Bancos centrais unem-se para salvar o mercado financeiro mundial

UBS compra Credit Suisse e acalma o mercado. FED e BC do Brasil fixarão novas taxas de juros. Lula vai à China em momento favorável. E o chinês Xi Jiping chega a Moscou para apoiar Putin.

Legenda: Bancos centrais do mundo uniram-se para salvar o mercado financeiro mundial em crise
Foto: Shutterstock

Esta será uma semana de bons e esperados eventos na área da economia. Para começar, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, o Copom, começará amanhã, terça-feira, sua reunião periódica para fixar as novas taxas básica de juros Selic. 

No mesmo dia, o Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, também iniciará sua reunião com o mesmo objetivo: estabelecer os novos juros da economia norte-americana. As duas reuniões terminarão no que o mercado chama de super quarta-feira.  

Nos Estados Unidos, a expectativa é de que o FED aumente em 0,25% a taxa de juros de lá. Mas, diante da crise que atinge o mercado financeiro, com a falência de três bancos, entre os quais o Silicon Valley Bank, a aposta passou a ser numa possível redução dos juros em 0,25%.

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Aqui no Brasil, a aposta é de que a Selic será mantida nos atuais 13,75%, taxa que está vigendo desde agosto do ano passado. O governo do presidente Lula pressiona o Banco Central no sentido de que ele reduza, pelo menos em 0,25 pontos percentuais, a taxa de juros, mas a previsão de que o Copom mantenha a Selic, sendo fiel à sua posição de monitoramento da política fiscal do governo.

Na mesma super quarta-feira, será divulgada a prévia de inflação do IPCA-15 relativa ao presente mês de março. Esse índice é elaborado pelo IBGE. Os economistas do Banco Itaú estão prevendo uma elevação de 0,67% do IPCA, resultado do efeito do aumento dos preços da gasolina, que foi reonerada com PIS e Cofins, e da energia elétrica, sobre a qual voltou a incidir o ICMS.

E nesta semana, finalmente, deverão ser divulgadas as linhas centrais do novo arcabouço fiscal, com o qual o governo Lula pretende substituir o teto de gastos. Há muita expectativa em torno documento, em torno do qual se reunirão hoje, de novo, o presidente Lula, seu ministro da Fazenda e mais os ministros com gabinete no Palácio do Planalto.  

No front externo, esta semana começou com a notícia, divulgada ontem à noite, de que o UBS, um dos maiores bancos da Suíça, comprou por US$ 3,2 bilhões o Credit Suisse, o segundo maior banco daquele país, que estava ameaçado de falência. Essa aquisição foi feita por pressão do governo suíço, que, segundo as informações, trabalhou para estancar uma crise que ameaçava todo o sistema financeiro europeu. 

A fusão do USB com o Credit Suisse criou um banco que administrará recursos avaliados em US$ 5 trilhões em ativos. 

Mas a compra do Credit Suisse pelo UBS ainda não acalmou o mercado financeiro europeu, que está abrindo nesta segunda-feira em baixa. Na Ásia, as bolas, inclusive as chinesas, fecharam a segunda-feira em queda.

Nos Estados Unidos, há grande expectativa no mercado, o que sinaliza para um dia muito agitado na área da banca em todo o mundo.

Outra boa notícia que alegrou o mundo financeiro mundial no domingo à noite foi a de que os bancos centrais do Canadá, do Japão e do Reino Unido e mais o Banco Central Europeu e o Federal Reserve, que é o Banco Central dos Estado Unidos, uniram-se com o objetivo de reforçar a liquidez do mercado, em dólares.

O anúncio dessa união foi feito pelo Banco Central Europeu em comunicado ao merca ontem à noite.

As operações em dólares que esses bancos centrais realizavam semanalmente passam a ser feitas diariamente, a partir de hoje, segunda-feira, valendo até o fim do próximo mês de abril, de acordo com o que disse Christine Lagarde, presidente do BCE, sigla do Banco Central Europeu.

No próximo sábado, o presidente Lula iniciará uma viagem à China, a primeira que faz no seu atual governo. Levará com ele uma comitiva de mais de 100 empresários e mais ministros e governadores. 

Lula espera tirar proveito do momento atual da geopolítica mundial para consolidar a boa posição do Brasil no que tange às relações comerciais com os chineses. 

A China é o principal sócio comercial do Brasil. 

Hoje, a relação da China com os Estados Unidos estão enfrentando dificuldades que envolvem questões políticas, econômicas, tecnológicas e de defesa.

Os chineses apoiam a Rússia na guerra com a Ucrânia, pelo menos do ponto de vista diplomático, e o próprio presidente Xi Jiping chegou hoje em Moscou, iniciando uma visita de Estado que, na prática, é a reiteração da aproximação dos dois países.

Deve ser lembrado que o presidente russo, Vladimir Putin, esteve sábado na Ucrânia, numa visita surpreendente à região de Donbass, ocupada pela Rússia. Putin quis mostrar ao mundo que uma parte da Ucrânia já pertence à Rússia. E essa posição política de Putin está sendo, nesta segunda-feira, apoiada pelo seu parceiro chinês Xi Jiping. 

Os chineses olham com olhos de interesse para o Brasil. A China tem avançando em seus investimentos na geografia brasileira nas áreas de energia renovável, petróleo e gás e quer avançar em outras áreas, principalmente no agronegócio.