Economia: Amorim aponta as vantagens do Ceará
O economista Ricardo Amorim, que falou ontem para industriais cearenses, citou o Observatório da Indústria, da Fiec, como plataforma importante para gerar dados à tomada de decisões. Mais: Ceará terá dupla vantagem com Projeto S. Francisco
Da rica palestra do economista Ricardo Amorim, que falou ontem, por vídeo conferência, para os empresários da indústria – um evento promovido pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), esta coluna pinçou algumas constatações do orador.
A primeira é a de que o Ceará dispõe hoje de uma vantagem competitiva no crescente e muito disputado mercado das energias renováveis, pois tem, em abundância, uma dádiva divina: o sol e o vento, que geram, gratuitamente, energia solar fotovoltaica e eólica, duas das fontes mais limpas do mundo sob o ponto de vista ambiental.
A segunda constatação de Ricardo Amorim é, igualmente, tão verdadeira quanto a primeira: o Ceará tem, também, vantagem competitiva na área da fruticultura, pois sua geografia se localiza numa região de alto índice de insolação, facilitando a cultura de frutas tropicais que gostam mais de sol do que de chuva.
Muito bem informado sobre a economia cearense e sobre os investimentos que as empresas estão a fazer aqui na aquisição e no desenvolvimento de novas tecnologias nas áreas da indústria, da agricultura, da pecuária e das energias renováveis, Amorim renovou sua aposta no futuro próximo do Ceará.
Ele ouviu do seu anfitrião, o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, a informação de que, dentro de cinco anos, o Ceará sediará um hub de produção de hidrogênio verde que mudará o perfil de sua economia e dobrará o tamanho do seu PIB, o que exigirá pesado investimento de uma empresa privada australiana, a Enegix Energy.
Entusiasmado pela informação, Ricardo Amorim sugeriu que o Ceará “capitaneie essa revolução nas energias renováveis”, incentivando a Geração Distribuída solar fotovoltaica e estimulando as pessoas, nas cidades e no campo, a produzir sua própria energia, consumindo-a e injetando-a na rede de distribuição.
Em seguida, e finalizando sua palestra, Amorim elogiou a Fiec e o seu Observatório da Indústria, ressaltado que a Indústria 4.0 depende hoje e dependerá amanhã de dados atualizados para a melhor análise e a correta tomada de decisão pelas empresas, e também neste setor o Ceará está na dianteira.
S. FRANCISCO: CEARÁ TERÁ DUPLA VANTAGEM
Não começaram, ainda, as obras de construção do Ramal do Apodi, que levará as águas do Projeto São Francisco de Integração de Bacias desde o Ceará até a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no Vale do Açu, no Rio Grande do Norte, mas elas já têm prazo para a sua conclusão e inauguração: o fim do próximo ano.
Isto quer dizer que as obras serão executadas na velocidade do frevo.
Enquanto isso, o projeto executivo do Ramal do Salgado, no Ceará, que encurtará em 128 quilômetros a viagem das mesmas águas desde a barragem do Jati até o gigantesco açude Castanhão, ainda está em elaboração, com a promessa do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) de que ele será licitado no segundo semestre deste 2021.
O Ramal do Apodi, que já tem recursos orçamentários assegurados, custará R$ 1 bilhão; o do Salgado, que deverá consumir algo como R$ 700 milhões, ainda não entrou no orçamento.
Calculam os técnicos do MDR que o Ramal do Apodi terá potencial para gerar 300 mil empregos diretos com as atividades econômicas que ele dinamizará, com foco na fruticultura empresarial para exportação.
No lado cearense, o Ramal do Salgado – que partirá do Km 52 do Ramal do Apodi em direção ao rio Salgado e daí para o Castanhão – permitirá o aproveitamento do Cinturão das Águas (CAC) para levar as águas do São Francisco até o rio Jaguaribe e daí até o açude Orós, com o que o Ceará será duplamente beneficiado (as águas já chegam ao Castanhão).
Mas, para que isso aconteça, cada uma das três estações elevatórias do Canal Norte terá de operar com três motobombas (hoje, só opera com uma, apesar de já terem duas instaladas), elevando a vazão para 50 metros cúbicos por segundo (hoje, a vazão do canal é de 11 metros cúbicos por segundo).
O investimento de R$ 1 bilhão a ser feito pelo MDR no Ramal do Apodi é essencial para o Ceará, pois suas águas também poderão chegar ao lado cearense da chapada de mesmo nome para garantir a irrigação do seu crescente polo de fruticultura e de produção de soja, algodão, trigo e sorgo.
