DIscursos de Trump mostram soberba e arrogância

Falando para seu público interno de apoiadores, o 47º presidente dos EUA comportou-se como se no mundo só existissem a Nação e o povo norte-americanos

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 05:42)
Legenda: Donald Trump transmitiu, nos seus discursos de posse, uma atitude soberba e arrogância, desprezando as outras nações do mundo
Foto: Getty Images via AFP

Ao tomar posse ontem da chefia do governo dos EUA, Donald Trump fez dois pronunciamentos – o primeiro no Capitólio, o segundo na arena onde se reuniram 20 mil apoiadores – cujo conteúdo revelou arrogância e soberba, como se no mundo só existissem a Nação e o povo norte-americanos.

Trump foi arrogante quando, diante do seu antecessor, Joe Biden, sentado ao lado, disparou ataques ao governo que sucedia. E foi soberbo quando disse, com outras palavras, que mandará tropas para a fronteira do México, que mudará o nome do Golfo do México para Golfo da América e que retomará o Canal do Paraná, que, segundo ele, está sendo operado pelos chineses.  O México e o Panamá, tradicionais aliados dos EUA, são nações soberanas, independentes e democráticas.

O presidente do Panamá, José Raúl Molino, reagiu imediatamente às declarações de Trump, reafirmando que o Canal do Panamá pertence e continuará pertencendo ao governo panamenho”.

Depois, Trump assinou atos administrativos, dois dos quais tiveram imediato impacto mundial: os Estados Unidos estão abandonando a Organização Mundial de Saúde, a OMS, e o Acordo Climático de Paris, uma péssima notícia para o Brasil, organizador da COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, que se realizará em novembro em Belém do Pará.

No salão oval da Casa Branca, que é o gabinete de trabalho do presidente dos EUA, Trump, novamente soberbo e arrogante, disse aos jornalistas que os países latino-americanos “precisam de nós, nós não precisamos deles; todos precisam de nós”. Mas afirmou que espera ter boas relações com o Brasil.

Na área da economia, os mercados operaram ontem no azul porque o governo de Donald Trump decidiu não avançar, agora, com novas tarifas para produtos importados, aliviando as expectativas de que haveria a taxação de mercadorias da China, do Canadá, da Europa e da América Latina. Essa taxação haverá, mas em doses homeopáticas, segundo o Wall Street Journal.

Os preços do petróleo experimentaram alta, nos últimos dias, e o do tipo Brent, referenciado pela Petrobras, está sendo negociado nesta terça-feira, 21, na Bolsa de Londres a US$ 79 por barril, com viés de alta, tendo em vista que Donald Trump já anunciou que sua prioridade é furar o chão dos EUA em busca de mais petróleo, desprezando as energias renováveis, como a eólica. Neste ponto, Trump caminha na contramão do mundo, que investe na geração de energias limpas, principalmente a solar fotovoltaica e a eólica.

Na energia solar, é a China a grande protagonista, pois é sua indústria que produz 90% dos painéis geradores de energia captada dos raios do sol, e isto não agrada a Donald Trump, que prefere investir nas energias de origem fóssil, como o petróleo.

Donald Trump jogou ontem para a sua plateia, para o seu público interno de apoiadores. Veremos como ele se comportará a partir de hoje diante dos interesses dos grandes países e do novo cenário geopolítico. Mas tudo o que tornou oficial ontem, Trump prometeu na sua campanha. Mas ainda falta muito do que foi prometido.