Economia do Ceará avança com vento a favor

Anúncios de grandes investimentos nacionais e estrangeiros mudam até a agenda do Governo e dos empresários. E mais: "Cinco anos de saudades de Ivens Dias Branco; 2) Petshop não pode fazer cirurgias; 3) Fiec no Conselho de ética da CNI

No empresariado cearense da indústria e da agropecuária há um clima de otimismo, inflado pelas últimas notícias sobre grandes investimentos, a maioria estrangeiros, previstos para a área do Complexo do Pecém, entre os quais os relativos à produção de Hidrogênio Verde, a energia do futuro.

Na agenda do presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, constam reuniões quase diárias – pelo modo virtual ou presencial – com executivos de grandes grupos empresariais que querem detalhes do que acontece agora e do que está planejado para acontecer nos próximos dois, quatro, cinco, dez anos na infraestrutura do Estado.

A Fiec, representando o empresariado, e a UFC, em nome da academia, estão associadas ao projeto do governo do Estado de transformar o Complexo do Pecém num Hub de produção de Hidrogênio Verde, num polo de geração de energias renováveis e num centro industrial de dessalinização da água do mar.
 
Localizado na esquina do mundo, à meia distância da Europa e dos Estados Unidos, o Ceará dispõe de um equipamento estruturante que faz a diferença: um porto de águas profundas, o do Pecém, com infinita possibilidade de expansão.

Ao lado desse terminal portuário, operam a única ZPE em funcionamento no país e um polo industrial que, a se confirmarem os protocolos de intenção já celebrados e a serem pactuados pelo governo do Estado com investidores nacionais e estrangeiros, dividirão a história da economia do Ceará em duas distintas fases. 
 
Esta coluna conversou com o empresário Cristiano Maia, que é o maior produtor de camarão do país, com fazendas de criação em Paraipaba e Beberibe, aqui no Ceará, e em Pendências, no vizinho Rio Grande do Norte, atuando, também, nas áreas da construção pesada, na agricultura, na pecuária e na produção de rações para animais.

Eis seu depoimento sobre o tema:

“Impressiona-me a velocidade com que as coisas se passam no Ceará, que segue atraindo grandes investimentos em um momento de crise pandêmica. Isso, obviamente, tem várias causas, entre elas a já existente boa infraestrutura portuária, rodoviária, aeroportuária e de telecomunicação, de que são exemplo o Cinturão Digital e o Hub de Informática que junta em Fortaleza 16 cabos submarinos de fibra ótica, interligando o Ceará e o Brasil à Europa e aos EUA, e brevemente à África e à Ásia. 

“Além disso, o Estado conta com outra vantagem competitiva: o equilíbrio de suas contas públicas. O investidor identifica essas virtudes que o Ceará, seus governos, seus empresários e seus centros acadêmicos souberam construir ao longo dos últimos 30 anos, e isto não é pouca coisa, e esta é razão do que está acontecendo aqui”, comenta Cristiano Maia.
Para dar crédito ao seu comentário, ele fala de dois dos seus negócios:

“Na carcinicultura, voltamos a produzir a mesma quantidade de camarão que produzíamos antes do início da pandemia no Ceará e no Rio Grande do Norte: 1.040 toneladas/mês. Tudo vendido antecipadamente. Estamos concluindo negociação com um grande importador norte-americano, por meio do qual retomaremos nossas exportações para os EUA. Seus executivos estiveram aqui, visitaram nossas fazendas de criação e gostaram do que viram. Nosso quadro de pessoal cresceu e chega hoje a 3 mil funcionários. Não só a Samaria Camarões, mas outras várias empresas cearenses e potiguares produtoras de camarões já voltaram a exportar para a Europa e para os EUA, e esta é uma excelente notícia”.

5 ANOS DE SAUDADES DE IVENS DIAS BRANCO

Há exatos cinco anos, o Brasil e sua indústria –a do Ceará, principalmente – perderam um dos seus mais ousados e criativos empresários, Ivens Dias Branco, que criou um império industrial transformado hoje no Grupo M. Dias Branco, líder do mercado nacional de massas e biscoitos, cuja área de atuação alcança quase todo o País, dando emprego direto a cerca de 15 mil pessoas. 

Sob sua liderança, M. Dias Branco foi a primeira empresa do Norte e Nordeste a abrir o capital no Novo Mercado da Bolsa de Valores, a B3. Foi ele quem comandou o processo de crescimento da companhia, por meio de sete aquisições realizadas.
 
Ele levou a empresa a fazer investimentos na área social, sendo as mais recentes e relevantes a Escola de Gastronomia Ivens Dias Branco, no Mucuripe, e o Batalhão de Polícia Militar na Praia do Futuro, em Fortaleza, em cujos projetos foram investidos cerca de R$ 40 milhões. 

Ivens foi, também, um grande incentivador de projetos culturais e esportivos nos estados onde há fábricas da companhia, privilegiando, sempre, o Ceará, seu berço natal (ele era cearense de Cedro), na alocação desses recursos.
 
Ivens Dias Branco não era apenas o empresário visionário, que antecipava o futuro e suas tendências, mas era o que o livro de suas memórias titulou como “Simples, Criativo, Prático”.