Esta coluna voltará ao tema.
SELO DE QUALIDADE AMBIENTAL EM JERICOACOARA
Hoje, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semace) emite e entrega o Selo Empresa Sustentável a três estabelecimentos da cadeia produtiva do turismo de Jericoacoara, que, assim, terão uma, digamos assim, certidão oficial de qualidade ambiental.
O Selo Sustentável será entregue a duas pousadas – Vila do Vento e Chez Loran – e a um hotel, o Casa na Praia.
O secretário de Meio Ambiente, Artur Bruno, diz à coluna que esses estabelecimentos “colocam a questão ambiental como prioridade, e nossa expectativa é que mais empresas possam seguir esse exemplo e participarem de edições seguintes do Selo”.
A certificação terá validade de dois anos, podendo ser revogada caso o empreendimento não mantenha o padrão da certificação.
CHUVAS: MÊS DE MAIO TEM SIDO ATÍPICO
Fizeram bem ao açude Orós as últimas chuvas que desabaram sobre o sertão cearense.
Ontem, aquela barragem, a segunda maior do Ceará, cuja capacidade é de 1,9 bilhão de metros cúbicos de água, represava 524 milhões de metros cúbicos.
Este mês de maio, do ponto de vista da pluviometria, é atípico, com boas precipitações.
Mas a Funceme adverte: a tendência, daqui em diante, é de definitiva despedida da estação chuvosa.
OS IMPOSTOS ENCARECEM OS MEDICAMENTOS
Do presidente da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), cearense Sérgio Mena Barreto, durante uma longa entrevista que concedeu ontem, por vídeo conferência, para marcar o início das celebrações dos 30 primeiros anos da entidade:
“De cada R$ 100 em medicamentos comprados pelo consumidor brasileiro, R$ 36 correspondem a impostos que o governo cobra”.
Pois bem: para que todos nos lembremos de que a carga tributária no Brasil é uma das maiores do mundo, o CDL Jovem de Fortaleza promoverá no próximo dia 27 o Dia Livre de Impostos.
A CDL Jovem está mobilizando lojas físicas e virtuais a que se engajem na promoção, que oferecerá diferentes produtos com descontos de até 70% correspondentes aos impostos.
O objetivo do Dia Livre de Impostos é conscientizar o contribuinte, isto é, todos nós, para o fato de que há tributos em excesso e, em contrapartida, escasso serviço público prestado à sociedade.
Outro objetivo é despertar no contribuinte o desejo de lutar por uma urgente, inadiável reforma tributária, que, infelizmente, não faz parte das prioridades de senadores e deputados federais.
AECIPP TEM NOVOS DIRIGENTES
Eduardo Amaral, diretor financeiro (CFO) da Companhia de Cimento Apodi, assumiu a presidência do Conselho de Administração da Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
O ex-presidente do conselho, Ricardo Parente, que é gerente geral de Relações Institucionais, Comunicação e Relações com Comunidade sda CSP, assumiu a primeira vice-presidência.
Integram, também, a nova gestão da AECIPP Carlos Maia, da Termaco, segundo vice-presidente; e os secretários Gustav Costa, da EDP; Vítor Santos, da Aeris Energy; Fausto Tavares, da Phoenix do Pecém; e Marcus Guilherme Portela, da Unilink.
No Conselho Fiscal estão Carlos Alberto Alves, da Tecer; André Marcelo Magalhães, da APM Terminals; Cristina Lins, da Roca; e Yanni Pinheiro, da Unimed Ceará, suplente.
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA: MAIS UM LOBBY
Esta coluna recebeu ontem o comunicado a seguir, cuja origem é o movimento “Repense o Subsídio”, que trata do Projeto de Lei 5829, prestes a ser votado na Câmara dos Deputados, o qual cria o marco regulatório para a Geração Distribuída (GD) da energia solar fotovoltaica.
O “Repense o Subsídio” faz lobby contra a prorrogação do subsídio criado pela Aneel em 2012 para incentivar investimentos em energias solar e eólica no país.
O subsídio não faz mais sentido hoje, porque os custos de geração das energias renováveis caíram bastante, estando quase no mesmo nível dos da geração hidráulica.
A seguir, alguns trechos do comunicado enviado à coluna:
“O retorno para quem gera energia solar na modalidade de GD tem sido muito mais atrativo por causa dos subsídios, a que não têm direito as usinas solares e eólicas centralizadas.
