Brasil torna-se maior produtor de algodão do mundo.

Cotonicultura brasileira, usando a mais alta tecnologia disponível e todo o conhecimento científico disponível, supera a dos EUA, China e Índia na exportação de pluma. O Ceará aproveita a onda para retomar a produção algodoeira

Legenda: No Ceará, o cultivo do algodão cresce, principalmente na Chapada do Apodi e no Sertão Central, mas vai chegando também ao Cariri, no Sul do Estado
Foto: Divulgação

Em 2030, de acordo com projeções do Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil deveria alcançar a posição de maior exportador mundial de algodão.  Pois bem, na última segunda-feira, 1, deste 2024, ou seja, seis anos antes do previsto, o Brasil tornou-se líder mundial da da exportação de algodão. 

Para Alexandre Schenkel, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), a causa do sucesso da cotonicultura brasileira é uma só: investimento na tecnologia e no desenvolvimento sustentável da atividade algodoeira. Na mesma linha vai o presidente da Associação dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, ao dizer que esse êxito se deve à decisão do empresariado de investir em pesquisa científica.

O que acima está revelado deve servir de mote estimulador dos produtores de algodão do Ceará, que ainda são poucos, mas portadores de muita força, vontade e capital para fazer deste estado um polo nacional da cotonicultura, assim como é o Oeste da Bahia, em cuja geografia está o município de Luiz Eduardo Magalhães – chamado de LEM pelos fazendeiros baianos – onde o progresso está, também, nas cidades do seu entorno, em cujas ruas não há pedintes. Lá o que há é o pleno emprego e a boa segurança pública, como dizem à coluna cearenses que, por dever de ofício, vão e vêm de lá.

Vale lembrar que há 20 anos o Brasil era um grande importador de algodão. Hoje, a cotonicultura brasileira, assim como todo o agronegócio do país, é a maior e a melhor do mundo.

O engenheiro cearense Sergio Armando Benevides Filho – executivo da Têxtil União, empresa do Grupo Casa dos Ventos, controlada por Mário Araripe, e com fábricas em Maracanaú (CE) e Valença (BA) – não tem dúvida de que a cotonicultura do Brasil ainda crescerá mais, porque novos investimentos estão sendo feitos na ampliação da área cultivada, na redução dos custos de produção, no uso das novas e modernas tecnologias e na conquista de novos mercados.

Benevides ressalta algo que é essencial para o êxito de quem, no Ceará, está investindo e pretende investir na plantação do algodão: o uso de boas e bem selecionadas sementes, para o que a Embrapa Algodão deve ser e já é uma grande aliada; a correção do solo; e as boas práticas agrícolas. Ele disse que alguns produtores cearenses já fazem isto, razão pela qual aposta no êxito do projeto de retomada do cultivo do algodão no Ceará, que, juntamente com São Paulo, liderou a produção algodoeira nacional nos anos 50 e 60 do século passado.

Agora, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos, a China e a Índia, tornando-se o primeiro exportador de algodão. A colheita da safra brasileira de 2023/2024 alcançou 3,7 milhões de toneladas, pouco maior do que as 3,5 milhões de toneladas previstas, o que levou o país à liderança mundial do mercado exportador algodoeiro.

São números que estimulam o governo do Ceará e sua liderança empresarial, representada pela Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), a implementar o ousado projeto de retomada da cotonicultura no estado a que já se dedicam grandes e pequenas empresas e, ainda, de maneira voluntarista, produtores da Agricultura Familiar, que enfrentam dificuldades, principalmente as ligadas à carência de assistência técnica.

A Faec, por meio do capítulo cearense do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), tem prestado essa assistência técnica aos pequenos produtores filiados aos seus Sindicatos Rurais, que passarão a ter, também, o apoio da Fertsan, empresa cearense de tecnologia que criou e desenvolveu produtos que fazem crescer em 30% as plantas do algodoeiro e sua produção. Com a Fertsan, a Faec celebrará um acordo que prevê o uso de sua tecnologia pelos grandes e pequenos cotonicultotres do Ceará.

Pelo que até aqui foi apurado, esta coluna pode informar que estão mesmo de mãos dadas a Federação da Agricultura (Faec), o governo do Ceará e os empresários da cotonicultuira com um só objetivo: fazer do Ceará outra vez um protagonista da produção de algodão, para o que bastará replicar o exemplo do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Luiz Eduardo Mahalhães. 

Os primeiros passos já estão sendo dados, e todos na direção certa.

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