos federal e estadual. Novos tempos.
Os oradores, incluindo o representante dos agricultores, limitaram-se a falar sobre as questões de interesse do agronegócio, que perpassaram a necessidade de água para a atividade econômica no Baixo Jaguaribe, a paralisação do bombeamento das águas do Projeto S. Francisco para o Castanhão e a precariedade das estradas vicinais.
“Isto é revelador da maturidade política do agropecuarista cearense e, também, de sua liderança”, como comentou à coluna o presidente do Sindicato da Indústria de Lacticínios, José Antunes Mota, um agroindustrial frequentador assíduo das reuniões da Fiec e da Faec.
O evento de sábado passado foi o primeiro de uma série de encontros regionais que a Faec promoverá ao longo deste ano com a clara finalidade de congregar os produtores rurais de todos os tamanhos, tornando-os, pela união, mais fortes no encaminhamento de suas reivindicações.