Bolsa sobe com valorização da Petrobras. O dólar desce para menos de R$ 5.

Estatal esclarece que criação de reserva de remuneração do capital é para garantir pagamento de dividendos, e o mercado gostou. No Senado, Reforma Tributária patina, e isto preocupa o ministro Fernando Haddad

Legenda: A Bolsa de Valoores B3 voltou a operar em alta, após seis dias de baixa, puxada pelas ações da Petrobras e Vale
Foto: Nelson Almeida

Finalmente, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou ontem em alta, uma alta moderada, de 0,87%, aos 113.761 pontos.

O dólar, por sua vez, caiu, e caiu para menos de R$ 5, encerrando o dia cotado a R$ 4,99, uma queda de 0,46%.

A subida da Bolsa B3 teve várias causas, e uma delas foi a valorização das ações da Petrobras, que na véspera haviam perdido mais de 6% e ontem valorizaram-se 1,6%. A direção da Petrobras explicou ontem que a proposta de criação de uma reserva de remuneração do capital, já aprovada pelo Conselho da empresa, é para garantir recursos destinados, unicamente, ao pagamento de dividendos, como disse à agência Reuters o CFO da estatal, Sérgio Caetano Leite. Isto acalmou o mercado e levou à valorização das ações da Petrobras.

Também as ações da Vale registraram valorização diante de mais notícias procedentes da China, cujo governo renovou a promessa de que fornecerá mais estímulos ao mercado imobiliário chinês.

Outro fato que ajudou a boa performance da Bolsa B3 foram os balanços das grandes corporações norte-americanas, que vieram com resultados positivos acima do que esperava o mercado. A Coca-Cola, a General Motors e a Spotify registraram bons lucros, assim como a Microsoft e a Alphabet, dona do Google.

O lucro da Microsoft, no trimestre julho-agosto-setembro foi de US$ 22,3 bilhões, enquanto o da Alphabet foi de US$ 19,6 bilhões. Como se vê, a economia norte-americana, mesmo com juros altos, segue forte.

Aqui no Brasil, na área da política e da economia, as atenções voltam-se para o Congresso Nacional, onde a Reforma Tributária patina, preocupando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad e, mais ainda, os agentes econômicos. 

A questão é a seguinte e tem tudo a ver com o exercício financeiro de 2024: o governo, que tem agora um Arcabouço Fiscal, quer zerar o déficit orçamentário no próximo ano, algo que todos os economistas, sem exceção, consideram impossível. Para conseguir esse objetivo, o governo terá de alcançar uma receita extra de R$ 168 bilhões, e ninguém, nem o governo, sabe como isso será possível.

A proposta de Reforma Tributária, que está tramitando a passos de tartaruga no Senado, está sendo alvo de pressão de vários grupos de interesse, que desejam ou ter isenção tributária, ou redução de tributos. O relator da reforma, senador Eduardo Braga, espera apresentar seu relatório hoje ou amanhã, mas isto também parece complicado, exatamente por causa das pressões, que chegam de diferentes setores da economia, principalmente da área industrial.

Daqui a dois meses, o Congresso entrará em recesso, sobrando muito pouco tempo para a discussão e a votação da matéria, que é vital para o governo e para a economia do país. O pior é que o governo não mostra a mínima disposição em reduzir seus gastos, que continuam subindo. A opinião que reina em Brasília é a de que o ministro Fernando Haddad rema para um lado e o resto do governo rema para outro. 

Enquanto isso, o Centrão age para conquistar mais espaços no governo. Liderado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, o Centrão está exigindo, simplesmente, todo o comando da Caixa Econômica, ou seja, sua presidência e suas diretorias. 

Resumindo: a política e os políticos e seus interesses pessoais estão atrapalhando a economia.

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