Ontem, foi mais um dia ruim para a Bolsa de Valores brasileira, a B3. Ela fechou em leve queda de 0,27%, aos 112.350 pontos. O dólar, por sua vez, encerrou o dia cotado a R$ 5,19, com recuo de 0,15%, ou seja, quase na estabilidade.
A causa dessa nova queda da Bolsa foram o mau humor do mercado em relação ao cenário interno da economia e a situação dos grandes bancos, que estão diante da possibilidade de tomar um grande prejuízo com o escândalo da Americanas, que pediu Recuperação Judicial depois de aparecer, surpreendentemente, em suas contas um rombo inicial que R$ 20 bilhões, que depois dobrou para R$ 40 bilhões.
A queda de ontem só não foi maior porque as ações da Petrobras valorizaram-se novamente, beneficiadas por mais boas notícias procedentes da China, cuja economia dá novos sinais, e sinais fortes, de recuperação, provocando o aumento dos preços das commodities, entre as quais o minério de ferro e o petróleo.
Os operadores do mercado estão otimistas com a boa perspectiva da economia chinesa, cujo governo já cancelou todas as restrições que existiam por causa da pandemia da Covid-19, devolvendo à normalidade a vida da população do país e as suas atividades econômicas.
A China tem um mercado de 1,4 bilhão de consumidores e é para ele que se voltam as atenções do mundo todo.
Também ajudaram a amenizar o pregão as ações das redes de lojas Magalu, que, tirando proveito da péssima situação da concorrente Americanas, subiram 5,76%, e da VIA, dona da Casas Bahia e do Ponto Frio, que se valorizaram 8,37%.
No pregão de ontem da Bolsa brasileira, as ações do Bradesco e do Banco Itaú, dois dos bancos atingidos pelo escândalo da Americanas, seguiram caindo. As do Bradesco recuaram 4,23% e as do Itaú, 3,07%.
Além da Americanas, o mercado financeiro sofre também com as notícias da política. Prova disto foi o Boletim Focus do Banco Central, que aumentou sua previsão de inflação para este ano, que era de 5,39% há uma semana e subiu ontem para 5,48%.
O mercado financeiro não gostou das declarações do presidente Lula, que em Buenos Aires, onde se encontra em visita oficial à Argentina, disse que o BNDES voltará a ajudar os países latino-americanos, sem levar em conta a precária situação fiscal brasileira.
O Orçamento do Brasil para este ano tem um déficit de R$ 231 bilhões e isto não é compatível com as novas promessas do governo.
Na visita que faz à Argentina, o presidente Lula e seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltaram a falar na criação de uma moeda comum para o comércio entre os países do Mercosul.
Essa moeda comum, se vier mesmo a ser criada, será usada no fechamento das exportações e importações dos países que integram o Mercosul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Ou seja, as moedas nacionais, como o real brasileiro e o peso argentino, continuarão circulando.
A Argentina, ao contrário do que disse o presidente Lula, vive uma crise econômica sem precedentes. Para começar, sua inflação beira os 100%. O país tem poucas reservas em moeda estrangeira e por isto enfrenta dificuldades para importar produtos do estrangeiro, inclusive do Brasil. É por isto mesmo que nasceu a ideia de criação do Sistema de Pagamentos em Moeda Local, que será motivo de estudos dos dois governos pelos próximos meses.
Os analistas entendem que a Argentina será beneficiada pelo novo sistema, mas o Brasil terá benefícios maiores. A Argentina é o maior parceiro comercial do Brasil na América Latina.
Lula permanece hoje na Argentina e amanhã seguirá para o Uruguai.