“Há um desequilíbrio regulatório que tem gerado distorções de mercado e concorrência desleal. Embora o custo do megawatt/hora apresentado pelas usinas solares e eólicas centralizadas tenha sido o mais baixo dentre todas as fontes de energia elétrica nos últimos leilões regulados pela Aneel (chegando ao valor médio de R$ 84,39/MWh), o preço da energia solar na Geração Distribuída tem sido mais caro para o consumidor, em comparação com todas as demais fontes (chegando ao custo médio de R$600 por MWh)
“O mercado de energia solar e eólica centralizada no Brasil concentra-se, majoritariamente, na região Nordeste, onde estão 88% dessas usinas, sendo que a contratação média nos leilões desde 2010 tem sido de 2 mil MW/ano. Ao passo que 76% da energia solar na modalidade de GD estão nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
“Ocorre que, com a ampliação da injeção de mais energia solar distribuída no sistema, o mercado regulado vem reduzindo a aquisição da energia ofertada pelas usinas de fontes intermitentes (solar e eólica).
“Com o forte crescimento da GD, aliado à desaceleração da economia, o resultado é que não houve nenhuma contratação de energia solar ou eólica nos leilões em 2020 e 2021.”
Como observam, há lobby para todos os gostos.
BETÂNIA FINANCIA NOVILHAS PARA PROUTORES
Uma boa novidade! O Instituto Luiz Girão, braço social do Grupo Betânia Lácteos, promoverá amanhã, sexta-feira, 7, o primeiro evento de financiamento de novilhas, em parceria com o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi).
O evento, que será realizado na sede da Girão Agronegócio, em Limoeiro do Norte, integra o projeto do Instituto Luiz Girão para facilitar o acesso dos produtores de leite a financiamento de capital de giro com prazo maior de pagamento, para o que celebrou, em fevereiro passado, convênio com o Sicredi.
O encontro terá a participação de 15 produtores de leite que receberão financiamento para a compra de 75 novilhas.
O processo será extremamente simples: a linha de crédito para a compra dos animais dispensa apresentação de orçamento, plano ou projeto. O produtor rural apenas apresentará uma proposta simplificada indicando quantidade de animais que deseja adquirir e o valor a ser financiado.
David Girão, presidente do Instituto, informa: as novilhas terão o preço tabelado de R$ 8 mil e os criadores terão o prazo de até 24 meses para o pagamento. O Instituto pretende repetir o evento ao longo do ano e espera captar R$10 milhões para o financiamento de animais.
VACINAÇÃO: FASE 3 COMEÇA SEM TERMINAR FASE 2
Andrea Passos, leitora desta coluna, transmite mensagem, na qual diz o seguinte:
A Secretaria Municipal de Saúde da PMF não cumpre o PNI (Programa Nacional de Imunização.
“Iniciaram a vacinação das pessoas com comorbidades -fase 3 - sem que tenham concluído a fase 2.
“Sou gerente de um laboratório de patologia em Fortaleza, somos 30 funcionários que trabalhamos ininterruptamente por todo este período de pandemia e nos sentimos indignados com o desprezo pelos profissionais de saúde.
“Parece-me que a PMF quer mostrar eficiência, dizendo que já avançaram para a fase 3, sem que tenham concluído a fase 2.”
A propósito: milhares de idosos acima de 60 anos, que tomaram há mais de um mês a primeira dose da Coronavac e que estavam agendadas para a segunda dose na semana passada, estão agora sem informação de quando isso acontecerá.
TIM QUER COMPRAR USINAS DE ENERGIA RENOVÁVEL
Novidade! Numa iniciativa voltada para a Geração Distribuída de energia, a TIM está recebendo propostas para adquirir usinas de fontes renováveis em todo o país.
A operadora busca plantas de menor capacidade, mas que – combinadas – abastecerão aproximadamente 7 mil antenas e lojas em 11 Estados brasileiros, com volume total de 14GWh por mês.
A empresa antecipa-se ao futuro próximo das energias renováveis.
PETRÓLEO APROXIMA-SE DOS US$ 70
Estão em alta os preços do petróleo. O do barril do tipo Brent, negociado em Londres, aproxima-se dos US$ 70.
Causa: otimismo com a maior procura pelo óleo e a queda dos estoques da matéria-prima nos EUA, o que aponta um aumento do consumo, sinal de que a economia norte-americana avança.
Mas há preocupações com a Índia – terceiro maior consumidor mundial de petróleo, atrás dos EUA e China – onde sobem os casos de infecção pela Covid-19 e se reduz o consumo de petróleo.