China devagar e expectativa do Copom derrubam a Bolsa

Mercado aguardava um pacote de estímulos do governo à economia do país, mas ele não veio. E no Brasil é certa a manutenção da Selic em 13,75%, mas com viés de baixa

Legenda: Economia brasileira precisa de juros mais baixos para acelerar seu crescimento
Foto: Kid Júnior / Diário do Nordeste

Ontem, terça-feira, foi um dia negativo para a Bolsa de Valores brasileira B3, que fechou em queda. Foi uma queda muito leve, de apenas 0,2%, aos 119.622 pontos. Durante o dia, ela chegou a operar abaixo dos 119 il pontos, mas no final do pregão reduziu as perdas. 

O dólar, por sua vez, subiu o,43%, fechando o dia cotado a R$ 4,79.

Houve dois motivos mais destacados para a queda da Bolsa B3 ontem. O primeiro foi a decepção dos mercados internacionais com as recentes medidas do governo da China, cujo Banco do Povo, que é o Banco Central de lá, reduziu os juros de sua economia, mas em percentual muito abaixo do esperado.

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Além disso, o governo chinês havia prometido um pacote de medidas para estimular a economia do país, e esse pacote não veio. Os mercados acompanham a situação na China, cuja economia não cresce com a velocidade esperada.

Resultado: caíram os preços do minério de ferro e, na boleia dessa queda, veio a desvalorização das ações da Vale, que ontem recuaram mais de 2%, assim como os papeis da CSN e da Gerdau.

O segundo motivo foi e continua sendo a expectativa em torno do que decidirá nesta quarta-feira, 21, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, a respeito da taxa de juros Selic. A expectativa é a de que a maioria dos nove integrantes do Copom vote pela manutenção da taxa Selic nos atuais 13,75%, mas mandando um sinal claro de que na reunião do próximo mês de agosto iniciará um ciclo de redução dos juros.

Assim, o mercado aguarda com ansiedade o comunidado que será divulgado após a reunião, o qual trará os sinais do que acotecerá a partir de agosto.

De qualquer maneira, haverá protestos a favor e contra a decisão que o Copom anunciar hoje. Os protestos contrários virão do governo, a começar do próprio presidente Lula, que está hoje em Roma, onde se encontra com o Papa Francisco, em audiência privada no Vaticano, sede da Igreja Católica. 

Além de Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também manifestará seu protesto contra a manutenção da taxa Selic, assim como o farão líderes do empresariado. Ontem mesmo, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, o mineiro Robson Andrade, disse que já existem as condições para o início agora da queda dos juros.

A propósito: ontem, o economista Gabriel Galípolo foi exonerado do cargo de secretário Executivo do Ministério da Fazenda. Ele já foi indicado pelo presidente Lula e pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad para ocupar a diretoria de Política Monetária do Banco Central, devendo ser sabatinado pelo Senado Federal no próximo dia 28, a quarta-feira da próxima semana. Gaípolo é o nome já escolhido pelo governo para assumir a presidência do Banco Central quando o atual presidente, economista Roberto Campos Neto, concluir seu mandato em 2022.

E, para terminar: o Senado Federal deve votar hoje à noite a proposta do arcabouço fiscal, cujo texto foi modificado pelo relator da casa, senador Omar Aziz. Essa modificação, mesmo que aprovada, forçará a volta da proposta para nova apreciação da Câmara dos Deputados, que aceitará ou rejeitará o que foi mudado.

E o que foi mudado não é pouca coisa. Por exemplo, não serão considerados como gastos as despesas com o Fundeb, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, o Fundeb, que é presidido pela ex-secretária da Fazenda do Ceará, Fernanda Pacobayba.