Construtoras viabilizam projetos da Prefeitura nos bairros de Fortaleza

Para construir edifícios de 50 andares, as empresas da construção civil contribuem para um fundo que banca obras na periferia da cidade. A drenagem do bairro Bom Jardim é um exemplo

Legenda: Recursos da Construtora Colmeia, que finaliza seu edifício One (foto) bancaram obras da PMF na periferia desta capital
Foto: Divulgação

Se realmente existisse e hoje visitasse Fortaleza, o mítico personagem inglês Hobin Hood, famoso ladrão que roubava dos ricos para dar aos pobres, aplaudiria os gestores da Prefeitura de Fortaleza que permitiram, por meio de contrapartidas legais, a construção de mega arranha-céus residenciais em algumas áreas desta bela cidade. 

Veja também

A arquiteta e urbanista Águeda Muniz, ex-secretária de Urbanismo da PMF, cita, por exemplo, o que chama de “boa e socialmente inclusiva solução” a troca de investimentos que permitiu ao governo municipal executar o projeto de drenagem do bairro Bom Jardim, algo que desafiava as administrações anteriores. 

“Uma grande empresa construtora ergueu um edifício residencial de 50 andares na área de influência da Avenida Beira Mar, garantindo, como contrapartida, os recursos necessários à execução do projeto do Bom Jardim, que beneficiou milhares de pessoas do bairro”, lembra ela.

Da mesma maneira – recorda ela – o Grupo João Carlos Paes Mendonça (JCPM), ao implantar seus dois shoppings RioMar no Papicu e no bairro Presidente Kennedy – contribuiu forte e decisivamente para o redesenho da paisagem de dois espaços importantes do tecido urbano e social da cidade.

No Papicu, houve a revitalização de uma área que enfrentava problemas de degradação. Hoje, graças aos investimentos privados feitos não só pelo Grupo JCPM, mas também por várias construtoras, o Papicu ganhou vida, e sua população passou a ter, a poucos metros de casa, um equipamento que lhes garantiu uma gama de serviços públicos (há um posto do Detran, um Vapt Vupt, por exemplo) e ainda espaços culturais, como teatro, cinema e galerias de arte.

A mesma coisa aconteceu com a construção do RioMar Kennedy, em cujo entorno surgiram, imediatamente depois de sua inauguração, uma completa mudança para melhor na vida da população do bairro, que ganhou loteamento de alto padrão, novos espaços públicos e novos negócios comerciais. 

Neste momento, constroem-se edifícios residenciais de 50 andares nas proximidades do Ideal Clube. Estão, pois, asseguradas mais contrapartidas das empresas construtoras para os investimentos em infraestrutura social e ambiental da Prefeitura em bairros da periferia de Fortaleza.

É essa Parceria Público Privada que, na opinião de Águeda Muniz -- diretora de Relações Institucionais da Ceará Ambiental, uma empresa do grupo Aegea, o maior do país na área do saneamento -- remete à mítica figura de Hobin Hood (tira dos ricos da Aldeota para dar aos mais necessitados da periferia), uma analogia que se alargará com o próximo início das obras de ampliação do sistema de saneamento básico de Fortaleza, que, por enquanto, segue tendo 65% de sua área urbana saneada, o que é pouco para a quinta maior cidade brasileira em população.