À dona Consuelo Dias Branco e aos seus filhos Graças, Regina, Ivens Júnior, Marcos e Cláudio, que conduzem agora os negócios de M. Dias Branco, a saudade e a gratidão por tudo o que Ivens Dias Branco criou e desenvolveu em benefício do Ceará e dos cearenses.

MULHERES NA OFICINA AUTOMOTIVA

No bairro Cidade dos Funcionários, no lado Leste de Fortaleza, opera a Golube, uma loja de serviços automotivos que seria igual às outras, se não fosse por um detalhe: nela, as mulheres estão a tomar o lugar dos homens.

Dos 10 funcionários da loja, cinco são mulheres, sendo que uma é mecânica de autos.

Os donos da loja – Leonardo, com 19 anos nessa atividade, e Inaê Mendonça, marido e mulher – têm uma meta: tornar o naipe feminino maior do que o masculino, mas sem demitir os homens. 

E assim caminha a humanidade.

FIEC NO CONSELHO DE ÉTICA DA CNI

Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), foi eleito para integrar o Comitê de Ética da Confederação Nacional da Indústria (CNI), representando a região Nordeste.
 
Seu nome foi ratificado por meio da Resolução 01/2021, do Conselho de Representantes da CNI.

O Comitê averigua situações que configurem desrespeito ao Código de Conduta Ética e às políticas institucionais de Compliance da CNI e de órgãos nacionais do Sistema Indústria, propondo sanções, atualizando o Código, dissipando dúvidas sobre sua interpretação e exercendo função consultiva.

VAREJO: O SOBE E DESCE DAS VENDAS

Segundo o IBGE, no comércio varejista as vendas acumuladas de tecidos, vestuário e calçados, de janeiro a abril deste ano, registraram saldo positivo de 3,6%.

Mas a variação acumulada nos últimos 12 meses foi negativa em 15%. 

No setor de hiper e supermercados, houve uma redução de 1,5% de janeiro a abril deste ano, enquanto no acumulado dos últimos 12 meses o saldo é positivo em 3,9%.

ATENÇÃO! PETSHOP NÃO PODE FAZER CIRURGIA

Um alerta do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará (CRMV): petshops (lojas de produtos para animais) não podem realizar cirurgias.

Para que não haja dúvida, eis o que diz o presidente do CRMV-CE, médico veterinário Francisco Atualpa Soares Júnior:

“A cirurgia em pets é um procedimento permitido apenas em clínicas e hospitais, não podendo ser realizados em petshops, ambulatórios e consultórios. A cirurgia é um procedimento delicado que requer uma preparação prévia do animal, para que sejam avaliados os riscos, ambiente adequado, com as estruturas mínimas estabelecidas pelo CFMV e pela Anvisa, e que permita pós-operatório com acompanhamento médico-veterinário permanente até que o animal seja liberado”.

AGRICULTURA: PLANO SAFRA TEM R$ 251 BILHÕES

Com quase nenhuma cobertura da imprensa, o Ministério da Agricultura lançou terça-feira o Plano Safra 2021-2022, que disponibiliza R$ 251,2 bilhões em crédito para apoiar a produção da agropecuária nacional ao longo desse período.

Esses recursos significam R$ 14,9 bilhões a mais do que o volume oferecido para o financiamento da safra 2020-2021, segundo informa a Agência Brasil.

Novidade: do total anunciado, R$ 39,3 bilhões se destinarão, exclusivamente, para o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), ou seja, 19% a mais do que no ano passado.

O Programa Nacional de Apoio ao Médio Podutor Rural (Pronamp) terá R$ 34 bilhões.

Para o Custeio e Comercialização da safra foram reservados R$ 177,8 bilhões; para Investimentos, R$ 73,4 bilhões.

Houve aumento dos juros. 

No caso do Pronaf, os juros passarão de 2,75% ao ano para 3% ao ano, para a produção de bens alimentícios; e de 4% para 4,5% ao ano para os demais produtos.

Para o Pronamp, os juros serão de 5,5% ao ano para custeio e 6,5% para investimento.

Outra novidade do Plano Safra 2021/2022: ele prevê o financiamento para aquisição e construção de instalações para a implantação ou ampliação de unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes na propriedade rural, para uso próprio. 

Também serão financiados projetos de implantação, melhoramento e manutenção de sistemas para a geração de energia renovável.
 
O limite de crédito coletivo para projetos de geração de energia elétrica a partir de biogás e biometano será de até R$ 20 milhões.

O Proirriga, programa destinado ao financiamento da agricultura irrigada, terá R$ 1,35 bilhão, com juros de 7,5% ao ano. 
Já o Inovagro, voltado para o financiamento de inovações tecnológicas nas propriedades rurais, ficou com R$ 2,6 bilhões, e taxas de juros de 7% ao ano.

OTIMISMO NOS SUPERMERCADOS

Nidovando Pinheiro, presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), está otimista: ele crê que, neste ano, o setor supermercadista do varejo crescerá 4,5%, e cita como uma das causas o pagamento do Auxílio Emergencial e a antecipação do 13º salário. 

“Com a pandemia, foram intensificadas as refeições feitas do lar, o que impulsionou a compra de alimentos”, explica ele, acrescentando que essa perspectiva otimista vale também para 2022, prevendo um crescimento de até dois dígitos. 

 



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