Os fatos da política interna estão movimentando os pregões da Bolsa de Valores brasileira B3. Depois de haver caído 5% nos prehões de segunda e terça-feiras, a Bolsa fechou ontem em boa alta de 1,12%, aos 105.334 pontos. O dólar, por sua vez, manteve a estabilidade, fechando nos mesmos R$ 5,45 com que fechara na terça-feira.
Por que a Bolsa B3 subiu?
Primeiro, porque o ministro da Casa Civil, Rui Costa, desautorizou o seu colega da Previdência, Carlos Lupi, que é presidente do PDT, que, na terça-feira, dissera que o governo vai rever a antirreforma da Previdência. Rui Costa negou não só que o governo pretenda rever a Reforma da Previdência, como também adiantou que não está na agenda a revisão da Reforma Trabalhista.
Segundo, porque o futuro presidente da Petrobras, Jean Paul Prates disse aos jornalistas que não está no seu radar fazer uma intervenção na atual política de preços da Petrobras, e explicou que sua ideia de investir mais para elevar a capacidade de refino da estatal “não significa construir novas refinarias”.
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As declarações do ministro Rui Costa e de Jean Paul Prates deram injeção de otimismo aos investidores, que responderam imediatamente: as ações da Petrobras logo entraram em alta e essa alta deveria ter sido, mas não foi porque o preço do petróleo no mercado internacional desceu, mais uma vez, e desceu fortemente, com queda de 5%. O petróleo do tipo Brent, negociado pela Bolsa de Lonfdres, está sendo negociado por volta de US$ 80 o barril.
As ações ordinárias da Petrobras, aquelas com direito a voto, subiram 1,67%, enquanto as preferenciais aumentaram seu valor em 3,18%. Ações preferenciais são os papeis cujos portadores, embora não tendo direito a voto, têm, porém, preferência na hora de receber dividendos.
Mas essas boas notícias transmitidas pelo ministro da Casa Civil e pelo futuro presidente da Petrobras não acalmaram o mercado como um todo. Há grandes investidores que seguem desconfiados em relação à política fiscal do governo Lula, que recebeu do Congresso Nacional carta branca para gastar até cerca de R$ 200 bilhões fora da Lei do Teto de Gastos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad tem insistido em que o governo fará duros cortes no orçamento para evitar que se confirme a previsão de que neste exercício de 2023 haverá um déficit primário – ou seja, sem incluir as despesas com os juros da dívida – que pode chegar a R$ 220 bilhões.
A desconfiança do mercado é sustentada pelas declarações feitas pelo próprio presidente Lula no dia de sua posse, quando chamou o teto de gastos de “uma estupidez”. A Lei de Responsabilidade Fiscal, batizada de Lei do Teto de Gastos, foi aprovada no Governo Temer, imediatamente após o impeachment da presidente Dilma, acusada, exatamente, de fazer pedaladas fiscais, isto é, de gastar além do permitido.
Na opinião dos economistas, uma revisão da Reforma da Previdência elevaria os gastos públicos, ao mesmo tempo que uma mudança na política de preços da Petrobras reduziria a receita do Governo da União, que é o acionista majoritário da estatal e, por isto mesmo, o maior beneficiário pela distribuição de dividendos da empresa. E uma mudança na Reforma Trabalhista oneraria o custo do emprego para as empresas privadas.
No front externo da economia, as notícias apontam para uma desaceleração da economia global ao longo deste ano, o que tem impacto instantâneo nas empresas que, como as do Brasil, produzem e exportam commodities como soja, milho, algodão e petróleo, cujos preços tiveram queda durante o dia de ontem.
Resumindo: na quarta-feira, 4, o mercado deu, digamos assim, um refresco ao governo.
No fim do dia, informou-se que o presidente Lula determinou aos seus 37 ministros que qualquer declaração que possa repercutir na economia deve ser, antes, comunicada ao Palácio do Planalto, que examinará se ela deve ser feita ou não.
E mais: o presidente Lula convocou todo o ministério para uma reunião amanhã, no Palácio do Planalto.
Será a primeira reunião do governo inteiro. A reunião servirá para alinhar o discurso e as ações do governo, que, de segunda-feira até ontem, só bateu cabeça.
CORECON-CEARÁ TEM NOVO PRESIDENTE
Mudança no comando do Conselho Regional de Economia do Ceará, o Corenon. Os economistas Igor Lucena e Davi Azim Filho foram eleitos terça-feira – pelos seus colegas cearenses – presidente e vice-presidente da entidade, respectivamente.
O mandato da dupla é de um ano. A data da posse será anunciada nos próximos dias, assim como a relação dos demais integrantes do Corecon-Ceará ainda serão divulgados.
Numa mensagem a esta coluna, Igor Lucena disse: “É com muito orgulho que assumo a presidência do Conselho Regional de Economia do Ceará com o desejo de contribuir para o debate em torno das políticas econômicas e de desenvolvimento”.
Por sua vez, o vice-presidente disse: “Nosso maior propósito é o de potencializar a valorização da classe e colaborar com a sociedade”.